Quem passa pela Rodovia RJ-160 tem uma visão da bela paisagem de uma fazenda com um lindo casarão de arquitetura que remete a traços da antiguidade clássica grega e romana, com doze colunas frontais. Trata-se do Palacete do Gavião.
Construída em 1860, a mansão foi uma das propriedades do Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, que, no séc. XIX, foi comerciante de escravos e dono de mais de dez fazendas de café na região. O projeto arquitetônico neoclássico foi realizado pelo arquiteto alemão Carl Friedrich Gustav Wehneldt, o mesmo que projetou o Palácio do Catete, atual Museu da República, que foi residência do Presidente Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. No Museu da República há um quadro em que o Antônio Clemente Pinto registrou seus principais projetos e edificações.
“Na obra, o barão está sentado com sua esposa em pé, e, ao fundo, há uma janela da qual se vê o Palacete do Gavião em seu projeto original. Ao lado, há uma maquete do Catete e, acima, na parede, a Chácara do Chalé, hoje o Country Clube. E Antônio Clemente desenrola um pergaminho onde está registrado a estrada de ferro de Cantagalo, com o traçado dela”, informa o vereador, professor e pesquisador João Bosco de Paula
No interior do palácio, existiam pinturas a óleo de pintores franceses, candelabros, dentre outros objetos preciosos de decoração. O espaço já hospedou o imperador Dom Pedro II e sua filha, princesa Isabel, quando visitaram a região. Na fazenda, também há uma capela com um quadro datado de 1882, com a autorização escrita, à mão, de Dom Pedro II e do bispo do Rio de Janeiro, permitindo que fossem rezadas missas na região. O palácio é tombado pelo município, mas é de propriedade privada e não está aberto à visitação. Está situado na RJ-160.
Nas redes sociais, vários comentários sobre a importância histórica do Palacete Gavião tem sido feito ultimamente.
O cidadão Jorge Garrat pediu providências sobre o prédio. “Até quando este patrimônio histórico cultural de Cantagalo ficará abandonado, esquecido? Até quando? Deveria ser tombado pelo município, para que não acabe. Dado a grandiosidade de sua importância histórico cultural, para que um dia não possamos lamentar esta perda!”, ponderou. Ele pede também que os candidatos a prefeito tomem uma atitude para defender a preservação do Palacete do Gavião. “Que algum pré-candidato a prefeito compre esta briga e lute por ele. Deveria ser tombado pelo município e transformado num museu da história de Cantagalo. Vamos pressionar, através das redes sociais!”, conclama Jorge Garrat.
Já Ricardo Pereira estranha o abandono do prédio. “Isso é um mistério que jamais será desvendado. Ninguém sabe porque sempre esses políticos em Cantagalo tiveram tanto receio de brigar pela desapropriação da Fazenda do Gavião. Por isso a cidade estará sempre com seu crescimento interrompido, infelizmente”, afirmou ele no facebook.
Matheus Zanon Figueira comenta sobre a possibilidade de tombar o Palacete do Gavião como patrimônio histórico: “Quando estava trabalhando com uma vereadora no Rio, tentamos colocar o Palacete como tombado pelo INEPAC. Os muitos processos trabalhistas inviabilizam qualquer iniciativa”, informa.