De acordo com o prefeito eleito, problemas se arrastam pelas últimas três décadas e investimentos foram deixados de lado por brigas políticas internas
“Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”. O prefeito eleito de Nova Friburgo, Rogério Cabral (PSD), não culpa apenas a tragédia climática ocorrida em janeiro de 2011 e os dissabores políticos vividos pelo município como fatos geradores da queda na qualidade de vida do friburguense e pelos momentos mais difíceis enfrentados na maior cidade do Centro-Norte Fluminense, com mais de 180 mil habitantes. Segundo ele, o problema vem se arrastando por décadas, o que levou o município a perder sua própria identidade, que precisa ser resgatada com um trabalho que não necessita apenas do poder público, mas da participação de todos.
De acordo com Rogério Cabral, há cerca de 30 anos, Nova Friburgo possuía a segunda rede hoteleira do estado, só perdendo para o Rio de Janeiro. Hoje, este posto pertence a Macaé, na Região Norte fluminense. “Tínhamos uma identidade turística e industrial, que perdemos com o passar dessas últimas três décadas”, destacou, acrescentando que a forte indústria instalada na cidade, aliada ao impulso do turismo, alavancavam o desenvolvimento, que teve investimentos importantes deixados de lado por causa de brigas políticas internas. “Isto aconteceu justo no momento em que o País e o mundo passavam por grandes mudanças econômicas”, disse o prefeito eleito.
Como uma das estratégias de governo, Rogério Cabral pretende reposicionar Nova Friburgo, pelo menos nas áreas que poderão sofrer influência pública. Ele pretende remapear a cidade para descobrir quais são as novas vocações e que tipos de negócios o município mais demanda, abrindo, de forma técnica e centrada, novos horizontes na história friburguense. Na área de turismo, por exemplo, a intenção é se voltar à realização de vários eventos menores, mais familiares. “A verdade é que tudo está interligado. Não há como se falar em solução de problemas isolados”, disse.
Durante o ‘Encontro com os Eleitos’, evento promovido pelo JORNAL DA REGIÃO, em Cantagalo, no último dia 9 de novembro, Rogério Cabral esteve conversando com o vice-governador do estado, Luiz Fernando Pezão, um dos palestrantes do encontro, quando acertou uma audiência, provavelmente no Rio de Janeiro, para tratar da execução de vários projetos a partir de janeiro de 2013.
Conforme o prefeito eleito, na pauta estarão a instalação de um condomínio industrial, a construção de um centro de convenções, a implantação do Hospital do Câncer, que será regional, a revitalização de acessos entre o Centro da cidade e o distrito de Conselheiro Paulino, entre outras propostas.
No entender de Rogério Cabral, a Prefeitura terá que fazer a sua parte, começando por resolver os problemas do pós-tragédia, em parceria com os governos estadual e federal, e criar as condições necessárias, como infraestrutura urbana, para que novos investimentos e a revitalização dos já existentes possam ocorrer, alavancando novamente a economia da cidade, que sofreu um grande baque.
A expansão geográfica da cidade, incluindo a criação de novos bairros e a interligação entre os já existentes, são outras propostas do prefeito eleito, que quer cumprir o que prometeu em campanha. “O que disse em campanha não é apenas propaganda política, é verdade e quero cumprir”, informou. Neste sentido, ele destaca o que chama de ‘Projeto Novos Caminhos’, que terá como meta melhorar o trânsito na cidade, abrindo novas possibilidades de tráfego e tirando boa parte do fluxo da Avenida Roberto Silveira e do Paissandu. Novas ligações serão oferecidas, como a que está prevista entre Ponte da Saudade e Olaria. Os projetos das avenidas Nossa Senhora do Amparo e dos Ferroviários serão colocados em prática, além de cobrar da Rota 116, concessionária que administra a RJ-116, que corta o Centro de Nova Friburgo, as obras da Avenida Brasil.
Outro investimento que melhorará o trânsito em Nova Friburgo virá do Governo do Estado, que anunciou investimentos na Estrada do Contorno, que terá 42 quilômetros, entre Nova Friburgo e Bom Jardim (Mury ao trevo de acesso a Duas Barras), na RJ-116, passando por duas estradas vicinais de Bom Jardim – BJ-18 e BJ-34. Essa estrada vai tirar do Centro de Nova Friburgo todo o tráfego que não tem nada a ver com a cidade, que não tem a cidade como destino. O projeto topográfico, cadastral, viário e estrutural da rodovia já foi autorizado pelo Governo do Estado e está orçado em R$ 848,5 mil.