A história de Euclides da Cunha através de seus familiares

A história de Euclides da Cunha através de seus familiares
Neta de Euclides da Cunha com familiares. Crédito da foto: ÁLBUM DE FAMÍLIA

Um novo lado da obra e vida do escritor cantagalense

Após 111 anos da morte de Euclides da Cunha, a história do ilustre escritor e jornalista ainda permanece viva. É através dos familiares de Euclides que a sua trajetória também continua sendo lembrada nos dias atuais. Em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, está a maior parte de sua família, em especial, a única neta viva, Maria Auxiliadora.

Maria Auxiliadora da Cunha Lage, hoje com 90 anos de idade, é a mais recente personagem que guarda amplas reflexões sobre a vida do escritor cantagalense. A neta, com puro DNA de Euclides, chegou em Niterói há mais de 60 anos, com o marido, Carlos da Costa Lage, após se mudar de Cantagalo. Atualmente, ela vive no bairro de Ingá e está muito próxima de outros familiares. Pelo menos, vivem na cidade, mais 11 descendentes “euclidianos”.

Os Sertões, de Euclides da Cunha
Os Sertões, de Euclides da Cunha

Filha de Manoel Afonso, único filho de Euclides da Cunha com Anna Emília Ribeiro, a deixar herdeiros, Maria Auxiliadora faz parte da linha da família que evita eventos públicos e preza muito pela memória dos seus avós. Um fato marcante que mais a entristece, foi o trágico assassinato de Euclides, pelo amante de sua esposa, Dilermando de Assis. Esse acontecimento que tirou a vida do escritor, ainda gera tristeza em toda família devido aos diferentes julgamentos da opinião pública.

Em uma entrevista recente, dada à Revista Época, Maria Auxiliadora comentou sobre o assunto e falou das críticas que sofreu Anna, esposa de Euclides: “eu nunca gostei que falassem mal da minha avó. Optei por evitar, ao longo da minha vida, ir nas festividades, homenagens e eventos euclidianos. Ficava triste”, comentou.

Em meio a muitas críticas, outros familiares de Euclides da Cunha também defendem o escritor em meio ao trágico episódio: “ao meu ver, a dor de uma traição e de ser enganado é dilacerante”, defendeu a jornalista e trineta de Euclides, Luciana Lage, à revista.

A história de Euclides da Cunha através de seus familiares
A tragédia da estrada de Santa Cruz

Após a morte de Euclides, a sua esposa Anna é considerada a personagem que mais sofreu críticas ao longo da história. A sociedade, das primeiras décadas do século XX, repudiava questões como a separação e impunha diversas proibições à liberdade da mulher.

Euclides da Cunha foi morto pelo jovem militar Dilermando de Assis em 15 de agosto de 1909. Na ocasião, o escritor chegou armado à casa de Dilermando para vingar a sua honra. Houve um duelo e Euclides acabou sendo assassinado pelo combatente.

Obra de Euclides continua sendo o seu maior legado

Apesar das críticas, julgamentos e tragédias acerca da vida de Euclides da Cunha, a sua obra permanece presente e atual nos dias de hoje. O escritor, poeta e jornalista deixou em seu livro “Os Sertões” o maior retrato da desigualdade social, que ainda assola o país. A obra regionalista conta os acontecimentos da cruel Guerra de Canudos e é um dos relatos históricos mais marcantes na história do Brasil.

Maria Auxiliadora contou de onde veio, possivelmente, o gosto de Euclides da Cunha pela vontade de correr atrás de histórias e contá-las com tamanha verdade. Ela chamou o avô de “indivíduo-andante” também em entrevista à Revista Época.

Aos três anos, quando ficou órfão de mãe, teve início às mudanças e as peregrinações do meu avô por questões familiares. Depois, por devoção ao trabalho e à pátria, ser um indivíduo-andante foi uma de suas maiores facetas. Esteve em rincões do país, como o sertão baiano e na região amazônica, experiências que o fizeram enxergar os verdadeiros ‘Brasis’”- contou ao periódico.

Por fim, a obra de Euclides da Cunha é dita por críticos, historiadores e estudiosos como uma obra de imensa honestidade intelectual, que relata de forma verdadeira, um dos maiores massacres do país. Euclides mostra, em detalhes, a desigualdade social do sertão nordestino e abre reflexões para cada cidadão acerca de suas condutas e realidades. É uma obra que passa longe da vida de muitos brasileiros na atualidade, mas que pode ser essencial para quem busca entender a maioria dos problemas do Brasil.

Luciana Lage com a mãe Dora, bisneta de Euclides da Cunha (REPRODUÇÃO DA INTERNET)

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