O município de Nova Friburgo ganhará um Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Esses equipamentos têm sido usados por profissionais da área de saúde que atuam na linha de frente da pandemia da covid-19. O objetivo é garantir qualidade aos produtos feitos no Brasil e dar suporte à indústria para adaptação de linhas de produção, uso de tecnologia e capacitação.
O projeto foi um dos contemplados pelo edital Ação Emergencial Projetos para Combater os Efeitos da Covid-19, do governo fluminense, e terá apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Vinte e três pesquisadores estão engajados no projeto, sob a vice-coordenação do professor do Instituto de Saúde de Nova Friburgo, da Universidade Federal Fluminense (ISNF/UFF), Cláudio Fernandes. De acordo com Fernandes, foram percebidas deficiências no processo de qualidade no mercado de EPIs. Segundo ele, os materiais disponíveis no Brasil não são adequados.
“Apesar de o marco regulatório brasileiro prever que as empresas sejam registradas e mantenham a qualidade, ainda não existe no Brasil um processo de vigilância dessa qualidade. A gente não tem feito isso de maneira ativa. A crise da covid expôs ainda mais esse problema“, disse o professor.
Há fragilidade nos materiais disponíveis tanto para proteção de médicos, enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, entre outros profissionais da saúde, como também da população que, segundo ele, vai precisar usar máscara de barreira ainda durante muito tempo.
O segundo aspecto negativo é a concentração de produção em um único país (China), o que torna a indústria muito dependente do mesmo fornecedor. Cláudio Fernandes destacou que o Brasil tem capacidade tecnológica para fazer conversão industrial e aplicar também suas experiências nesse campo. Nova Friburgo tem mais de 1,3 mil empresas da área têxtil e, particularmente, da moda íntima. “É claro que isso não é suficiente, porque a EPI é outra expertise”, reconheceu Fernandes. Mas existem similaridades em alguns aspectos que permitem uma conversão tecnológica mais ágil. Em Nova Friburgo, estão situados dois grandes polos de pesquisa que reúnem setores de saúde, microbiologia, imunologia, biologia voltada às necessidades humanas da UFF, e o polo de engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), com química de polímeros, têxteis, entre outros setores.
O projeto aguarda a liberação dos recursos pela Faperj. A ideia é que o centro de pesquisa possa iniciar os trabalhos até o final deste ano, dada a urgência da pandemia. o momento, está sendo feito o levantamento tanto das tecnologias empregadas atualmente quanto das demandas das secretarias municipais de Saúde sobre o uso de EPIs. Atualmente, 180 empresas do Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo já estão fabricando 11 milhões de máscaras de barreira de tecido por mês para a população.
Estão engajados no projeto o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo (Sindvest), o Polo de Moda do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), as empresas Quipo e Media Glass, especializadas em inteligência artificial, bigdata e telemedicina, e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), por meio do projeto da Rede de Empresas Fluminenses contra Efeitos da Covid-19.