Ex-chefe da Defesa Civil contesta número de vítimas em tragédia

Apesar disso, uma lista extraoficial começa a ser construída e será apresentada em seminário

O atual subcomandante do Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey, que, na época, era o responsável pela Defesa Civil de Nova Friburgo, contesta as entidades que afirmam que o número de vítimas, entre mortos e desaparecidos, da tragédia na Região Serrana, em 2011, pode ter sido superior ao que foi registrado na época.

– Quero reafirmar que, em Nova Friburgo ao menos, isso não tem o menor cabimento. Entre dezenas de argumentos, um bem simples: só se eram famílias sem crianças nas escolas, porque, quando as aulas recomeçaram, os alunos faltantes já eram os que constavam das listas oficiais. Pura especulação desnecessária e até irresponsável – garantiu Roberto Robadey através das redes sociais.

Os dados oficiais do Governo do Estado apontam 918 mortos, e o Ministério Público Estadual, 103 desaparecidos. A suposta subnotificação de mortes foi identificada através de relatos de pessoas que moravam nas áreas atingidas e que não conseguiram oficializar a perda de parentes.

Segundo o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) de Petrópolis e associações das vítimas, entre outras entidades de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis, cerca de 10 mil pessoas podem ter morrido ou desaparecido nas chuvas que atingiram a região naquele ano.

Além do relato de parentes, as entidades levam em conta a divergência entre o número computado de mortos em determinadas localidades e a quantidade de “relógios de luz” que havia nestes locais, segundo a própria concessionária de energia elétrica, a Ampla. “Acreditamos que aproximadamente 10 mil pessoas foram afetadas. Haver pouco mais de mil (mortos e desaparecidos), como é divulgado, é um número irreal pela proporção da tragédia”, afirma o frei Marcelo Toyansk, que está à frente da Associação de Vítimas de Teresópolis (Avit).

Uma lista extraoficial com o nome de mortos que não teriam sido computados começou a ser construída e o assunto será debatido durante um seminário nacional em outubro, no Rio de Janeiro. O encontro tem como objetivo chegar mais perto do que os envolvidos consideram um número real de vítimas para torná-lo oficial, o que vai impactar não apenas na vida de cada sobrevivente, mas, também, na realidade dos municípios afetados. Muitas famílias ainda aguardam o reconhecimento das mortes na Justiça para receber auxílios e benefícios.

A Secretaria de Estado de Defesa Civil, que atuou nos municípios afetados na época da tragédia, sobre a suposta subnotificação das mortes apontada pela rede de associações, afirmou que a questão deveria ser levantada com o Ministério Público Estadual, que informou que somente a Defesa Civil pode, oficialmente, fornecer esses dados. A Defesa Civil Estadual ressaltou que o trabalho de resgate realizado em janeiro de 2011 somente foi finalizado após não haver mais possibilidade de encontrar vítimas com vida e corpos.

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