Funcionários da Cipac estão sem receber desde outubro do ano passado

Os funcionários reclamam de abandono pelos diretores da Cipac, que, atualmente, pertence a um grupo industrial de Poços de Caldas (MG), que teria outras quatro fábricas, também de papel. Sem receber seus salários desde novembro – o último foi pago em outubro de 2012 –, além do 13º salário do ano passado, eles não sabem mais o que fazer para resolver o problema, que se arrasta sem que a diretoria apresente uma solução. “Não conseguimos informações suficientes, porque desde que o grupo assumiu a empresa, toda a contabilidade foi transferida para Poços de Caldas. Nós não temos acesso aos papéis e não temos a exata noção do que está acontecendo”, reclamaram alguns funcionários do escritório local da indústria, que, este ano, já enfrentou paralisação das atividades dos funcionários, em forma de protesto.

Agora, para piorar, a Cipac, que emprega cerca de 180 funcionários – já foram 240 –, está paralisada por falta de energia elétrica. A Ampla, concessionária de energia elétrica que atende a cidade, cortou o fornecimento após a falta de pagamento. A dívida, somente com a concessionária, já ultrapassaria os R$ 500 mil, segundo os funcionários. Vários contatos foram tentados com a diretoria, mas não houve retorno. Outras informações, embora extraoficiais levadas por funcionários, são de que há cerca de R$ 2 milhões em títulos protestados, além de dívidas com bancos. O montante total da dívida, também sem informação confirmada, beiraria os R$ 14 milhões.

Embora ainda muito desencontradas, as notícias também dão conta da existência de, pelo menos, duas ações movidas por fornecedores e que solicitam à Justiça a decretação de falência da empresa. Também há a informação de que a Companhia Paduana de Papéis (Copapa), de Santo Antônio de Pádua, no Noroeste do estado do Rio de Janeiro, proprietária anterior da Cipac, teria interesse em reassumir a indústria, mas que não consegue sentar à mesa para negociar com o atual proprietário.

Funcionários também afirmam que, embora a produção esteja paralisada, há, no pátio da empresa, cerca de R$ 300 mil em produtos, prontos para serem comercializados. “Estamos muito preocupados com tudo, não apenas com a nossa situação, mas com a da empresa. Não queremos ver a Cipac fechada, temos uma história de amor pela fábrica, muitas pessoas passaram suas vidas inteiras lá dentro, têm um relacionamento emocional com o trabalho. É uma pena vermos tudo parado e em vias de se deteriorar, inclusive o próprio prédio”, disseram alguns dosa funcionários na conversa com o prefeito.

Como o poder público não pode interferir na iniciativa privada, o prefeito Saulo Gouvea propôs outras formas de interferência aos funcionários. “O que não podemos é ficar de braços cruzados enquanto uma indústria tão importante para Cantagalo está à beira de fechar as portas, jogar por água abaixo a sua tradição e, pior ainda, desempregando centenas de famílias e criando um enorme problema social. Estamos aqui para sermos parceiros e nos comprometermos a fazer de tudo para que a questão seja solucionada o mais breve possível. Só não podemos é injetar recursos públicos na empresa, mas temos convicção que podemos auxiliar de outras formas”, prometeu.

Saulo Gouvea informou que já conversou com a Ampla, que acenou com a possibilidade de religamento da energia, desde que haja a possibilidade de um acordo de parcelamento, por exemplo. O prefeito também sugeriu que os funcionários formem uma comissão de representantes para, na próxima semana, ir à Prefeitura com os devidos contados dos proprietários da empresa. “Vamos tentar falar com eles novamente. Caso não consigamos ou que a posição deles não agradem a vocês, que já não confiam neles mesmo, o jeito é partir para uma conversa mais técnica com a Assessoria Jurídica da Prefeitura, que os orientará a respeito dos primeiros passos a serem dados na direção de ações trabalhistas”, destacou Gouvea.

Durante o encontro, o prefeito, que ouviu atentamente os funcionários da indústria, também ofereceu os serviços da Secretaria de Assistência Social. “Estamos colocando à disposição de vocês tudo o que nós, enquanto poder público, podemos fazer. Façam cadastros na Secretaria de Assistência Social, pois falarei com a secretária (Jussara Figueira de Paula) a respeito das nossas demandas e, se necessário, enviaremos mensagem à Câmara Municipal solicitando a aprovação de crédito suplementar para atender a esse tipo de emergência. Aqueles que estiverem em dificuldades também poderão recorrer ao programa Aluguel Social, que também é oferecido pela Prefeitura. Temos o Legislativo ao nosso lado, estamos trabalhando juntos para o bem-estar de Cantagalo”, explicou Saulo Gouvea.

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