Rio sob tensão

Na qualidade de quem acompanha a segurança pública no Rio há 28 anos, a percepção que tenho é que estamos dentro de um caldeirão que está fervendo e pode transbordar a qualquer momento. A falta de planejamento para uma etapa seguinte da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), aparentemente está aparecendo agora, com o aumento considerável da criminalidade.

Os últimos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), divulgados semana passada, comprovam que o número de assassinatos, roubos a coletivos, pedestres, veículos e estabelecimentos dispararam, num reflexo claro do momento conturbado em que vive a segurança do estado. Já foram mais de 30 UPPs instaladas, no entanto, a migração dos bandidos, que, até então, ocupavam tais comunidades, ficou descontrolada e a onda de criminalidade no asfalto se acentuou. Esse impacto pode ser percebido na violência em toda a cidade, além da Baixada Fluminense e Região dos Lagos, que tem recebido esses novos “moradores”.

Além disso, por conta de inúmeras manifestações, oriundas das mais variadas frentes da sociedade, o clima na cidade ficou tenso, com a sensação constante de que haverá um novo quebra-quebra e confronto entre polícia e vândalos que, em verdade, ninguém sabe por que lutam.

Em ambas as situações, quem fica à mercê da própria sorte é a população de um modo geral, incluindo as polícias que, cada vez mais, ficam expostas, seja diante de facções criminosas, seja de Blacks Blocs travestidos de manifestantes. Estamos todos no mesmo caldeirão, que, cada vez mais, fervilha. E tudo isso às vésperas de uma Copa do Mundo e de eleição. Precisamos de medidas enérgicas para que possamos resgatar a ordem e a paz social. Ainda vem muita tensão por aí.

*Marcos Espíndola é advogado criminalista.

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