O jogo dos ministros

Parece brincadeira, mas é a realidade. Mais um ministro acusado de corrupção pode ser o próximo a sair do governo Dilma. Desde junho de 2011, saíram seis ministros, cinco deles por corrupção. Isto dá uma média de um a cada mês. Vejamos em ordem cronológica: 1) Antônio Palocci (Casa Civil); 2) Alfredo Nascimento (Transportes); 3) Nelson Jobim (Defesa); 4) Wagner Rossi (Agricultura); 5) Pedro Novais (Turismo); 6) Orlando Silva (Esportes). O único que não saiu por corrupção foi Nelson Jobim, mas sim por discordar publicamente do governo e revelar que, na última eleição, votou em Serra e não em Dilma.

Bem, enquanto faço esta crônica, está sendo acusado o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e logo teremos o desfecho. Depois deste, não tenham dúvidas de que teremos outros. Uma análise simplista indica alguns motivos básicos para essa situação, como, por exemplo, o excesso de ministros, de ONGs, de gabinetes, de cargos em toda a máquina do governo, de corrupção, de dinheiro (sem dinheiro não existe corrupção), de impostos (sem impostos não teríamos tanto dinheiro para a corrupção), de partidos políticos, de falta de vergonha, de falta de caráter e assim por diante.

Enquanto isso, o Brasil vai seguindo sua caminhada rumo à Copa do Mundo. Vamos com nossos doentes morrendo nas portas dos hospitais, nos buracos das estradas, nas balas perdidas, etc., e vamos trocando ministros a cada mês, da mesma forma que durante uma partida de futebol substituímos os jogadores, sendo logicamente companheiros da mesma equipe. Se compararmos o governo com uma seleção de futebol e os ministros e seus partidos com os jogadores, podemos imaginar uma grande partida de quatro anos de duração, durante a qual, o técnico vai substituindo os jogadores e o jogo vai continuando.

O povo, como uma grande torcida, vai comemorando os lances e resultados sem se importar se está tomando chuva nos estádios ou se terá transporte para voltar para casa. Enquanto assiste ao jogo, se delicia com as bolsas que recebe na entrada do estádio e assume que tudo é festa e tem que assistir à grande partida. Existem os torcedores de um lado, de outro e aqueles que sabem que o jogo é uma grande “marmelada” e que o resultado é manipulado. Mesmo assim, os estádios ficam lotados e todos comemoram, felizes, as novas contratações a peso de ouro. Conversam sobre milhões que os astros recebem e na vida real só conhecem as migalhas. Mas, apesar disto, é um povo feliz, pois tem um jogo para assistir.

 

*Célio Pezza é escritor e autor de diversos livros, entre eles: ‘As Sete Portas’, Ariane, e o seu mais recente ‘A Palavra Perdida’. Saiba mais em www.celiopezza.com.

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