Alea jacta est. Foi com esta frase em latim, por influência de meu amigo Milton Loureiro, então escrivão da Delegacia de Polícia de Cantagalo (eu era escrevente), que eu concluí o meu discurso de conclusão do curso Científico, no Colégio Euclides da Cunha, em dezembro de 1954, como orador da turma.
Em 3 de novembro de 2010, escrevi uma carta ao amigo Milton Loureiro. Nessa missiva, eu abordava a contribuição para o meu discurso: “No mês passado, quando completei os meus 74 anos de idade, passei em revista alguns acontecimentos da minha vida – coisa de velhinho. Passou pela minha mente os bons momentos e as pessoas que os marcaram. Você estava lá, me orientando na redação de atas, termos de depoimentos, cartas, no discurso como orador da turma do curso científico do Euclides da Cunha. Nunca me esqueci do alea jacta est! – a sorte está lançada! –, frase com a qual encerrei o meu ‘discurso’. Me lembrei das nossas ‘correspondente’, até na Espanha! Das nossas ‘tertúlias’… São inesquecíveis aqueles poucos meses na Delegacia de Cantagalo. Aprendi muito com você, a quem sou muito grato”.
Os concluintes do curso Científico éramos eu e mais seis, segundo a memória extraordinária de um dos meus colegas de turma, Júlio Marcos de Souza Carvalho, o Dr. Júlio: o próprio, Horizomar Pereira, Ivair Rodrigues Marques, José Carlos Daher, Malcher Mendes e Maria Alice Pimenta. O Ivair e o Edmo já não estão entre nós. Bons amigos. Dos demais, eu e Júlio estamos aqui, no Jornal da Região. Agora, colegas de jornal e vizinhos de colunas. Os outros eu não tenho notícias há décadas.
Os amigos Geraldo Arruda Figueredo e Edmo Rodrigues Lutterbach cursaram o Técnico de Contabilidade. Todos concluímos o então 2º Grau, hoje ensino médio, em 1954. O Júlio foi cursar Medicina na Universidade da Guanabara, o Geraldo e o Edmo Direito na UFF, o Ivair Medicina Veterinária. Eu… Bem eu, que ia cursar Direito, dei-me “um tempo”. E, como naqueles namoros em que um dos pombinhos “pede um tempo” e esse “tempo” não volta mais… Foi o meu caso. O Direito ficou na saudade. Mais tarde, comecei, também na UFF, o bacharelado em Geografia e, depois, o de Comunicação Social/Jornalismo. Tranquei a matrícula em ambos ‒ “pedi mais um tempo”. E como sempre, o “tempo” não voltou. Sou um cara em extinção.
Ao retornar a viver em Cantagalo, vou me lembrando dos atos e fatos que me ligam, especialmente, a São Sebastião do Paraíba, onde nasci e fui batizado, e a esta cidade que me encanta, cada dia mais.
Ao falar em formatura, lembrei-me do Colégio Cenecista de Cantagalo, do grande amigo Evandro do Valle Moreira, de alunos e professores, da Marília Reis. Isso entre 1963 e 1966, período em que fui secretário da Prefeitura e secretário do Colégio.
Do Colégio Euclides da Cunha, onde cursei o Científico, Prof. Soares é a figura mais marcante, ao lado de alguns professores, como a Profª Maria de Lourdes Dietrich Gonçalves, o Prof. Batista e a Profª Amélia Thomaz.
Do Ginásio Euclides da Cunha, onde cursei o antigo ginasial, trago um punhado de lembranças de colegas extraordinárias(os).
Mas a sorte foi lançada. Em 1955, iniciei minha carreira na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Fui aposentado em 1987. Paralelamente à minha atuação na Alerj, normalmente, das 13 às 18h, trabalhei como articulista de vários jornais de Niterói, revisor de um deles (das 22 às 4h, de segunda a sábado) e, entre 1974 e 1988, atuei como executivo na então Faculdades Unidas Grande Rio (Unigranrio), mais tarde Universidade Grande Rio Prof. José de Souza Herdy (Unigranrio), com sede em Duque de Caxias e campus no município do Rio de Janeiro e em outros municípios fluminenses. O Prof. José de Souza Herdy era cantagalense, nascido em Santa Rita do Rio Negro, mais tarde Euclidelândia. Uma das personalidades mais marcantes de minha vida. Era Pastor de uma Igreja Batista, mas de um coração e amor pelo próximo que ultrapassava sua religião e elevava sua religiosidade.
No final de 1988, após me aposentar, mudei-me para Brasília, terra natal de uma das minhas filhas Janina e dei início a uma nova carreira, agora como consultor em legislação, gestão e avaliação da educação superior, função que ainda exerço.
Alea jacta est – a sorte está lançada nas minhas novas atividades em Cantagalo, com a criação e o desenvolvimento do Instituto Mão de Luva. Não creio em sorte nem azar, como “no creo en brujas, pero que las hay, las hay”…
Celso Alves Frauches é professor, escritor, pesquisador e já foi secretário Municipal na Prefeitura de Cantagalo.
Um comentário
Parabéns professor Celso Alves Frauches!!!.
Obrigada por retornar à nossa terra com um projeto tão brilhante que é o Instituto Mão de Luva.
Com certeza será um ganho inestimável para nós Cantagalenses natos, os irmãos de coração e as futuras gerações. que estão vindo por aí.