Com avaliação inicial estimada em R$ 7 milhões, o leilão é consequência de ação movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o produtor Pedro Pitta Neto, um dos proprietários da fazenda e que figura como réu no processo, que inclui acusações de manutenção de condições subumanas de trabalho na fazenda, assemelhando-se a trabalho escravo. O processo está na justiça há cerca de dez anos.
Integram o leilão, conforme o edital, várias benfeitorias, hoje praticamente abandonadas, o que inclui o famoso Palacete do Gavião (foto), um dos cartões postais de Cantagalo e que, por muitas vezes, foi alvo de discussões de autoridades, historiadores e pesquisadores, que viam a necessidade de tombamento do local como patrimônio histórico-cultural, o que acabou não sendo feito até hoje.
Construção de 1860, o palacete surgiu com o projeto de construção do ramal ferroviário de Cantagalo, desativado na década de 1960. O prédio foi projetado pelo alemão Carl Friedrich Gustav Waehneldt, o mesmo arquiteto que projetou o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro.
A edificação foi construída como uma das residências de Antônio Clemente Pinto, o Barão de Nova Friburgo, na época em que Cantagalo era importante centro produtor de café da era colonial. A construção encontra-se numa espécie de colina, entre arvoredos e pomares, e tem estilo neoclássico brasileiro.
Prefeitura quase desapropriou parte da fazenda
A Prefeitura de Cantagalo quase desapropriou parte da Fazenda do Gavião para, entre outros projetos, a construção de um parque de eventos.
Segundo o prefeito Guga de Paula (PP), o processo só não foi adiante porque ele foi alertado pelo Ministério Público do Trabalho que a Ação Civil Pública movida na justiça culminaria no leilão agora marcado, o que prejudicaria a Prefeitura, caso adquirisse qualquer parte da fazenda.
Entre outras despesas, a arrecadação proveniente do leilão público deverá ser destinada a indenizações trabalhistas.