Com 9 anos, Alice Matos é a piloto mais jovem do Brasil. Nascida em Belém, no fim do ano passado se mudou para Curitiba e participa da categoria Junior Cup do Super Bike Brasil, considerado o 4º maior circuito do mundo e o maior das Américas. A categoria reúne crianças e adolescentes entre 8 e 16 anos, auxiliando na formação de novos pilotos (homens e mulheres) em todo o país. “Ela está se preparando para correr em Curitiba, no fim de novembro. E a etapa final, que será em Interlagos, em dezembro”, conta o pai de Alice, Fabricio Matos.
Apesar do planejamento e de ter conquistado apoios nos últimos meses, a menina enfrenta dificuldades para conseguir competir nas 10 etapas do circuito. “O campeonato está acontecendo, mas não conseguimos participar de todas as etapas por falta de recursos”, relata Fabricio. Como a família deixou o estado do Pará e as obrigações com a carreira de Alice tomam muito tempo, Fabricio, profissional estabelecido na área do marketing no Norte do Brasil, agora trabalha como motorista de aplicativo na capital paranaense.
De acordo com ele, Alice precisa de patrocínio – seja em produtos para uso ou que possam ser vendidos – e de uma moto. “Ela tem uma moto de 50 cc hoje. So que é uma moto muito fraca. Ela está treinando na minha R3, uma moto de 320 cc, que tem uma potência muito forte. É um risco que estamos correndo”, explica. Para Alice, a moto ideal seria uma Honda CG 160 cc. “Seria muito importante para eu treinar corretamente e me acostumar com uma série de características, como embreagem e câmbio. Com a moto certa, conseguiria desenvolver com mais facilidade os aspectos técnicos de uma boa piloto pensando nas competições”, comenta Alice.
Segundo Fabricio, a ideia de Alice é mostrar que uma menina de 9 anos pode se tornar um expoente do esporte com o apoio adequado. “Nós acreditamos no nosso projeto e queremos recompensar os patrocinadores. A Alice carrega toda a bandeira e o peso de ser mulher em um esporte no qual 98% dos atletas são homens”, diz.
Recentemente, a história da pequena piloto chamou a atenção da TEXX, marca de vestuário e acessórios da Laquila, empresa líder do mercado de motopeças na América Latina, que vai ajudar a atleta com produtos fundamentais para sua segurança e conforto. “A Alice é um espelho para as novas gerações, ainda mais em um mercado 98% masculino. É um grande prazer ver a TEXX relacionada com uma atleta tão promissora, determinada e com um histórico de vida tão incrível. Encontramos na Alice uma embaixadora para a nossa marca, que levará por gerações a mensagem de que as mulheres podem fazer parte desse universo tão incrível do motociclismo”, comenta Érica Trosman, gerente de desenvolvimento de produto da Laquila.
Veio do pai o amor de Alice pelas motos. Era pilotando que ela ia à escola desde pequena. Após um hiato de três ou quatro anos, o pai comprou uma moto – a sua R3 – e uma jaqueta e capacete para que a filha pudesse acompanhá-lo em passeios. Daí em diante, pai e filha começaram a pilotar e a acompanhar o Super Bike como espectadores, criando relação de amizade com alguns pilotos e acompanhando treinos. “Eu adorava ver meu pai pilotando e sempre sonhei em fazer o mesmo”, relembra a menina.
Ainda em Belém, aos fins de semana, pai e filha viajavam 80 kms até um kartódromo para que Alice pudesse praticar. Na sequência, Fabricio e Alice passaram a participar de mais etapas como espectadores até a decisão de que ela se tornaria piloto. “Ela ficou bem ambientada ao circuito, andando para cima e para baixo. Tornou-se uma espécie de xodó. Em uma das etapas que fomos, sabíamos que deixaríamos de ser espectadores para nos tornarmos participantes”, conta. No Instagram de Alice, há vídeos em que ela entrega troféu para os pilotos em algumas etapas.
Em busca de mais estrutura e de apoio, a família se mudou de Belém para Curitiba, onde há um autódromo mais próximo, assim como pilotos que correm o Super Bike. “Encontramos um povo apaixonado por motos e esperamos construir a carreira dela aqui, com o apoio das empresas, para realizarmos este sonho”, completa Fabricio.