O peixe morre pela boca

Existe um ditado antigo que diz que “o peixe morre pela boca”. Esta é uma verdade não só para os peixes, mas, também, para os homens. Nós inventamos tanta porcaria para comer que podemos dizer, sem medo de errar, que estamos morrendo pela boca. De algumas décadas para cá, apareceram inúmeras doenças e os homens estão sofrendo de males que no passado não existiam. Grande parte deste quadro vem, sem dúvida, da má alimentação da vida moderna e da péssima qualidade dos alimentos ingeridos, que são produzidos sem a mínima preocupação com a saúde de quem vai ingeri-los. Existe uma indústria inescrupulosa que produz cada vez mais venenos e agrotóxicos de todos os tipos e os coloca no mercado sob a falsa ideologia de combate à fome e aumento das safras (leiam lucros). Essa indústria diz ao agricultor ignorante que os produtos são necessários e que nas dosagens corretas não fazem mal algum ao ser humano.

Por outro lado, existem os agricultores que sabem dos efeitos destes venenos, mas não se preocupam e usam até em doses maiores do que as recomendadas para que seu produto seja mais bonito. Muitos já ouviram de algum agricultor que para a sua família os morangos e os tomates são outros, aqueles feios que estão plantados em uma pequena horta ao lado de sua casa. Para a venda nos mercados, é a grande plantação, cheia de remédios e venenos. São os mais bonitos, mas, como as sereias, seduzem e matam. O problema é que esta agricultura criminosa se espalhou de tal forma dentro da nossa cultura que hoje é muito difícil separar o joio do trigo e não sabemos mais em quem acreditar. Recentemente, uma pesquisa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostrou a situação caótica em que nos encontramos, inclusive com o uso de agrotóxicos proibidos, que entram ilegalmente no país.

O pimentão, aquele vermelho e bonito que chama a nossa atenção nos supermercados, ficou na liderança, com 92% das amostras contaminadas e impróprias para o consumo. Em seguida, vem o morango (63%), o pepino (57%), alface (54%), cenoura (50%), abacaxi (33%) e muitos outros. Estes venenos têm efeitos cumulativos no organismo e causam inúmeras doenças cardíacas, neurológicas, endócrinas, imunológicas e algumas transmissíveis para a próxima geração.

O antigo ditado é uma realidade que o nosso mundo moderno insiste em não levar em consideração. Enquanto isto, o homem vai ao encontro de seu destino, cada vez mais doente, pelo ar que respira, pela água que toma e pela comida que ingere. Isto é realmente progresso?

 

*Célio Pezza é escritor e autor de diversos livros, entre eles:  ‘As Sete Portas’, ‘Ariane’, e o seu mais recente ‘A Palavra Perdida’.

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