O Dia Internacional da Mulher simboliza a luta histórica das mulheres para terem seus direitos equiparados aos dos homens. Ocupando espaços e lutando contra desigualdades, elas avançam e preenchem lacunas. O Governo do Estado do Rio tem sido lugar para histórias de protagonismo feminino no campo acadêmico, no desenvolvimento tecnológico e no empreendedorismo.
No meio acadêmico, a presença feminina serve de inspiração e ressalta o processo de rupturas culturais. A primeira reitora negra de uma instituição universitária estadual, na Zona Oeste, Luanda Moraes, fala dos desafios que enfrentou para alcançar seus objetivos.
– Na universidade, as mulheres precisavam provar mais do que os homens para terem respeito. Estamos no século XXI e ainda há preconceito com as mulheres no mercado de trabalho. Quando a mulher consegue ingressar, as remunerações são cerca de 20% abaixo do que a dos homens. Isso é reflexo de uma sociedade pautada no machismo. Ainda se entende que as mulheres precisam ficar em casa, mas já foi comprovado que a nossa jornada é tripla. Tivemos avanços, sim, mas é importante saber que não podemos relaxar. Ainda estamos no início da caminhada pelo reconhecimento dos nossos valores – destacou Luanda, que está à frente da Uezo (Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste).
A reitora falou ainda sobre a presença de mulheres negras nas universidades.
– As políticas públicas de reparação do racismo estrutural são de uma grande importância para o aumento de mulheres negras nas universidades. As ações de inclusão nos permitem ocupar espaços e servir de inspiração para que outras meninas e jovens negras saibam que podem ocupar todos os espaços. Isso vai resultar, consequentemente, na inclusão das mulheres no mercado de trabalho formal com uma maior remuneração – observou a reitora.
Estudante da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), Eduarda Letícia Nogueira Borquet, de 14 anos, ganhou medalha de prata na OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica) e medalha ouro na MOBFOG (Mostra Brasileira de Foguetes). A adolescente fala sobre suas conquistas e ressalta as suas incentivadoras.
– Eu aprendi a gostar de matemática com o incentivo da minha mãe e da professora. Minha mãe é a minha grande inspiração, ela sempre acreditou em mim. Estudar na Faetec é uma experiência incrível, a gente realmente é incentivado a ir além. Na OBA e na MOBFOG foram 20 medalhistas, sendo 13 meninas. Isso nos dá cada vez mais motivação para ocupar todos os espaços que quisermos – destacou a estudante.
Professora de Matemática da Faetec, Katia Machinez ressalta a importância de incentivar as meninas desde cedo, na escola e no ambiente familiar.
– Fui aluna de escola pública e hoje, como professora, a minha prioridade é estimular e preparar os meus alunos para aproveitar todas as oportunidades e expandir os estudos. É primordial envolver as meninas nas áreas de Tecnologia, Ciências e Matemática. A gente vê claramente, que culturalmente, as áreas tecnológicas nunca foram “a praia” das meninas. É muito importante motivar e mostrar que elas são capazes. Ainda há muito para se caminhar, mas estamos fazendo a nossa parte para esse avanço.
A engenheira de produção Caroline Silva é moradora de Volta Redonda, no Sul Fluminense, e fundadora da startup “Women Angel”. Ela sempre trabalhou com ações voltadas para o impacto social com tecnologias aplicadas a soluções para a vida das pessoas. Em 2019, surgiu a ideia de criar uma empresa que trabalhasse com a grave questão da violência contra a mulher. Com a chegada do programa Startup Rio, do Governo do Estado, nas cidades do interior, foi possível criar a “Women Angel”, com objetivo de empoderar e proteger as mulheres.
– Nós desenvolvemos um aplicativo para celular no qual uma mulher em situação de perigo pode acionar em poucos segundos pessoas de confiança para lhe ajudar. Basta abrir o programa e apertar o “botão do pânico”. Duas “Angels” (contatos que a mulher cadastrou no sistema) vão receber o pedido de ajuda e a localização em tempo real. Além disso, temos um programa de capacitação para mulheres em vulnerabilidade financeira para que elas consigam desenvolver atividades empreendedoras – explicou.
Caroline acredita que é importante que as mulheres apresentem soluções sociais para outras mulheres.
– As mulheres estão evoluindo, estamos ocupando cada vez mais os espaços, mas ainda falta muito quando se fala da mulher na posição de liderança, de tomada de decisões ou em áreas tecnológicas. A mulher sente na pele a desigualdade, o salário inferior, a questão da violência. Tudo isso precisa ser cada vez mais debatido e é preciso ir em busca de soluções que vão surgir a partir das próprias mulheres – enfatizou.