Estado do Rio deverá ter nova divisão administrativa

Divisão atual, segundo a Fundação Ceperj, não representa a realidade das mudanças na organização especial do estado. Centro-Norte Fluminense, não existe oficialmente

O estado do Rio de Janeiro deverá ganhar, nos próximos anos, uma nova divisão administrativa de governo. A sugestão é da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj), que vê uma grande necessidade de uma nova regionalização para o estado, que sofreu muitas mudanças na sua organização espacial. A última divisão administrativa em regiões de governo data de 1987, por força da lei nº 1.227/1987, que aprovou o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social 1988/1991.

No atual plano, o estado do Rio de Janeiro é dividido em oito regiões: Metropolitana, Noroeste Fluminense, Norte Fluminense, Baixadas Litorâneas, Serrana, Centro-Sul Fluminense, Médio Paraíba e Costa Verde. A Região Centro-Norte Fluminense, por exemplo, tão defendida pelos moradores da parte baixa da Região Serrana, e que engloba dez municípios – Cantagalo, Cordeiro, Bom Jardim, Duas Barras, Sumidouro, Carmo, Macuco, São Sebastião do Alto, Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena –, não existe oficialmente. Todos esses municípios estão inseridos na Região Serrana, que inclui Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e São José do Vale do Rio Preto, tidos como distantes da realidade da parte de cá da serra. Inclusive, há correntes em todos esses municípios que defendem a criação oficial da Região Centro-Norte Fluminense.

O estudo em relação à Região Serrana apresentado pela Ceperj conta com dados colhidos antes da tragédia climática de janeiro de 2011. A própria fundação admite que eles estão desatualizados, tendo em vista que a economia da região foi profundamente afetada, implicando em alteração da produção, assim como da oferta e demanda da mão de obra. Além disso, problemas ambientais e sociais se acentuaram.

A atual Região Serrana é marcada, conforme a Fundação Ceperj, por duas unidades espaciais diferenciadas. A primeira caracteriza-se por apresentar grande dinamismo, em função das atividades industriais e turísticas, abrangendo os municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Nos dois primeiros, também é importante a produção de hortifrutigranjeiros.

Nova Friburgo e Petrópolis são os principais polos regionais. Nova Friburgo desempenha as funções industrial, de comércio e de prestação de serviços, exercendo influência sobre quase todos os municípios da Região Serrana. Apresenta indústrias de gêneros diversos, destacando-se as de vestuário, têxtil e metalurgia. Predomina a indústria tradicional, representada por pequenas e médias empresas, sobretudo as de vestuário e têxteis.

Nova Friburgo é o núcleo do Polo Regional de Moda Íntima, composto, também, pelos municípios de Bom Jardim, Macuco, Cordeiro, Duas Barras e Cantagalo.

Para a Ceperj, é visível a influência da função turística na economia de Nova Friburgo, que apresenta rede de hotéis de bom padrão. Atualmente, a preocupação com o uso sustentável do meio ambiente tem motivado o desenvolvimento do ecoturismo. O setor primário, embora tenha pouca participação na produção total do município, destaca- se pela olericultura, despontando também a floricultura. A agricultura constitui uma atividade estável e com algumas características empresariais.

A outra unidade, englobando o restante da atual Região Serrana – parte mais baixa, de Bom Jardim a Santa Maria Madalena –, apresenta, conforme dados da Fundação Ceperj, “um fraco desempenho econômico, em função da substituição da atividade cafeeira pela pecuária extensiva, em solos empobrecidos, trazendo baixos índices de produtividade, o que tem servido para forçar o êxodo de parcelas consideráveis da força de trabalho rural. Por outro lado, a atividade industrial como, por exemplo, a concentração, em Cantagalo, de atividades em torno da produção de cimento e a fabricação de artefatos de concreto, não possui o dinamismo suficiente para alterar este cenário.”

Finalizando, a Ceperj destaca que “é importante destacar a existência, em todas as regiões, de sérios problemas ambientais associados à inexistência de saneamento básico, à coleta e disposição de resíduos sólidos e à ocupação indevida das margens dos rios e das encostas.”

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