MP encontra irregularidades no Hospital Antônio Castro

A unidade é qualificada como entidade filantrópica conveniada ao SUS (Sistema Único de Saúde) e presta serviços à Prefeitura de Cordeiro. Durante a inspeção, foram apreendidos diversos medicamentos e materiais hospitalares fora do prazo de validade, sendo alguns deles remédios vencidos desde 2012, havendo fortes suspeitas de que tais medicamentos estavam sendo ministrados regularmente aos pacientes. Foram também apreendidos inúmeros comprimidos sem os nomes das substâncias e sem os respectivos prazos de validade.

Na ocasião, constatou-se que o hospital não tinha diversos medicamentos considerados básicos e essenciais; a farmácia hospitalar funcionava irregularmente (sem a documentação necessária); e não havia climatização na sala utilizada para a realização de pequenas cirurgias e suturas – as janelas permaneciam abertas, possibilitando a propagação de doenças transmitidas por vetores. Além disso, foi verificada a carência de profissionais médicos e de enfermagem.

Durante a realização da diligência, houve queda de energia elétrica, tendo sido o gerador somente acionado manualmente após cerca de 30 minutos.

Por fim, o MPRJ esclareceu que a precariedade dos serviços prestados pela unidade chegou a níveis inaceitáveis, sendo que, durante o período das festividades do final do ano de 2014, houve ameaça de interrupção do serviço de plantão médico, o que motivou o ajuizamento de ação civil pública em face do Município de Cordeiro e do Hospital Antônio Castro.

O pedido do MPRJ foi acolhido pela Justiça, que fixou multa no valor de R$ 50 mil diários para o caso de interrupção do serviço de plantão.

Presidente do hospital renuncia

O presidente do Hospital Antônio Castro, Vítor Purger, pediu demissão do cargo. Ele estava à frente da entidade nos últimos dois anos, desde o início do governo do prefeito afastado Salomão Lemos Gonçalves.

O vice-presidente do hospital, Everaldo Barreto dos Santos, assumiu a presidência da entidade até uma nova eleição. Ele informou que alguns médicos estão sem receber há quase três meses. O motivo são os repasses das verbas do SUS, que representa 50% do recursos repassados ao Hospital Antônio Castro, o restante, são de responsabilidade do Governo Federal (25%)  e do Governo Municipal (255).

Prefeitura intervém no Antônio Castro por 180 dias

O prefeito de Cordeiro, Leandro Monteiro (PCdoB), convocou, na última terça-feira, 10 de fevereiro, às 11 horas, a imprensa para divulgar algumas informações sobre a situação do Hospital Antônio Castro. O encontro foi realizado no Centro Cultural Ione Pecly.

Em decreto assinado pelo prefeito, foi feita a intervenção no Hospital Antônio Castro. Pelos próximos 180 dias, a Prefeitura vai agir diretamente na administração da unidade de saúde.

Segundo o prefeito, várias ações serão feitas no sentido de solucionar a grave crise que a entidade vem passando, o que coloca a população em risco.

Esclarecimentos dos funcionários do hospital
Nós, funcionários do Hospital Antônio Castro, entidade filantrópica de direito privado, através deste, viemos esclarecer sobre notícia divulgada em mídia local e redes sociais.
Como todos sabem, o Hospital Antônio Castro é a única instituição hospitalar em todo o município de Cordeiro, prestando serviços de internação hospitalar, atendimento ambulatorial e pronto-socorro a toda a população da cidade de Cordeiro.
No entanto, acreditamos que não é de conhecimento de todos, mas, só no ano de 2014, o Hospital Antônio Castro realizou 48,2 mil atendimentos. Deste total, 45.819 atendimentos foram prestados a pacientes usuários do SUS, isto é, 95% do atendimento total. Este quantitativo de atendimento é superior ao dobro da população residente em Cordeiro.
No mesmo ano, o Hospital Antônio Castro pagou cerca de R$ 445 mil em compras de medicamentos. Fazendo um simples raciocínio matemático, isto é, 48,2 mil atendimentos para R$ 445 mil, chegaremos à seguinte conclusão: para cada atendimento realizado em 2014, foram disponibilizados apenas R$ 9,23.
Para elucidar um exemplo didático: quadro de virose: administração de dipirona + digesan + 500 ml de soro fisiológico.
Insumos necessários a preço de custo:
Descrição Quantidade Valor
Soro fisiológico 1 unid R$ 3,90
Seringa 1 unid R$ 0,59
Álcool 10 ml R$ 0,20
Algodão 2 unid R$ 0,10
Equipo 1 unid R$ 1,15
Jelco 1 unid R$ 1,20
Luva 1 unid R$ 1,30
Agulha 1 unid R$ 0,05
Dipirona 1 ampola R$ 0,79
Digesan 1 ampola R$ 0,94
TOTAL R$ 10,22
Sendo assim, fica claro que o valor disponibilizado em medicamentos para cada atendimento é insuficiente para o atendimento de um simples quadro de virose.
Em contrapartida, diante desta situação, torna-se necessário o recebimento de doações por parte da sociedade. A população de Cordeiro, de modo geral, contribui muito, trazendo medicamentos que não são mais utilizados por ela. Nós, do Hospital Antônio Castro, somos extremamente gratos pelas doações recebidas. 
No entanto, muitos dos medicamentos doados não são de uso padrão de nosso hospital, e muitos outros têm o término de validade muito próximo ou chegando aqui com o prazo de validade vencido. Tais doações são recebidas e passam por uma triagem. Na triagem, são separados e guardados os medicamentos que podem ser usados. Os medicamentos vencidos são descartados. 
Ressaltamos que todo e qualquer medicamento que é ministrado em um paciente em nosso hospital, antes de sair do estoque, é feita uma conferência na qual verificamos a validade do medicamento e confrontamos a ministração do medicamento com a requisição e prescrição médica. Além disso, a enfermagem antes da ministração da medicação ao paciente confere itens, tais como: prescrição, validade, dosagem e a forma farmacêutica. 
Sobre a veiculação de que é ministrada aos pacientes do Hospital Antônio Castro medicação sem controle do lote e validade, podemos entender desta forma: o medicamento vem em um blister (cartela), onde a impressão de dados, como lote e validade, geralmente, vem na borda superior.
Como todos sabemos, o uso do medicamento é fracionado, sendo assim, não sai do estoque a cartela inteira com o número do lote e prazo de validade, isto é, fica na farmácia o blister que foi fracionado com o número do lote no qual o comprimido foi dispensado. Caso haja suspensão de medicamentos, este retorna para a farmácia, e, na manhã seguinte, passando por uma triagem, quando é analisado se ainda está próprio para uso ou enviado para descarte.
Lembramos que, mesmo diante dessa situação de dificuldade financeira que nosso hospital passa, nenhum paciente deixou de ser atendido ou receber o tratamento necessário durante a prestação do serviço. Continuamos contando com a colaboração da população com a doação de medicamentos e outros materiais. Agradecemos muito toda a ajuda recebida em prol do nosso único hospital.
Sem mais, colocamo-nos à disposição da população cordeirense. 
Atenciosamente,
Funcionários do Hospital Antonio Castro.

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