Estudo foi realizado pelo programa Estratégia de Saúde da Família em Carmo
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), no artigo 81, proíbe, expressamente, a venda de bebida alcoólica a criança e a adolescente. No entanto, é comum se ver adolescentes adquirindo bebida alcoólica em bares e supermercados. Há casos em que os pais pedem ao filho para ir comprar uma garrafa de cerveja ou “pinga” no bar. Há casos em que os adolescentes compram a bebida em supermercados para consumirem escondidos dos pais. Enfim, essa lei, ainda desconhecida por muitos e destinada a proteger a criança e o adolescente, tem sido infringida continuamente e das mais variadas formas.
Pesquisas mostram que crianças estão experimentando bebidas alcoólicas cada vez mais cedo. Um estudo realizado por uma equipe do programa Estratégia de Saúde da Família de Carmo nas escolas, com alunos entre 11 e 18 anos, mostrou que 80% ingeriram algum tipo de bebida alcoólica, em sua maioria meninas. A grande maioria relatou usar em festas e com a influência de amigos e familiares.
Segundo a enfermeira Ana Cristina dos Santos, especialista em atendimentos a dependentes químicos, muitos jovens passam por esta fase e conseguem consumir socialmente. Entretanto, outros, por motivos genéticos, sociais e familiares, entram no mundo da dependência, podendo levá-los a outros tipos de drogas, trazendo, assim, prejuízo social, profissional, educacional, emocional, psíquico, e familiar. Em alguns casos, o jovem recorre as bebidas e drogas em decorrência de desequilíbrio familiar.
– Acreditamos que de nada vale a lei se ela não for cumprida ou se for esquecida pelo povo, já que a facilidade em adquirir bebidas em bares e, principalmente, em festas, como as exposições agropecuárias, que são comuns na região, é muito grande. São períodos onde as estatísticas hospitalares aumentam a cada ano. Em alguns casos, adolescentes acabam entrando em coma alcoólico devido à ingestão excessiva de álcool. Uma vez comprovada a dependência, não existe cura. Entretanto, existem serviços de saúde mental onde o usuário pode ser acompanhado por equipes especializadas. Devem, os pais, ficarem atentos às saídas dos filhos, procurando saber “com quem anda e aonde vai”, conforme o próprio dito popular. Prevenção é a solução – concluiu Ana Cristina.