‘Temos grandes projetos que poderão ser desenvolvidos em quatro ou oito anos’

 


 

JR – Como é ser prefeito de um município como Cantagalo?

SG – Ser prefeito é muito prazeroso quando se luta por um ideal, com o firme compromisso de aproveitar a oportunidade dada, principalmente por Deus e pelo povo, de fazer políticas sérias, voltadas exclusivamente para o nosso bem-estar social, com igualdade, sem prestigiar pessoas ou grupos, olhando com maior atenção para aqueles que mais dependem do poder público. Fazemos uma política diferenciada e, contando com a participação da população, do empenho de todos os secretários, assessores e funcionários, orgulhosos e conscientes servidores públicos municipais que somos, participamos efetivamente do desenvolvimento de  nossa cidade.

 

JR – Quais foram as dificuldades nestes primeiros meses?

SG – A burocracia excessiva, que deve existir na medida certa, mas que torna muito lenta a máquina pública. Porém, o grande problema e desafio que enfrentamos é a folha de pagamento, recebida bem acima do limite prudencial, sendo que, com apenas 15 dias de governo, fomos notificados pelo TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro). Tal situação nos obrigou, em respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, a tomar medidas indesejadas, porém, necessárias, tais como exonerações de cargos de confiança e alguns outros cortes. Outro grande problema, apesar da onerosa folha de pagamento, é a falta de pessoal em diversos setores. “Montaram a máquina, mas esqueceram do piloto”.

 

JR – Um pequeno resumo destes primeiros meses de governo?

SG – Estamos trabalhamos duro. Já viajei duas vezes a Brasília e uma infinidade de vezes ao Rio de Janeiro em busca de recursos financeiros para o município, pois pouco podemos fazer somente com os recursos próprios. Na Saúde, não faltam remédios, a atenção primária (Programa Estratégia de Saúde da Família) e o hospital funcionam melhor e já dispomos de recursos para ambiciosos projetos na área.

Na Educação, ampliamos o número de escolas de horário integral e, além do Polo Cederj/UAB (Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Aberta dom Brasil), que oferece cinco cursos universitários, cursos técnicos já estão sendo implantados, tais como o de segurança no trabalho, através do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica). Temos, também parceria com o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), com mais três cursos de capacitação gratuitos – auxiliares administrativo, de recursos humanos e financeiro contábil. Reformamos escolas e adquirimos um belo terreno em Santa Rita da Floresta, segundo distrito, para a construção de um prédio para a Escola Municipal Professora Lúcia Helena Pinheiro do Couto.

Depois de anos de omissão de governos anteriores, o bairro São José terá a sua tão sonhada creche. Na infraestrutura do município, calçamos algumas ruas e temos projetos e recursos para a urbanização de bairros inteiros. Patrolamos, com eficiência, mais de 300 quilômetros de estradas vicinais e recuperamos uma infinidade de bueiros, além de máquinas e caminhões que não funcionavam.

Na Assistência Social, atendemos a todos com igualdade e o Programa Federal ‘Minha Casa, Minha Vida’ já se encontra em fase de implementação. Estamos licitando uma grande quantidade de materiais de obra para atender aos mais carentes. Temos consciência de que muito há por fazer e o faremos com determinação e compromisso.

 

JR – A escolha de seu secretariado foi praticamente técnica, conforme afirmou durante sua posse. Já dá para fazer uma avaliação desta escolha e como o meio político o aceitou?

SG – Se conseguirmos aliar política e técnica, muito bem. Caso contrário, prestigiaremos sempre a escolha técnica.

 

JR – Qual sua avaliação sobre o carnaval deste ano?

SG – Carnaval de paz, carnaval da família cantagalense.

 

JR – Como será a comemoração dos 200 anos de emancipação política de Cantagalo?

SG – Estamos focados nas comemorações do bicentenário de Cantagalo, nas quais, além de grandes shows, contaremos com manifestações culturais, políticas e sociais, resgatando nossa história e projetando o futuro.

 

JR – Recentemente, esteve em Brasília, participando de encontro dos novos prefeitos. O que de positivo pode trazer para Cantagalo?

SG – Conhecimento, uma vez que a minha vida é um eterno aprendizado.

 

JR – Esteve também participando das comemorações dos 10 anos de governo PT em São Paulo, com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Sendo prefeito do PT, como tem sido o relacionamento de sua administração com o Governo Federal?

SG – Bom. Não esquecendo do excelente relacionamento com o deputado federal, amigo de Cantagalo, Luiz Sérgio (PT), que sempre lutou e continua lutando por nossa cidade.

 

JR – O trabalho patrocinado pelo Instituto Votorantim com relação ao saneamento básico no município prevê investimento de quase R$ 20 milhões. Como pretende viabilizar a realização desta obra?

SG – Esse plano prevê que sua execução se estenda pelos próximos dez anos. Estamos buscando recursos junto ao Governo Federal, através da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), para que antecipemos este prazo. Apesar de termos apresentado um projeto excelente, o qual já foi aprovado preliminarmente, existem rumores de que para todo o estado do Rio de Janeiro só sejam disponibilizados cerca de R$ 80 milhões. De qualquer forma, já estamos contemplando, em nosso Plano Plurianual, recursos próprios no valor de R$ 5 milhões, e estamos trabalhando, junto à Funasa, para que a totalidade dos recursos correspondentes ao nosso projeto selecionado seja aportada. O próximo desafio é bem mais fácil, ou seja, a licitação para a realização de um sonho de todos nós: acabar com a vala negra que corta toda a cidade há anos.

 

JR – Existe algum outro grande projeto que vá deixar sua marca na administração do município?

SG – Temos grandes projetos que poderão ser desenvolvidos em quatro ou oito anos. Nesses primeiros meses, estamos na fase de elaboração de projetos e aporte de recursos. Em breve, nossas ações práticas ficarão evidentes.

 

JR – Tem participado de sessões itinerantes da Câmara Municipal, além de ter comparecido à abertura do ano legislativo. Como está sendo seu relacionamento com a Câmara de Vereadores?

SG – Democrático. Elegemos bons vereadores e temos certeza que todos legislarão pelo bem de nosso município, desconsiderando interesses ou caprichos pessoais ou de alguns que pensam serem donos do município.

 

JR – A estimativa do IBGE é de que Cantagalo terá a mesma população daqui a 20 anos. O município teve queda no índice da Firjan, caindo da 51ª para a 83ª posição no estado, nos dados de 2010. Como analisa estes fatos e o que pretende fazer para mudar esta situação?

SG – A situação não é boa, mas temos informação que a Firjan teve acesso a alguns indicadores que não correspondiam à realidade, porém, algumas medidas mudarão este cenário, tais como criação de novos cursos superiores e técnicos, implantação de um distrito industrial, entre outras. O recém-criado Consórcio Intermunicipal de Saúde reuniu dez municípios do mesmo porte, fortificando a saúde, a economia e a política regional.

 

JR – A Cipac (Companhia Industrial de Papéis Cantagalo), que já empregou mais de 100 pessoas em Cantagalo, está passando por uma crise financeira. No ano passado, uma confecção em Santa Rita da Floresta (segundo distrito), que chegou a empregar 40 pessoas, também passou por dificuldades. O que o Governo Municipal pode ou está fazendo para tentar amenizar tais situações, que estão gerando desemprego no município?

SG – Estamos procurando qualificar mão de obra com a implantação de novos cursos técnicos e, em parceria com o Poder Legislativo, gerar incentivos fiscais para a implantação de pequenas e médias empresas em nosso município. Encontra-se, também, em fase de estudos, a criação de um polo industrial e do Centro Administrativo Municipal.

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