No final do seu segundo mandato como prefeito de Cantagalo, em 2000, o Prefeito Wilder S. de Paula inaugurou a usina de reciclagem de lixo, contando com a presença do Deputado Federal Francisco Dornelles, político que conseguiu benefícios para a maioria dos municípios do interior fluminense.
Wilder escolhera um local próximo ao bairro Novo Horizonte (BNH), argumentando que a usina ofereceria empregos para os moradores daquela localidade. A oposição, por sua vez, criticava a escolha do local, alegando que a proximidade da usina de lixo só serviria para levar doenças para os moradores do BNH.
A usina foi inaugurada e funciona muito bem até hoje. Já foi motivo de reportagem em rede de TV do Rio de Janeiro, como solução para o destino do lixo urbano.
Na edição 1.555, o Jornal da Região publicou um pequeno relatório da Secretaria do Meio Ambiente, com o resultado do trabalho da usina de reciclagem durante o ano de 2020. A nota estava na última página do referido semanário e, talvez, não tenha sido lido por grande parte dos leitores, pois poucas pessoas gostam de ler notícias de governos. Como a julguei importantíssima, resolvi escrever sobre a mesma.
Vejamos o que o relatório demonstrou:
- Em 2020, a usina recebeu 4.578.890 toneladas de lixo.
- Produziu 1.751.000 toneladas de adubos, repassados aos agricultores.
- Obteve 898.690 toneladas de substâncias para processamento.
- Recolheu 67.200 litros de óleos vegetais.
- Produziu 52.710 toneladas de bagaços, enviados para Lafarge-Holcim.
- Recolheu 324.000 toneladas de objetos eletrônicos inúteis.
Os números mostrados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável me surpreenderam.
Vinte anos depois, o Prefeito Wilder de Paula está sepultado no cemitério municipal, os críticos da usina de reciclagem mergulharam no ostracismo político e Cantagalo, graças a esse extraordinário trabalho da usina, continua sendo um dos municípios mais limpos do estado do Rio de Janeiro.
Júlio Marcos Carvalho é médico e já foi vereador do município de Cantagalo.