Uma estilista de Nova Friburgo trocou a produção de vestidos de noiva e festa para dar lugar à de máscaras de tecido personalizadas. As peças, fabricadas inicialmente por Luisa Pimenta, seus pais, Marise e Marcello, sua prima, Renata, e seu namorado, Daniel, tinham uma finalidade nobre além de proteger contra o novo coronavírus: serem trocadas por alimentos não perecíveis para famílias afetadas pela quarentena no município.
“Minha mãe tinha muitos tecidos em casa e me perguntou o que eu achava de fazer máscaras para trocar por alimentos. Comprei a ideia na hora e transformamos o ateliê de vestidos de noiva no ponto de troca da campanha”, afirmou Marise.
O projeto de Marise e Luisa começou tímido, com 50 máscaras para serem trocadas por, no mínimo, um quilo de alimento cada. Mas a ideia de ter uma equipamento de proteção individual estilizado e ainda poder ajudar quem precisa agradou tanto que a estilista e sua família passaram a ter a ajuda de voluntários para aumentar a produção.
“No primeiro dia de trocas as máscaras terminaram em 5 minutos e muita gente acabou ficando sem. Como fazíamos tudo de forma mais artesanal, cortando tecido por tecido, não conseguíamos fazer muitas unidades. Mas a repercussão foi tanta que conseguimos muita ajuda. Os tecidos passaram a ser cortados de forma industrial, também recebemos doação de elásticos, tecidos e toalhas de papel, ganhamos reforço na equipe de costura e até brownies para presentear quem doasse mais de 2 kg de alimento”.
O projeto, que começou na segunda quinzena deste mês de abril, terminou no último fim de semana, com a entrega de cestas básicas montadas com os alimentos arrecadados. Depois do sucesso do primeiro dia de trocas, a meta da campanha era conseguir 500 kg de alimento para doação. “A campanha foi maravilhosa. Produzimos um total de 500 máscaras e conseguimos arrecadar 910 kg de alimento”.
As 90 cestas básicas geradas pela iniciativa foram doadas para famílias da localidade de Prainha, no distrito de Campo do Coelho, região também muito afetada pela tragédia climática que atingiu a Região Serrana do Rio em 2011.
“Escolhemos a Prainha por ser um bairro muito pobre e que praticamente acabou depois da tragédia. Fazer essa campanha e poder doar esses alimentos para essas famílias mudou minha visão em relação a situação que estamos vivendo. Temos acesso a muita informação, temos o que comer e, mesmo assim, reclamamos demais. Eles ficaram tão felizes e gratos, nos deram uma aula de como agir”, conta a estilista.