Estrada de ferro ainda deixa saudades

Desativado na década de 1960, ramal foi relembrado, pela Associação Pestalozzi, durante desfile dos 200 anos de Cantagalo

Emoção. Foi o que tomou conta da avenida de Cantagalo, no último dia 9 de março, aniversário de 200 anos de emancipação político-administrativa do município, quando um “trem” da Associação Pestalozzi de Cantagalo desfilou acionando o apito e liberando fumaça pela chaminé. Algumas pessoas que estavam assistindo ao desfile já haviam trabalhado na Estrada de Ferro de Cantagalo ou tinham parentes que também prestaram serviços à empresa.

A homenagem da Pestalozzi aos 200 anos de emancipação de Cantagalo fez uma referência à Estrada de Ferro, que, durante muitos anos, foi o elo de transporte de cargas e passageiros entre as cidades da região.

A estação de Cantagalo foi aberta em 1º de janeiro 1876 para passageiros, enquanto apenas em 1º de julho, seis meses depois, iniciou-se o tráfego de mercadorias. Os trens de passageiros para Cantagalo foram desativados nos anos de 60.

A linha da Leopoldina cruzava o município do Sul para o Nordeste. A linha que se vê na fronteira com o município de Cordeiro é o ramal que partia de Cantagalo e seguia para a estação de Macuco.

Em julho de 1963, quando a estação já era ponto terminal em Cantagalo, não existindo mais transporte dali a Portela – e outubro de 1965, foi desativada. O prédio tornou-se, depois, a estação rodoviária da cidade.

Outros trechos erradicados na região: subtrecho Cordeiro a Macuco, em 1º de junho de 1964; Cachoeiras de Macacu a Nova Friburgo, em 15 de julho de 1964; Porto das Caixas a Cachoeiras de Macacu, em 12 de novembro de 1973.

O último maquinista na região a trabalhar na Estrada de Ferro Leopoldina foi Élio Goulart, que também foi vereador em Cantagalo. Ele trabalhou numa locomotiva a vapor, do Engenho Central (locomotiva 72), que ficou fazendo a linha de Engenho Central a Boa Sorte, transportando leite dos cooperados para a Cooperativa de Boa Sorte.

Já o atual administrador distrito de Boa Sorte, Júlio Vidal, afirmou que já atuou como foguista de locomotiva de trem na região. “Havia dois ajudantes, eu e Jorge Fontoura, que  abastecíamos a locomotiva de lenha e água”, garante Vidal. Segundo Júlio Vidal, o consumo de água da locomotiva era de cinco mil litros de água para percorrer 36 quilômetros, e um metro e meio de lenha. Ou seja, de Engenho Central a Boa Sorte.

Para perpetuar e registrar um marco da economia regional, se discute a criação de um museu ferroviário na estação de Euclidelândia. Inclusive, o prefeito de Cantagalo, Saulo Gouvea, disse, em entrevista à Rádio 94 FM, que pretende reformar o prédio transformando em espaço cultural.

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