‘Foi uma forma de participação comunitária’

E não deu outra. Com a injeção de ânimo, João Moreira acabou sendo eleito em chapa única e encontrou uma associação praticamente “quebrada”, como ele mesmo diz, com apenas R$ 265,40 em caixa. “Esta foi uma forma que encontrei de participação comunitária. Precisava ter essa experiência, me envolver com a cidade e, de alguma forma, dar a minha contribuição, me sentir útil”, completa.

João Moreira destaca algumas ações que considera de maior vulto na sua gestão à frente da Aciacan. Uma delas foi a criação da Feira de Produtos Agrícolas de Cantagalo, na Praça Zilda Estorani Guzzo. A proposta, segundo ele, era incentivar outros segmentos defendidos pela associação, mas, até então, meio esquecidos, como as áreas agrícola, agropecuária e de serviços. “Só se falava em comércio, então decidimos ampliar os horizontes e dar oportunidade de outros setores aparecerem. Queríamos mostrar que a Aciacan era bem mais que apenas defensora dos interesses do comércio, que a instituição era mais ampla”, diz.

Naquela ocasião, a Câmara Municipal, vendo que a ideia poderia dar certo, chegou a discutir a implantação de um grande galpão, através da Prefeitura, para a criação de uma espécie de mercado municipal. A intenção era utilizar financiamento via a extinta Companhia de Desenvolvimento de Cantagalo (Comdecan). Mas o projeto não chegou a sair do papel e do campo das ideias.

Outra ação que marcou a administração de Moreira foram as várias reuniões realizadas no Rio de Janeiro entre a diretoria da Aciacan, a técnica do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Márcia Bittencourt, e o proprietário da Fazenda Chalé, localizada na Taquara de Baixo, zona rural do primeiro distrito de Cantagalo. Rui Simões tinha interesse em negociar uma ampla área, às margens da RJ-170 (Cantagalo-São Sebastião do Paraíba, quarto distrito) para o projeto de construção de um aeroporto, cujas discussões, envolvendo a Aciacan, o Governo do Estado e o DAC (Departamento de Aviação Civil), já vinham se arrastando desde a gestão anterior, do comerciante Wellington Folly.

– Era uma proposta muito tentadora, interessante e que colocava Cantagalo no centro das atenções até em nível nacional. Até bem pouco tempo, esse tema ainda era discutido. Embora não tenha sido concretizado, não foi por falta de empenho, pelo menos por parte da Aciacan, nas suas mais variadas gestões –, destaca Moreira.

Nascido em Socorro (SP), mas criado em Itatiba (SP), João Moreira veio para Cantagalo com 21 anos, em março de 1979. Era o primeiro mandato do prefeito Wilder de Paula (1977-1982), que nomeou para secretário de Obras Joaquim Adão Ferreira, que era de São Paulo e que veio para a cidade através de César de Paula, sobrinho do então prefaeito. Na época, César de Paula presidia a Cohab (Companhia de Habitação de São Paulo), após ter sido secretário de Obras de da Prefeitura de Campinas (SP). Eles foram a porta de entrada de João Moreira em Cantagalo. “Disse que se houvesse oportunidade eu toparia. Ela surgiu e eu vim para cá”, lembra.

– Em 1981, após trabalhar na Prefeitura como técnico em edificações, área na qual já havia me formado, deixei a Prefeitura e fui trabalhar como desenhista-projetista na Votorantim, também em Cantagalo, onde fiquei até outubro de 1986. Saindo, abriu, em sociedade, uma loja de autopeças, mas, anos depois, voltei para o meu ramo de atividade e incluí a corretora de imóveis, já que também havia feito o curso de técnico em transações imobiliárias através do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis) – conta Moreira, que é formado em gestão de negócios pela Universidade Candido Mendes. Ele é casado com a dentista cantagalense Rozimar Campos Goulart, com quem tem um filho, que cuida dos negócios com o pai.

Durante sua gestão, João Carlos Moreira foi o primeiro a, através de assembleia com participação da diretoria e associados, propor a adequação do estatuto da Aciacan, datado de dezembro de 1931.

Esse estatuto foi o primeiro, referente à sua criação, e havia necessidade de atualização da linguagem arcaica do documento, fruto de duas reformas ortográficas realizadas no Brasil (1931 e 1971). Em duas reuniões em 1997, o novo estatuto, sem mudanças significativas, apenas com a adequação do vocabulário, foi aprovado.

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