Holcim e Lafarge podem se unir e criarem maior grupo mundial do segmento
As cimenteiras Holcim e Lafarge fizeram proposta para vender ativos no Brasil com capacidade para produção de cerca de 3,6 milhões de toneladas de cimento por ano, na tentativa de obterem aprovação de autoridades para a fusão que criará o maior grupo do setor no mundo.
Os ativos para alienação pelas empresas em proposta ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) envolvem duas fábricas de cimento da Lafarge nas cidades mineiras de Arcos (500 mil toneladas) e Matosinhos (1,1 milhão de toneladas) e uma fábrica da Holcim em Cantagalo (1,2 milhão de toneladas), no estado do Rio de Janeiro.
A capacidade proposta para a venda é equivalente a cerca de um terço da produção de ambos os grupos em 2012, de 10,691 milhões de toneladas, segundo dados mais recentes da entidade que representa o setor no Brasil, o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic).
Além das fábricas, a proposta inclui duas unidades de moagem da Lafarge, com capacidade conjugada para 700 mil toneladas anuais, e uma usina de concreto da Holcim, em Pouso Alegre (MG). Representantes do Cade não puderam comentar o assunto de imediato. “Os desinvestimentos propostos foram apresentados ao Cade no contexto de negociações anteriores e serão objeto de análise e discussões até que uma decisão final seja alcançada com a autoridade”, disseram as companhias em um comunicado à imprensa.
A Holcim e a Lafarge precisam se desfazer de ativos, gerando cerca de 5 bilhões de euros (US$ 6,71 bilhões) em receita anual para persuadir reguladores de competição ao redor do mundo a aprovarem a fusão das empresas anunciada em abril. A operação criará um grupo com vendas anuais combinadas de US$ 44 bilhões.
No Brasil, a fusão das duas empresas criará a terceira maior empresa do setor, atrás de Votorantim Cimentos e Intercement, do grupo Camargo Corrêa, segundo dados do Snic.
Os ativos a serem vendidos por Lafarge e Holcim no País podem interessar a grupos como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Perguntado por analistas se a CSN teria interesse nos ativos, o diretor de relações com investidores da CSN, David Salama, afirmou que a empresa “acompanha os movimentos de mercado, se surgir oportunidade vamos analisar, dentro de nossa filosofia de avaliar se a aquisição criará valor para a empresa como um todo”.
A CSN mantém, em Arcos, uma fábrica de clínquer, principal insumo para a produção de cimento, que produz 2,5 mil toneladas por dia e abastece a moagem da empresa instalada na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda (RJ). A empresa trabalha na implantação de uma nova unidade de moagem em Arcos, que ampliará a capacidade da empresa de 2,4 milhões para 5,4 milhões de toneladas anuais.