Erros sem volta

O Brasil é um dos campeões mundiais em mortes no trânsito e, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, em 2012 foram registradas mais de 60 mil mortes em nossas rodovias. Montesquieu, um dos iluministas dizia, no século XVIII, que “causas de atos indesejados são as leis injustas assim como a existência de humanos irracionais, supersticiosos e analfabetos”. E o que mais existe no Brasil é gente com pouco estudo formando aqueles irracionais, supersticiosos e analfabetos, aliás, metade da população não sabe ler ou escrever ou não entendem o que lê ou não sabem operações matemáticas mínimas. As mortes no trânsito, de qualquer modo, são geradas por todos, esclarecidos ou não.

Que o Estado é responsável por tudo, não temos a menor dúvida e, assim, somos rigorosos e exigentes. Cobramos dele duramente o cumprimento dos seus deveres de fiscalização, de engenharia das estradas, de primeiros-socorros e de punição. Somos, inclusive, contra a cobrança de pedágios. Mas nós também temos as nossas responsabilidades e que são ignoradas pela maioria de motoristas que ainda são mal educados quando dirige depois de beber ou em alta velocidade e atropelam pedestres e ciclistas e julgam-se “ases no volante”. A cultura da irresponsabilidade está impregnada no nosso DNA. Não se abre mão para a prevenção, são todos treinados para provocar acidentes. São todos escravos do prazer (beber, falar ao celular, correr, etc.) para privilegiar nossos deveres de cidadania e convivência coletiva. Estatisticamente, 75% dos acidentes derivam de falhas humanas, destaque para a imprudência e as drogas.

Dizem que o brasileiro é pacato (dizem), salvo na direção do veículo. E ninguém sabe o que é feito do dinheiro arrecadado nas multas de trânsito. Dizem que boa parte dele é investida em educação para o trânsito (dizem).

O Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/07) é muito bom, como a maioria das leis, mas estas nunca vão consertar o homem, pois o ser humano é naturalmente imperfeito, e, assim, temos que admitir que são através dos erros que procuramos acertar as nossas direções. Só que, em algumas das vezes, não tem volta, não tem acertos.  Mas, ainda assim, se os nossos motoristas fossem realmente mais educados, diminuiriam, em muito, os índices das estatísticas.

*Plínio Teixeira de Araújo é servidor da Prefeitura de Cordeiro.

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