Sebastião Carvalho sugere Dia do Desbravador
No dia em que Cantagalo completou 200 anos de emancipação político-administrativa, no último 9 de março, o jornalista, sociólogo e pesquisador Sebastião Carvalho entregou ao prefeito Saulo Gouvea (PT) um documento, fruto de suas pesquisas, com duas sugestões: a criação do Dia do Desbravador de Cantagalo e a alteração do histórico do município, publicado no site oficial da Prefeitura (www.cantagalo.rj.gov.br), retirando a parte romanceada e lendária da história para deixar apenas a versão apurada por historiadores e pesquisadores, especialmente em relação ao desbravador Manoel Henriques, o Mão de Luva, primeiro a chegar à região.
De acordo com Carvalho, a criação do Dia do Desbravador de Cantagalo, em 14 de maio, seria uma forma de reconhecer que Mão de Luva foi responsável pelo surgimento de Cantagalo a partir do momento em que chegou à região, de forma clandestina, para garimpar ouro, deixando de recolher os impostos devidos pela extração.
– Por esta razão, Mão de Luva foi procurado e capturado, com o seu bando, nessa região. Por causa disso, houve a necessidade de ocupação oficial da área, o que levou à instalação da vila e, posteriormente, ao surgimento de Cantagalo, que teve seu território desmembrado da então Santo Antônio de Sá – explica o jornalista, autor do livro ‘O Tesouro de Cantagalo’, lançado em 1991 e que está sendo publicado em segunda edição revista e ampliada este ano.
A data de 14 de maio, lembra Sebastião Carvalho, é uma referência ao dia em que o sargento mor São Martinho reconheceu, oficialmente, Mão de Luva como um homem religioso, que ensinava os índios que habitavam a região a rezar, numa espécie de catequização a seu modo.
Os dados, conforme Carvalho, se apoiam em testemunho do chefe dos índios, constatada em pesquisas realizadas por ele, onde aparece a data de 14 de maio de 1786.
No mesmo documento entregue ao prefeito, Sebastião Carvalho também solicita a correção do que chama de “distorção histórica sobre a origens de Cantagalo”. Para ele, há a urgente necessidade da retirada, do histórico do município, da versão romanceada atribuída, falsamente, a Mão de Luva, como o fato de ser ele um nobre português e que teria tido um romance com D. Maria I.
– São absurdos que não estão comprovados em lugar nenhum, até porque Mão de Luva era mineiro, nascido na cidade de Ouro Branco – relata o jornalista, acrescentando que Manoel Henriques, o Mão de Luva também era casado.