Ontem, hoje e amanhã!

Marcial Carlos Ribeiro*

Estou pensando na situação de meu país. Vou refletir em apenas alguns pontos. Corrupção é norma, parece que é uma prerrogativa dos inteligentes, todos ficam ricos de maneira rápida e inexplicável. Governos, empresas, políticos, pessoas jurídicas ou pessoas físicas cultivam essa inteligência, e nós, os outros, a imensa maioria, somos o quê?

O programa Mais Médicos é um acinte ao bom senso, não há estrutura nos locais para onde tais médicos são enviados. Outra questão é a forma de contratação, com valores para intermediários e governo, nesse caso o cubano e segue-se a política de contratos obscuros ou em segredo. Na prática, o programa começa a produzir fumaça, desistências, abandonos, insatisfação de um trabalho escravo. Que o Brasil precisa de mais médicos é indiscutível, médicos bem formados, com experiência adquirida em hospitais qualificados, em que a formação exige a técnica, mas também cultura profissional de verdadeiros cidadãos que trabalharão com o mais precioso dos dons do ser humano, a sua própria saúde.

Analisem a situação dos hospitais públicos neste país, os próprios, as santas casas, os filantrópicos, em sua grande maioria. Lamentavelmente, a televisão está a nos mostrar, dia sim, dia não, a situação lamentável em que se encontram. Falta tudo: gestão, capacitação, manutenção, atualização, entre outros. Construir hospitais em épocas de eleição é chave de sucesso eleitoral, mas, em seguida, o seu mau funcionamento, a sua manutenção inexistente, sucateiam os locais, mas a qualificação da assistência médica não depende de construir hospitais. Há o tempo para construir e o tempo do abandono. Alguns estados, como São Paulo, têm política para ensinar, constroem hospitais e entregam a sua administração para agentes filantrópicos, sendo assim sucesso absoluto. Não há como comparar a administração por nomeações políticas com administração privada e com metas a cumprir.

O ensino sucateado, as escolas abandonadas sem reparos, algumas públicas sequer com merendas, os professores não valorizados, a falta de estímulo à progressão de conhecimento cada vez maior, a fuga de cérebros para a iniciativa privada ou o abandono do país. É profundamente lamentável, é triste vermos o caminho que se segue. A educação é a base sobre a qual se constrói um grande país. Os países mais adiantados têm a melhor educação, que edifica a cultura de um povo e lhe dá o direito de ascensão profissional. Todos estão em busca de realização pessoal, ou seja, em busca da felicidade.

Acaba de acontecer a posse da eleita na Presidência da República e, agora, o foco é a educação, como se uma varinha mágica alterasse a situação caótica do ensino no Brasil. Longe disso. Serão anos e anos para modificar o que aí está e, no seu segundo mandato, a presidente entende que a situação do ensino precisa mudar. Agora, vamos torcer para que isso seja uma realidade e não outra fantasia apregoada na campanha política, sobretudo na questão da política financeira, sem dúvida necessária e que desejamos seja realista para recuperar o país. As dificuldades para o país serão enormes no ano em curso, e nos próximos anos, mas não há outra solução.

 

*Marcial Carlos Ribeiro é instituidor da Fundação de Estudos das Doenças do Fígado, comendador da Ordem do Mérito Médico Nacional pela Presidência da República e diretor superintendente dos hospitais São Vicente – Funef (Curitiba).

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