Secretaria de Saúde conta com ‘tropa de elite’ reconhecida internacionalmente
A paixão pela medicina e por salvar vidas não são os únicos elos entre Francisco Nicanor, Márcio Cunha, Eduardo Faveret, João Recalde, Paulo Niemeyer, Cid Pitombo e Bruno Costa. Reconhecidos internacionalmente, esses médicos têm outra paixão em comum: escolheram desenvolver suas carreiras em hospitais públicos. Eles fazem parte do grupo de profissionais que está sendo chamado de “tropa de elite” da rede estadual de saúde.
Filho de um dos maiores neurocirurgiões do país, Paulo Niemeyer Filho integra o time especialistas que colocam sua experiência e conhecimento em prol da rede pública estadual. Além de dirigir o Instituto de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia do Rio, comanda o setor de neurocirurgia do Instituto Estadual do Cérebro, operando seus pacientes em um ambiente altamente tecnológico. “A recompensa é a concretização de um desejo de muitos profissionais da área de neurocirurgia: a possibilidade de termos um lugar onde podemos atuar juntos, transmitindo conhecimento, produzindo trabalhos científicos e nos tornando um grupo de referência. Temos um aparelho de ressonância magnética dentro do centro cirúrgico. Isso é inédito”, disse Niemeyer.
Especializado em cirurgia de mão e microcirurgia técnica na França, o cirurgião João Recalde criou, há três anos, um projeto dedicado ao reimplante no Hospital Adão Pereira Nunes, na Baixada. Entre mais de 100 pacientes reimplantados, o caso que mais o marcou foi o do menino Lucas de Oliveira. Atropelado na porta da casa do avô, ele teve a perna direita esmagada. “As chances de sucesso do reimplante eram de apenas 30%, mas Lucas recuperou quase todo o movimento do membro. Ver o paciente retomando sua vida, não tem nada que pague. O médico é um idealista e tem o propósito de fazer o bem à população de baixa renda. Por isso, sempre desejei que o reimplante fosse oferecido pelo serviço público, pois é onde está a grande maioria dos casos”, explicou Recalde.
Outro profissional de renome que dá expediente na rede estadual é o cirurgião Cid Pitombo. Especializado em laparoscópica nos Estados Unidos, passou por grandes centros de cirurgia bariátrica norte-americanos antes de atender no Hospital Carlos Chagas. Em pouco mais de um ano, já operou cerca de 300 obesos, todos com sucesso. “O segredo é uma boa avaliação no pré-operatório e a estrutura que o hospital oferece para o serviço: UTI e duas enfermarias exclusivas, equipamentos de cirurgia por videolaparoscopia de última geração e tomógrafo capaz de sustentar até 320 kg e arco de abertura maior do que a maioria”, afirmou Pitombo.
Com especialização em pediatria no Canadá, Nicanor, de 53 anos, trabalhou em duas unidades de referência no exterior e passou por clínicas particulares no Brasil. Mas é à frente da Cirurgia Pediátrica Geral e Neonatal do Hospital da Criança que o médico se sente realizado. “Há um mês, depois de 29 anos de carreira, atendi um caso emblemático de reconstrução da genitália de um menino. Uma cirurgia inédita no sistema público. Oferecer atendimento de qualidade para a população mais carente não tem preço”, afirmou Nicanor.
Chefe da Cirurgia Ortopédica do mesmo centro infantil, Márcio Cunha já dedicou 37 dos seus 60 anos à medicina. Com experiência profissional no Reino Unido e nos Estados Unidos, o cirurgião ortopédico pediátrico aceitou o novo desafio pouco tempo depois de sua aposentadoria. “Sempre quis participar de um atendimento de excelência no serviço público e ver que estamos fazendo isso acontecer me dá orgulho. Já cheguei a ser abordado por pais perguntando se teriam que pagar. O hospital é tão organizado que acham que é particular”, disse.
Antes de realizar seu sonho – construir um centro de referência no tratamento de epilepsia no Rio – o neurologista pediatra trabalhou no Hospital Clementino Fraga Filho e passou por uma especialização na Alemanha. De volta ao Brasil, realizou seu desejo: hoje, comanda a coordenação do Centro de Epilepsia do Instituto do Cérebro Paulo Niemeyer. “Sempre recebi muito carinho de todos os meus pacientes”, disse.
Especializado no atendimento de queimados e em cirurgia craniofacial, o cirurgião plástico se ofereceu para implantar o serviço de atendimento a queimados no Hospital Alberto Torres, em São Gonçalo. Conquistou seu espaço, contratou a equipe e adquiriu equipamentos com tecnologia de ponta para a realização de enxertos. “A carência de leitos para esses pacientes me motivou a implantar o serviço no hospital”, explicou.