O prefeito Leandro Monteiro realizou, em 13 de outubro, uma prestação de contas da sua gestão com uma forte alerta sobre a crise econômica que o município de Cordeiro vem passando este ano.
Na presença de munícipes e secretários da sua administração, ele destacou uma queda na arrecadação, mas as despesas continuaram com aumento, chegando a um percentual de 6,5%, conforme comparação entre agosto de 2014 e 2015. A estratégia, segundo um auxiliar do prefeito, foi vista como oportuna e necessária porque utilizou gráficos e slides na apresentação. “Ele precisava mostrar números e assim o fez”, avaliou a fonte.
A turbulência ocorre num momento em que o governo cordeirense enfrenta fortes dificuldades para equilibrar as suas contas. O orçamento está muito comprometido em face dos supersalários de professores baseados em leis criadas por administrações passadas, que “incharam” a folha de pagamento.”
– Nós estamos com profissionais da educação que possuem vencimentos superiores ao do próprio prefeito, na ordem de R$ 14 mil, quase quatro vezes mais do que ganha um médico do município. Por sinal, os altos salários impedem a realização de concursos públicos para contratação de profissionais em setores nos quais há necessidade, como médicos e fiscais, por exemplo, já que o município só pode gastar até 54% com pessoal – enfatizou Monteiro.
No governo, as informações demonstram que o Instituto de Pensão, Aposentadoria e Benefícios de Cordeiro (Ipamc), desde a sua criação, previa alíquotas de contribuição de 22%, após cálculos atuariais feitos por especialistas que garantiriam o futuro de aposentados e pensionistas.
Entretanto, em maio de 2010, outra lei municipal reduziu o percentual de contribuição para 13%. Em novembro de 2013, iniciou o desequilíbrio financeiro do instituto, que teve de lançar mão de suas aplicações para pagar os supersalários. A situação se agravou em julho de 2014, quando houve a devolução de R$ 617,935 mil aos funcionários, referentes a valores cobrados indevidamente sobre horas extras.
Durante a prestação de contas, na sede da Sociedade Musical Fraternidade Cordeirense, Leandro Monteiro ressaltou que a Prefeitura tem como obrigação legal apenas manter uma unidade de urgência e emergência dentro do Hospital Antônio Castro (HAC). Uma auditoria demonstrou que a situação financeira da casa de saúde mostra que, para cada um real de dívida contabilizada, o hospital dispõe somente de 10 centavos. Segundo interlocutores do Executivo, em 2014, o HAC teve déficit de R$ 1.688.692,61.
Apesar disso, foram encontradas despesas absurdas como R$ 26 mil de plano de celular, cerca de R$ 12 mil em hospedagens em hotéis e diárias, além de quase R$ 15 mil em lanches e refeições.
Existem diversos processos judiciais em andamento onde o HAC figura como réu, de pessoas físicas e jurídicas.
A dívida contabilizada do Hospital Antônio Castro é de R$ 5.401.943,49 em dezembro de 2014. A estimativa de dívidas a contabilizar é de R$ 4.396.605,79. Existe uma provisão de dívidas de R$ 905.456,42, o que significa que se pode chegar a uma dívida líquida de R$ 8.893.092,86.