Roberto da Cunha, trineto de Euclydes: “Tive a pior sensação ao chegar mais uma vez e a casa estar fechada”

O trineto do escritor Euclides da Cunha, Roberto da Cunha Póvoa Júnior esteve visitando a cidade de Cantagalo, acompanhado da sua esposa, a advogada Vania Lúcia Lopes de Carvalho e de sua filha Juliana Carvalho da Cunha Póvoa, de 11 anos, no dia 25 de janeiro deste ano.

Euclides da Cunha era triavô de Roberto da Cunha Póvoa Júnior. Ele já trabalhou na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária. Mora em Niterói e atualmente trabalha como socorrista no Serviço de Assistência Municipal de Urgência (SAMU), em São Gonçalo.

Roberto manifestou o interesse em assumir a direção da Casa Euclides da Cunha, em Cantagalo, pois estaria disposto a cuidar do acervo do escritor e jornalista.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Região, o trineto do escritor cantagalense, lamenta o fechamento da Casa Euclides da Cunha em Cantagalo.

 

 

Jornal da Região (JR) – Como é a sensação, e até responsabilidade, de ser parente de um dos maiores escritores brasileiros?
Roberto da Cunha Póvoa Júnior (RCPJ) – A sensação só pode ser a melhor, pois ter em minha família um ser humano que foi: engenheiro, professor, filósofo, historiador, sociólogo, jornalista, engenheiro, geógrafo, poeta e Patrono da cadeira de nº7 da Academia Brasileira de Letras devido a sua Obra Prima, que foi o livro “Os Sertões”, onde descreveu com a mais pura sensibilidade os reais fatos e acontecimentos da sangrenta guerra de Canudos, sendo esta considerada uma das obras mais emblemáticas de Euclydes da Cunha e representa um marco da literatura na História do Brasil.

JR – Os direitos autorais do livro “Os Sertões” estão com quem da família? Vocês recebem pela venda do livro?
RCPJ – Não, já caiu em domínio público há muito tempo.

JR – Por que você visitou a Casa Euclides da Cunha em Cantagalo?
RCPJ – Fui visitar a casa, pois a minha filha, Juliana da Cunha, não conhecia e era um desejo dela de muito tempo.

JR – Como foi a sensação de saber que o museu em Cantagalo continua fechado há muitos anos pelo governo do Estado?
RCPJ – Tive a pior sensação ao chegar mais uma vez e a casa estar fechada. Agradeço ao Matheus, assessor de Cultura do município de Cantagalo por ter feito a gentileza de ter aberto a Casa para que eu e minha família pudéssemos entrar e, ao entrar, tive mais uma péssima surpresa. Encontrei vários livros em uma sala jogados ao chão, frutos de uma doação, porém nenhum deles foram catalogados e estão se deteriorando, porque não existe funcionário para cuidar do local, pois o Estado não manda ninguém para cuidar do local.
Existe um móvel de madeira onde se encontram vários livros, sendo um deles a primeira edição de “Os Sertões” de 1902. Ocorre que este móvel está quebrado e desta forma o ar penetra no interior dele e está deteriorando os livros.

JR – Qual sua opinião sobre a intenção da prefeitura de Cantagalo em conseguir a doação da Casa Euclides da Cunha para o município?
RCPJ – Se for para melhor manutenção da casa, concordo.

JR – Você tem uma filha de 11 anos, Juliana Carvalho da Cunha Póvoa, que carrega o nome do escritor Euclides da Cunha. Ela já tem noção e comenta este parentesco?
RCPJ – Sim. Ela tem muito orgulho de ser a tataraneta mais nova do Euclydes da Cunha e sempre na escola faz menção a isso, conhece a história dele, tem noção do conteúdo do livro, e é muito interessada sobre tudo o que diz respeito a ele.

JR – Você esteve em Cantagalo, quando foi trazido o encéfalo de Euclides da Cunha para a cidade. Conte como foi esta decisão da família em trazer para sua terra natal?
RCPJ – Sim. Eu tinha 8 anos de idade e fui levar o encéfalo com minha avó Norma da Cunha, neta de Euclydes da Cunha. Inclusive foi eu quem locou a urna no local. O encéfalo do meu triavô estava jogado embaixo de uma pia junto com cérebros de primatas no museu.
A intenção da família era deixar encéfalo e ossos juntos em São José do Rio Pardo. Cantagalo reivindicou por ele ser filho da terra. Para não criar animosidade entre as duas cidades, a família, através de Joel Bicalho Tostes, permitiu que o encéfalo fosse para a Casa Euclidiana mediante a algumas exigências. Uma, que havia dúvida de como seria cuidado.

 

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