A Comissão de Meio Ambiente do Poder Legislativo de Macuco convocou uma audiência pública para esclarecer a qualidade do ar do município. A sessão ocorreu dia 14 de maio, no prédio da Câmara Municipal, reunindo autoridades, ativistas ambientais e populares.
A primeira a falar foi Evangelina Vormittag, do Instituto de Saúde e Sustentabilidade, autora da pesquisa que foi divulgada na imprensa no ano passado. Se identificando como médica e exibindo gráficos, ela defendeu a entidade, afirmando que o intuito foi buscar melhorias para a qualidade do ar na região, já que a base científica da pesquisa encontrou índices acima dos valores aceitos pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o que se refletiria também num aumento dos índices de mortalidade. “Esses números servem para pensarmos em soluções. Respirando mais poluição que o normal, a população corre o risco de contrair várias doenças”, disse Evangelina.
Se contrapondo aos estudos do Instituto de Saúde e Sustentabilidade, Mariana Palagano, diretora de Qualidade do Ar do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), revelou que a instituição estadual atua de forma responsável e confiável no monitoramento dos índices de poluição. Segundo ela, são mais de 50 estações em todo estado, incluindo Macuco, e o trabalho recebe reconhecimento de organismos internacionais. Sobre o polo cimenteiro, ela destacou que existem restrições rigorosas para a concessão da licença ambiental e se algo estivesse em desacordo com a legislação ambiental, medidas punitivas seriam adotadas.
Ao final, Mariana tranquilizou os macuquenses, pois, pelo monitoramento do Inea, os índices de poluição do ar são de baixo impacto e a qualidade pode ser classificada como boa.
– O Inea não reconhece a posição de Macuco no quarto lugar entre os mais poluídos. Na realidade, a afirmação do instituto se baseia num monitoramento feito por uma unidade móvel, podendo haver uma interpretação equivocada – declarou Mariana.
O secretário de Meio Ambiente de Macuco, Edwand Júnior, questionou a metodologia e os resultados da pesquisa, afirmando que o próprio prefeito Félix Lengruber (PMDB), como médico do trabalho atuante nas indústrias cimenteiras, se pronunciaria, caso houvesse algo errado. Ele reforçou o fato de haver erros na contagem da população, em virtude dos limites territoriais, o que implicaria em conclusões precipitadas na análise dos números. “No relatório do ‘Saúde e Sustentabilidade’ são detectados os problemas de poluição. Já pelo Inea, instituição bastante respeitada, não existem esses índices tão alarmantes”, comentou Edwand.
O representante da Secretaria de Saúde e Combate às Drogas de Macuco, Marcelo Juliano, exibiu dados colhidos entre 2009 e 2013 e confirmou não existir qualquer alteração anormal, tampouco aumento significativo de mortes e doenças ocasionadas pela poluição em Macuco, se comparadas com relatórios da Secretaria de Estado de Saúde. “Esses dados foram repassados por autoridades competentes e experientes da área de saúde”, colocou.
– Nosso compromisso é informar os moradores sobre as reais condições da qualidade do ar em Macuco. Saio daqui com a sensação do dever cumprido, pois esta audiência foi esclarecedora e tranquilizadora – afirmou Frank Lengruber, presidente da Câmara de Vereadores.
Já o secretário de Desenvolvimento Social, Cláudio Gomes, sugeriu que o instituto mudasse de opinião. “Seria de bom tom que o Instituto de Saúde e Sustentabilidade reconhecesse, oficialmente, que pode ter ocorrido erro, principalmente pela contagem equivocada da população residente em Macuco. Essa pesquisa prejudica os estudos dos impactos em saúde”, afirmou.
– Os dados do Inea comprovam que não é ruim a qualidade do ar em Macuco, como alarmou o instituto. O que nos cabia, como legisladores, nós fizemos: esclarecer as questões ouvindo todas as partes – afirmou o vereador Douglas Espíndola. Já o secretário de Saúde de Macuco, Rodrigo Romito, rebate a posição colocada pelo instituto. “Por tudo que acompanhamos na qualidade de profissionais da saúde, não podemos aceitar esse quarto lugar atribuído a Macuco”, garantiu.