Esqueceram-se da bandeira?

Mais uma vez, nas eleições brasileiras, os candidatos atuaram como políticos amadores. Chegaram ao dia das eleições sem que tivessem elaborado qualquer programa de governo. Além de injustificável, isso é muito lamentável, pois soa como se alguém que fosse votar ignorasse onde estaria a urna. E nem seria necessário grande trabalho para identificar uma excelente inspiração para um grande programa de governo, inscrita na bandeira do Brasil: ORDEM E PROGRESSO! Dentro do ditame da ordem haveria tolerância zero para a corrupção de qualquer natureza, para os funcionários públicos, até do mais alto escalão. Será que existem quaisquer resquícios de ordem em um país onde alguns de seus ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) desengavetam processos já julgados, com ações condenatórias, anulam a decisão de outros ministros, seus pares, efetuam novo julgamento e, mediante barganha escusa e fraudulenta, libertam os ladravazes do dinheiro do governo – que é também do povo – sem qualquer tipo de condenação? 

Enquanto isso, seus pares, os ministros restantes – homens e mulheres dignos e respeitáveis e de caráter ilibado – permanecem indiferentes, para o desespero do povo. Será que, em assim agindo, não estarão prestando um desserviço à Pátria, expondo a imagem do majestoso e respeitável STJ a ser denegrida?

Desconheço a existência, na Constituição, da existência de algum parágrafo especial concedendo direitos específicos de lapidar o povo, a nação. A quem recorrermos, depois disso? É isso que nos tem mostrado a mídia, com repetida frequência. Existem casos em que fatos como esses ocorrem diariamente com muitos juízes (felizmente não a maioria), ministros do governo, deputados, senadores, vereadores, prefeitos e governadores. Todos eles agraciados e protegidos pela infalível e nociva impunidade.

Haverá, por acaso, ordem, em um país onde ocorrem fatos calamitosos dessa natureza?

Faz algumas décadas, quando em sua vinda ao Brasil, o finado presidente De Gaule, da França, afirmou textualmente: “este, positivamente, não é um país de gente séria!.”

Para nós, brasileiros honestos, é duro ter que engolir uma dose de verdade como essa, dita por um estrangeiro tão digno e respeitável, como De Gaule. Curiosamente, não obstante, é de pasmar a quase nula atenção dada pelos candidatos postulantes a presidente mais votados nas últimas eleições. Aquele que não considera o problema da corrupção, o mais grave para o país, no momento, é porque está se dando ou espera se dar bem com ele. É necessário que todos os homens de bem e honestos, juntos, procurem resgatar a credibilidade em todos os homens públicos e denunciem, na mídia, sempre, os casos conhecidos, cobrando punição. Necessário, também, é reconhecer que os corruptos estão desafiando a Deus e que seu cantinho no doloroso inferno está sendo reservado. As áreas de progresso mais carentes neste momento são educação, saúde e trabalho em geral. Amemos ao Brasil e confiemos em Deus e em nossa pátria.

Erly Bon Cosendey é professor aposentado de pediatria da UFRJ. – e-mail: erlycosendey@gmail.com.

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