Partido Humanista da Solidariedade cria diretório municipal em Cantagalo

 

O Partido Humanista da Solidariedade (PHS 31) é o mais novo diretório partidário registrado em Cantagalo. Concluídas todas as fases de legalização, no dia 13 de setembro o partido fez a sua primeira reunião geral, quando foram conferimos os assuntos mais relevantes: a apresentação do estatuto e do histórico do partido; as sugestões iniciais de propostas para as eleições de 2012; o plano de novas filiações; análise das condicionantes para estabelecer coligações e o planejamento para criação dos Núcleos de Ações Setoriais.

O JORNAL DA REGIÃO conversou com o presidente da sigla, Dionísio Vettoraci.

JORNAL DA  REGIÃO (JR) – Fale mais sobre o PHS.

Dionísio Vetoracci (DV) – Quando só haviam a Arena e o MDB, as pessoas descobriram, especialmente nos princípios do livro “Neo-Capitalismo, Socialismo e Solidarismo”, que os homens não se constituem apenas em situação e oposição, de direita ou de esquerda, posto que as criaturas nutrem outros valores. Por isso, eles inspiraram todos os grupos que, a partir daí, se agregaram em torno das siglas de democracia ou socialismo cristão. Uma dissidência cristã então decidiu aglutinar no humanismo e no solidarismo esses valores. Assim, o PHS 31 é um partido com registro nacional desde 1997, com diretório em 72 municípios fluminenses . Todavia, como a atuação no estado não era condizente com a grandeza do partido, uma nova executiva estadual assumiu, decidindo e nos convidando para  criar diretórios nos 20 municípios que ainda não o tinha, planejando forte participação nas eleições 2012.

JR – Para que um novo partido em Cantagalo?

DV – Em resumo, para aglutinar líderes que nunca se sentiram motivados a ingressarem num partido ou que já estejam vinculados a alguma sigla qualquer, sem vez nem voz, sem poder de influência nas decisões, muitas vezes tendo de seguir os ditames da cúpula, talvez contrários aos seus princípios. No PHS, todos terão voz e vez.

JR – Você já recebeu convites para se filiar a outros partidos?

DV – De fato, já recebi. Mas, como  outros companheiros que estão ingressando no PHS, declinei devido não ver motivação para defender as teorias de algumas correntes ou porque os projetos não eram consistentes para o município. Na última campanha, da qual participei mais de perto, dois  fatos, especialmente, me chamaram a atenção: a ausência de alguns cantagalenses valorosos no processo político e a falta de projetos de médio e longo prazos para o município, que pudessem recuperar, parcialmente, as oportunidades que Cantagalo deixou se perder pelo tempo.

JR – Recuperar parcialmente? Explique melhor.

DV – Faz parte de um estudo que fiz de Cantagalo, onde se conclui que o município perdeu o bonde da história. Aliás, seria mais correto dizer que perdeu o trem da história. Com a diferença de que nos outros lugares restou a estação. Simples: Cantagalo foi ou tinha vocação para ser o município mais importante de toda a região, mas deixou passar o ciclo do ouro, do café, do leite, do gado de corte, do cimento e entrou na era dos royalties do petróleo sem aproveitar adequadamente.

JR – De quem é a culpa?

DV – Quando apenas olhar para traz  não resolve, costuma-se dizer que erro de todos, culpa de ninguém. Daí que defendemos o princípio de que as cabeças pensantes do município devem se colocar em torno de um projeto maior, para recuperar, repito, parcialmente o tempo perdido.

JR – Um exemplo.

DV – Fácil. Vocês devem perceber que há algum tempo, alguns comerciantes, em Cantagalo, tiveram coragem e investiram nos seus negócios. Nesses segmentos, podemos dizer que todos eles recuperaram parcialmente o tempo perdido. Se isso tivesse ocorrido em maior escala e há muito mais tempo, quantos benefícios teria gerado!

JR – Pareceu que o grupo defende alguns princípios que tornaria até difícil algumas coligações.

DV – Sem propósitos bem definidos, a criação do PHS em Cantagalo até perderia a razão de ser. Portanto, é  de importância inalienável que apresentemos uma proposta diferente para a governança municipal, de tal sorte que, ao mesmo tempo que possa ser complementar a qualquer outro programa de governo,  provoque profundas reflexões, capazes de mudar a forma de condução na administração pública, incluindo o Legislativo.

JR – Está tudo errado?

DV – Não. Mas, sem deixar de enaltecer o conjunto das últimas realizações, ratificamos que há espaço e até necessidade de novas ideias e ações. O orçamento  participativo, por exemplo, veio para ficar. E todos os governos devem adotar, conservar e aperfeiçoar. Mas faltam projetos de médio e longo prazos, o que faz com que os rumos dos investimentos sejam para soluções estanques a cada administração e dependendo do grupo político à frente do governo. Voltando, então, à história a que me referi, podemos entender que o desenvolvimento do município tem sido historicamente prejudicado, ora por falta de planejamento, ora por interrupção das ações, mesmo quando eventualmente bem planejadas. No Brasil, se fala muito de corrupção, mas a falta de continuidade e a desídia são igualmente desastrosas. Com base nessa assertiva, é que o PHS pretende formular e divulgar, em tempo hábil, ou seja, antes das eleições 2012, um conjunto de princípios e projetos que deve compor o programa do partido ou inserido no programa de governo da chapa majoritária que eventualmente vier apoiar. E essa seria, basicamente, a principal exigência para eventual apoio, mas da qual, entretanto, não pretende abrir mão.

Desídia seria a inércia, o descaso, enfim, a negligência dos governantes. Na administração pública, aliás, isso é passível de processo criminal . Mas, raramente acontece, porque não há cultura de fiscalização ou é difícil de se mensurar. Ela é especialmente desastrosa porque, na nossa teoria, um problema não resolvido  sempre gera outros em cadeia, geralmente impossíveis de serem contornados. Podemos dizer que, enquanto os problemas não resolvidos a seu tempo se multiplicam em progressão geométrica, os governos, no máximo, geram capacidade de soluções em progressão aritmética, tornando impossível recuperar o tempo perdido.

JR – O PHS já definiu os candidatos do partido?

DV – Política não é uma coisa estática. E sendo algo dinâmico, cremos que será indispensável manter um olhar sobre tudo o que irá acontecer  no plano político em Cantagalo nos próximos meses para, então, decidir. Aguardamos, também, o prazo final, previsto para 7 de outubro, a filiação de novos companheiros, para, só então, definir essa lista. Filiem-se, porque o mal só prevalece quando os homens de bem se omitem.

 

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