Em plena fase das comemorações que marcam o Natal e a passagem de ano, não é fora de propósito comemorarmos mais um ano de inegável sucesso da Cooperativa de Macuco, que, para uns, é um modelo, para outros, um exemplo de empresa bem administrada. E eu faço coro com essas afirmativas, reconhecendo, como todos os que vivem o dia a dia do setor, que a nossa cooperativa tem, sim, dado, ao longo de todos esses anos que Sílvio Marini e Walter Tardin estão à sua frente, exemplos bastantes claros de que o sistema cooperativista de produção é absolutamente viável, e pode ser, sim, competitivo e eficaz na medida em que ele vai muito além de processar e comercializar o leite que recebe de seus produtores, ou mesmo qualquer outro produto de origem rural que lhe possa ser entregue, em qualquer tempo e a qualquer hora. É preciso que reconheçamos que em muitos lugares a experiência falhou, porém, nunca por pecados do sistema e muito mais pela inexperiência de seus administradores; em alguns casos, pela incompetência em outros e até mesmo pela falta de participação no processo por parte dos produtores associados.
Uma antiga discussão existente na cúpula do sistema questiona se não é por causa da falta de informação que permeia a relação dos associados com a instituição a causa principal do afastamento ou do alheamento dos produtores na hora das decisões que devem ser tomadas nas assembleias gerais, que eles não comparecem por não entenderem que são os donos do negócio e não simples fornecedores, sem responsabilidades quanto ao funcionamento da empresa cooperativa.
No estado do Rio, o exemplo acima se encaixa como uma luva, até porque o cooperativismo rural nasceu de cima para baixo à época de Getúlio Vargas, quando Amaral Peixoto era o interventor nomeado pelo sogro. No final dos anos 30, do século passado, o nosso estado era povoado de pequenas usinas que processavam o leite recebido dos produtores, transportados em latões de capacidade para até 50 litros em lombo de burros, que era a paisagem conhecida por quem viveu aquela época.
Com condições tão precárias, quer com o tipo de transporte, quer com as dificuldades e desconhecimento de determinadas características para preservação de sua qualidade, inúmeras vezes o leite era desclassificado e, por isso, o produtor ficava no prejuízo. Como não se conformavam com a decisão, a reação contra os donos de usinas chegou até às autoridades, que viam na implantação do sistema cooperativista a solução exatamente porque, com isso, o simples fornecedor passaria a ser dono. Acontece que a mudança foi feita de cima para baixo e os produtores não foram informados de que precisavam, pelo menos, saber o que era cooperativismo e como ele devia funcionar. O resultado é que, como as bases do funcionamento continuaram as mesmas, até hoje muitos deles não sabem, ou não querem saber, que eles são os donos, mas que têm de assumir o direito de propriedade com os bônus e os ônus dessa condição.
Isso também aconteceu em Macuco, mas, hoje, graças a uma administração que entendeu, assimilou e trabalhou no sentido de aparar arestas e mudar conceitos, transformou a cooperativa em um exemplo a ser imitado. Que administradores e produtores tenham tido um bom Natal e que o Ano Novo seja sem novidades e sem crises.
*Joel Naegele é vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), membro da Câmara Setorial de Agronegócios da Alerj e assessor de Indústria e Comércio da Prefeitura de Cantagalo.