O crescimento da floricultura no estado do Rio de Janeiro nos últimos anos, além da expansão das áreas de plantio e diversificação da produção, revela também uma tendência verificada em outros segmentos no país: o aumento da presença da mão de obra feminina.
Em 2004, de acordo com o primeiro censo da floricultura no estado, realizado pela Emater-Rio (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro), apenas 20% dos empregos permanentes gerados na floricultura eram ocupados por mulheres. Segundo Nazaré Dias, coordenadora do programa Florescer, da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária, 40% do total dos 18 mil postos de trabalho gerados atualmente na cadeia da floricultura no território fluminense têm a participação feminina. O percentual é quase o dobro do registrado em todos os setores da agricultura no estado, de acordo com o Censo Agropecuário do IBGE.
– O aumento é visível tanto nas áreas de produção, onde esposas e filhas de produtores tradicionais no setor atuam no plantio, pós-colheita e gerenciamento do negócio, quanto no mercado de ornamentação, com 80% do trabalho desempenhado por mulheres. São profissionais vindas de outras áreas, que migraram para a floricultura vislumbrando oportunidades – acrescenta Nazaré Dias, lembrando que cerca de 570 mulheres trabalham na produção de flores e outras 2,7 mil no restante da cadeia produtiva.
O detalhismo, perfeccionismo e a paciência para trabalhos repetitivos que exigem cuidados especiais são apontadas como fatores positivos para a atração destas profissionais registrada nos últimos anos no segmento.
Luciene Nunes Notaro, de 37 anos, é uma delas. Com o marido e um irmão, divide a rotina da produção de bocas de leão, crisântemos, margaridas, palmas e chuva de prata, entre outras, na localidade Vargem Alta, em Nova Friburgo. A produção mensal de quase 40 mil hastes de flores, que sai do sítio da família para o mercado da Cadeg, no Rio de Janeiro, tem participação de Luciene do plantio à comercialização.
Determinada e de olho na chance de obter maior lucro, a produtora faz planos para o futuro. “Quero investir na ampliação das estruturas de produção e diversificar o mix, com variedades de maior valor agregado”, afirma a produtora, que também faz parte da diretoria da Afloralta (Associação dos Agricultores Familiares e Amigos da Comunidade de Vargem Alta). Nas 900 floriculturas cadastradas junto ao Sindicato de Floristas do estado, o cenário não é diferente. Além do atendimento nas lojas, o trabalho das mulheres cria, ainda, oportunidades para outras trabalhadoras.