O desdobramento da crise do Euro e suas decorrências ainda é assunto desse comentário, já que suas consequências, a cada dia que passa, assumem caráter mais dramático por não se saber até onde vai essa onda crescente de quebradeira nos países que todo mundo achava que eram ricos. É possível que um tempo que já se perdeu pelo uso e abuso de seus governantes, tenha levado nações pertencentes à elite europeia a uma situação tão crítica, impensável até poucos anos atrás.
Assim como acontece com pessoas perdulárias e irresponsáveis que imaginam a vida como uma grande festa, também alguns governantes tenham se achado poderosos demais para se preocuparem em somente gastar aquilo que suas receitas permitiam. Como a vida não é uma festa para as pessoas, também não o é para as nações.
Como imaginar que os governos desses países possam ter cometido tantas sandices e estripulias a ponto de dever valores que nem com muitos anos de economia conseguirão pagar? Onde estavam as pessoas que agora vão para as ruas se perdendo em quebra-quebras, provocando incêndios e destruindo patrimônio alheio, que não viam ou não se preocupavam com os gastos excessivos de seus governantes?
O mais correto a se supor é que, como o dinheiro rolava fácil, ninguém se preocupava com a sua origem. O negócio era gastar e, agora, muitos irão pagar com seus empregos e irão perceber que suas economias pessoais irão virar fumaça.
Outro assunto que merece reflexão é o de que, ao se incluírem países da forma como fizeram na zona do Euro, não levaram em consideração a situação fiscal deles e os colocaram nesse grande “balaio de gatos” que agora assusta o resto do mundo. E o pior de tudo é que os Estados Unidos ainda estão amargando o enorme mal estar gerado pela chamada “bolha imobiliária”, que provocou o grande desastre financeiro de 2008.
O que mais se ouve no momento é que os países ditos “emergentes” poderão ajudar os ricos quase falidos. Não vejo como isso possa acontecer a não ser correndo sérios riscos de também quebrarem. Vamos ficar sem grandes aventuras porque não se tem mais dúvidas que o reflexo de tudo que está acontecendo por lá fatalmente chegará até nós.
*Joel Naegele é vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), assessor de Indústria e Comércio da Prefeitura de Cantagalo e membro da Câmara Setorial de Agronegócios da Alerj.