Produtores de leite da Região Serrana do estado estão aumentando sua produtividade graças à adoção de práticas sustentáveis, incentivadas pelo Programa Rio Rural, da Secretaria Estadual de Agricultura. Terceiro maior produtor de leite da serra, Carmo foi um dos primeiros municípios da região a implantar projetos nesse segmento, com cerca de 10 produtores beneficiados na Microbacia Córrego da Prata, localizada em Córrego da Prata, segundo distrito.
Um deles é Alex de Paula Silva, que começou na atividade há quase dois anos, num sítio herdado por sua esposa. Após 12 anos como funcionário da Cooperativa Agropecuária de Carmo, ele resolveu se mudar para o campo e apostar na pecuária como fonte de renda. Começou com apenas cinco vacas, produzindo quase 30 litros por dia.
Com incentivo de quase R$ 6 mil do Rio Rural, foi possível adquirir uma motopicadeira para triturar alimento para o rebanho e fazer adubo orgânico para a formação de pastagem. Paralelamente, Alex investiu, com recursos próprios, no aumento e qualidade do plantel, para elevar o potencial da produção leiteira. Hoje, ele possui um rebanho de 19 cabeças, sendo 12 vacas atualmente em lactação, cuja produção diária de 150 litros é totalmente escoada para um laticínio em Cordeiro. “A picadeira facilitou muito minha vida. Melhorei a alimentação do gado e diminuí o esforço”, conta.
O médico veterinário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio), Luiz Marcos Soeiro de Barros, destaca que a propriedade recebeu outros tipos de tecnologia para melhorar a alimentação do gado, como a implantação da capineira, de canavial, o plantio de milho para silagem, entre outras medidas. “Levamos esse produtor para visitar uma unidade demonstrativa sobre alimentação e manejo no noroeste. Ele gostou do que viu, aplicou as técnicas com nossa supervisão e, hoje, possui gado sadio, com fertilidade e com potencial para até 600 litros”, explica o técnico, que também é executor do Rio Rural na microbacia.
Para o futuro, Alex tem planos de aumentar a produtividade, preservando cada vez mais o solo. “Quero comprar uma ordenhadeira, um tanque de esfriamento, melhorar a estrutura do rancho e instalar um sistema de pastejo rotacionado com irrigação”, planeja o pecuarista.
Em 2013, a Região Serrana alcançou a marca de 65 milhões de litros de leite, através de mais e 2.616 produtores, segundo a Emater-Rio. Apenas o município de Carmo produziu, no ano passado, quase 8,4 milhões de litros, oriundos do rebanho de 306 produtores rurais.
Telefonia celular e internet para áreas rurais do estado
Durante conversa com comerciantes e produtores rurais na Ceasa de Irajá, a Central de Abastecimento do Rio de Janeiro, na manhã do último dia 25 de setembro, o candidato à reeleição ao Governo do Estado, Luiz Fernando Pezão, exaltou as conquistas da atual gestão para a área rural, como a melhoria de estradas e o investimento em políticas de apoio a produção rural. Pezão disse que vai continuar incentivando o setor e anunciou que vai levar telefonia celular e internet para as áreas onde esses serviços ainda não chegaram.
– Melhoramos muito as estradas da produção, recuperamos a malha de rodovias usadas por produtores em todos os municípios, principalmente na Região Serrana. Criamos o Rio Genética, o Rio Rural, o Estradas da Produção. Hoje, com a nossa política na bacia leiteira, nós conseguimos atrair 51 laticínios para o estado. E quase que dobramos a produção de leite. É uma série de conquistas que nós tivemos e que queremos ampliar”, afirmou.
Pezão falou aos produtores sobre o programa que será implementado para levar ao campo telefonia celular e internet.
– Estamos começando um programa agora, vamos inaugurar, no início de outubro, a Telefonia Rural Celular com empréstimos do Banco Mundial. É a primeira vez que temos recursos do Banco Mundial para se investir, e é um problema sério, hoje, para diversos produtores. As operadoras de telefonia não chegam a algumas áreas rurais. Só nesse primeiro atendimento, serão 12 regiões que serão atendidas com as torres celulares – disse Pezão.
A Ceasa completou 40 anos e por suas unidades passam 80% dos legumes, frutas e verduras consumidos em todo o estado. Além da Central de Irajá, São Gonçalo, Nova Friburgo, Itaocara, São José de Ubá e Paty do Alferes também possuem uma área de comercialização. No interior, a Ceasa funciona como ponto de apoio para os agricultores familiares.
– A gente recebeu a gratuidade do pavilhão 30 para a agricultura familiar e a isenção de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Tivemos cessão de espaço em outros mercados, como Itaocara e Nova Friburgo. Isso fortaleceu a agricultura familiar. Nosso estado foi pioneiro em usar produtos da agricultura familiar para a merenda escolar. Além disso, repassamos alimentos para o projeto Banco de Alimentos – disse Margarete Carvalho, gerente da representação da agricultura familiar no estado.
O programa Banco de Alimentos consiste em combater a miséria e o desperdício disponibilizando produtos sem condições ideais de comercialização, mas perfeitos para o consumo. A iniciativa beneficia 120 instituições e nove comunidades pacificadas, atendendo mais de 30 mil pessoas.
Muitos comerciantes se aproximaram de Pezão e agradeceram pelas obras de pavimentação da área de caixotaria da Ceasa. Uma antiga reclamação dos trabalhadores da Central.
– Aqui, há poucos meses, fizemos uma obra que era esperada há muitos anos por todos os produtores. Nós pavimentamos a área da caixotaria, que, quando chovia, ninguém conseguia entrar. Foi uma urbanização de todo o local, drenagem, que possibilita, hoje, o manuseio dos produtores sem estar com a lama em seus caixotes – comentou Pezão.
Primavera movimenta setor de floricultura
Com a chegada da primavera, floricultores do Rio de Janeiro se preparam para expor em feiras e eventos. Atualmente, o estado é o segundo maior produtor e consumidor de flores do país. No último fim de semana, a cidade de Bom Jardim organizou a quinta edição da Festa da Flor e Café, quando 148 produtores apresentaram, principalmente, rosas de tipos variados aos visitantes. O município é a mais importante área de produção deste tipo de flor no estado.
Em novembro, será a vez dos cerca de 220 floricultores de Nova Friburgo, principal polo produtor de flores de corte do estado do Rio de Janeiro, exporem seus produtos na 10ª Festa da Flor, realizada entre os dias 20 e 23.
As feiras, que acontecem durante a primavera, são frequentadas por proprietários de floriculturas e decoradores, os principais clientes das flores de corte. Os eventos representam a oportunidade de promover a produção local e incrementar a comercialização dos produtos.
Registrando saltos expressivos nos últimos anos, a floricultura fluminense movimentou cerca de R$ 573 milhões em 2013, 20% a mais do que no ano anterior, produzindo 506.835.120 de flores, folhagens e plantas. São aproximadamente 1.020 produtores em todo o estado, metade deles na Região Serrana. Eles são responsáveis pela geração de 18 mil empregos diretos e indiretos.
O programa Florescer, do Governo do Estado, ajuda a alavancar esses números, oferecendo linhas de crédito com financiamentos entre R$ 50 mil e R$ 100 mil, a juros de 2% ao ano. Até hoje, foram destinados R$ 1,6 milhão de recursos estaduais para financiar 41 projetos de floricultores fluminenses. Ao todo, cerca de 600 produtores já foram beneficiados pelo programa, incluindo os que receberam capacitação técnica.
– O apoio que o governo oferece tem sido fundamental. Antes, não havia o reconhecimento da floricultura como um grande agronegócio para o estado. O projeto ajudou a modernizar a estrutura de produção, a aquisição de novas variedades de cultivo e a padronização de embalagens. O Florescer também oferece capacitação aos produtores por meio de cursos – explicou a coordenadora do programa Florescer, Nazaré Dias.
Da plantação do floricultor José Roque Barroso, em Bom Jardim, brotam rosas, crisântemos, chuvas de prata e outras espécies. Há quase quatro décadas trabalhando com flores, todo ano ele aguarda pela participação nas feiras da região, com o objetivo de incrementar a comercialização de seus produtos.
– Com as feiras, estou variando muito a minha clientela. Agora, além da Cadeg (antigo Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara, hoje, Mercado Municipal do Rio de Janeiro), vendo para a Região dos Lagos e até para Juiz de Fora, em Minas Gerais – disse o floricultor.
Manejo ecológico do solo é tema de oficina em Nova Friburgo
Com o objetivo de estimular cada vez mais a adoção de práticas agroecológicas entre os agricultores familiares, a Rede de Pesquisa, Inovação, Tecnologia e Serviços Sustentáveis em Microbacias Hidrográficas (fórum articulado pelo Programa Rio Rural, que reúne instituições parceiras do setor agropecuário) promoveu uma oficina sobre manejo ecológico do solo, no campo experimental do Centro Estadual de Pesquisa em Horticultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), instalado na localidade Campestre, em Nova Friburgo.
Organizada pelo grupo de trabalho sobre insumos agroecológicos da Rede de Pesquisa, a atividade incluiu palestras sobre a natureza do solo tropical, compostagem a partir de resíduos vegetais e animais e conservação do solo. Na parte prática, foi produzido o composto orgânico do tipo bokashi, que acelera o processo de regeneração do solo. O material foi preparado com auxílio de uma betoneira, cuja capacidade total é de 400 litros.
Já Eiser Felippe, também consultor do Rio Rural, falou sobre as vantagens da adubação com matéria orgânica através de um composto feito com resíduos dos cultivos vegetal e animal, experiência que já rendeu resultados positivos nos municípios de São José do Vale do Rio Preto e Trajano de Moraes. Neste caso, podem ser utilizados ingredientes como camas de cavalo e de aviário, restos de culturas, sobras de agroindústria, palhas, cascas, serragem, esterco, resíduos de abatedouros e incubatórios (sangue, ovos e penas), entre outros.
Nos próximos meses, estão previstos outros eventos para atender à demanda local dos agricultores orgânicos e agroecológicos, cumprindo as metas do Plano de Desenvolvimento da Cadeia de Orgânicos, construído por técnicos e produtores durante as reuniões de trabalho da rede de pesquisa.
Além de Nova Friburgo, outros municípios da região já estão sendo beneficiados por atividades de formação em agroecologia, como Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro, Teresópolis e Trajano de Moraes.