Entre os eventos que as indústrias cimenteiras promoveram na região, os Jogos Estudantis da Mauá, que acabou ficando conhecido como as Olimpíadas da Mauá, marcaram época, principalmente dos jovens que estudavam na região.
O músico e administrador Jalme Pereira, que na época trabalhava na Cimento Mauá, foi um dos mentores e organizadores destes Jogos Estudantis, realizados nas cidades, envolvendo alunos das redes públicas estadual e municipais, e também da rede privada das cidades de Cantagalo, Cordeiro, Macuco e dos distritos de Boa Sorte e Euclidelândia (Cantagalo). Nesta entrevista, Jalme Pereira conta um pouco desta experiência.
Jornal da Região (JR) – COMO SURGIU A IDEIA DE REALIZAR OS JOGOS ESTUDANTIS DA MAUÁ NA REGIÃO?
Jalme Pereira (JP) – Na época, eu me lembro bem, o propósito era aproximar a indústria das pessoas da região. Integrar a produção com a história de vida das pessoas que, diariamente, faziam tudo acontecer e, principalmente, trazendo oportunidades, esperança e desenvolvimento para nossos jovens. No final das contas, devolvendo para a comunidade uma parte de tudo que ela nos dava.
Jornal da Região – FOI ENVOLVENDO ALUNOS DE CANTAGALO E CORDEIRO? LEMBRA QUANTOS ALUNOS PARTICIPARAM?
Jalme Pereira – Pois então, envolvemos todos alunos da rede pública (estadual e municipal) e privada, do ensino médio, de Cordeiro, Cantagalo, Macuco, Boa Sorte, Euclidelândia, entre outros. Na primeira edição, que liderei junto com uma equipe maravilhosa de colaboradores da Cimento Mauá (que guardo com muito carinho em meu coração), foram cinco mil alunos. Não vou citar nomes aqui, para não esquecer de ninguém. Mas eles foram incríveis! Tomara que ao ler esta reportagem eles possam reviver, emocionalmente, a felicidade daqueles momentos.
Jornal da Região – QUANTAS OLIMPÍADAS FORAM REALIZADAS E EM QUE ANOS?
Jalme Pereira – Eu participei intensamente da primeira edição, que ocorreu em 1992 ou 1993, não tenho tanta certeza assim, a idade é um problema sério (rsrsrsrs). Na segunda edição, eu já havia me transferido para a sede da Lafarge, no Rio de Janeiro e participei do encerramento como convidado.
Jornal da Região – VOCÊ ACHA QUE EVENTOS ASSIM, DEPOIS DA PANDEMIA, PODERIAM RETORNAR?
Jalme Pereira – Eu acho que poderiam retornar sim. Acho que os prefeitos da região, as indústrias e o comércio, junto com a educação, poderiam se unir e realizar algo em nome de um futuro melhor para seus jovens. O incentivo ao esporte, a música, a pintura, o desenho, enfim, a cultura de um modo geral, diz muito do que é, pensa e faz uma comunidade e tem uma enorme capacidade de mudar a vidas das pessoas e gerar riquezas. Eu teria um enorme prazer em ajudar isso acontecer novamente.
Jornal da Região – QUEM APOIAVA OS EVENTOS? A FÁBRICA PATROCINAVA SOZINHA OS EVENTOS?
Jalme Pereira – Todos apoiaram. A Cimento Mauá, logicamente, patrocinou uma parte, porém teve investimento de todo mundo. Quando tivemos a visão dos jogos estudantis, começamos a compartilhar isso com os professores de educação física, com outros professores das redes e com os diretores das escolas de ensino médio. Depois conversamos com prefeitos, secretários de esportes, associação de moradores e com os próprios alunos, nas salas de aula. É impressionante, todos se engajaram de peito aberto na proposta. Tivemos a oportunidade de ajudar a construir grandes memórias e experiências que ficarão guardadas, para sempre, na mente de muita gente. Entre os momentos mais emocionantes para mim, por exemplo, posso citar a solenidade de abertura e encerramento do evento. As duas cidades, Cantagalo e Cordeiro, trabalharam forte e fizeram coisas sensacionais. Sem contar que a comunidade abraçou totalmente a proposta. Lembro, até hoje, do campo do Cantagalo, do parque de exposições e das quadras das cidades repletas de torcedores. Na verdade, gente com esperança de um mundo melhor.