Região Serrana é responsável por 90% dos produtos da Ceasa-RJ

Dois anos após a catástrofe climática que devastou a Região Serrana fluminense, muita coisa mudou nas áreas rurais dos oito municípios afetados. Considerada uma das mais importantes na produção de hortifrutigranjeiros do Sudeste brasileiro, a serra comemora a retomada da capacidade produtiva de suas áreas agrícolas. A região é responsável por mais de 90% das folhosas comercializadas na unidade da Ceasa-RJ (Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro), no Grande Rio, e também pela produção de olerícolas, flores, frutas, além das criações de gado e de aves.

Com recursos do Banco Mundial e dos governos federal e estadual, a Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária investiu mais de R$ 62 milhões na reconstrução das áreas agrícolas de Teresópolis, Petrópolis, Nova Friburgo, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim, Trajano de Moraes e de Santa Maria Madalena. Todas as ações foram executadas e supervisionadas pelos técnicos das empresas vinculadas à secretaria, Emater-Rio e Pesagro-Rio, com apoio do Sebrae-RJ, das prefeituras municipais e da Faerj (Federação de Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro).

Através do Rio Rural Emergencial, foram destinados mais de R$ 15 milhões, não reembolsáveis, para os projetos de retomada da produção, envolvendo a aquisição de insumos e de estrutura produtiva, beneficiando diretamente cerca de dois mil agricultores familiares. Além disso, o programa investiu na aquisição de máquinas e implementos agrícolas para cessão a 29 associações de pequenos produtores, de seis municípios, contemplando mais de 4,3 mil produtores.

Em Nova Friburgo, o floricultor Willian Cláudio Pinto, da localidade Stucky, na microbacia Vargem Alta, foi um dos beneficiados. O temporal de 2011 provocou destruição na lavoura, além de dificuldades de acesso e falta de luz. Com ajuda financeira de R$ 19 mil, adquiriu mudas e construiu sete novas estufas. “O recurso foi fundamental para a refazer minha propriedade. Em nenhum momento pensei em desistir”, disse o agricultor, que executa sua atividade com ajuda dos parentes.

 

Vias de acesso

Com recursos do tesouro estadual, na ordem de R$ 30 milhões, o Programa Estradas da Produção efetuou a recuperação de mais de 1,3 mil quilômetros de estradas vicinais, proporcionando a liberação das vias de escoamento agrícola e acesso dos moradores. Maior produtora de alface do estado, Teresópolis teve mais de 220 quilômetros de vias desobstruídas, beneficiando aproximadamente 2,5 mil produtores das microbacias Rio Formiga, Rio Vieira, Córrego Sujo, Rio das Bengalas e Baixo Paquequer.

Paralelamente, houve, ainda, investimentos na recuperação de 14 pequenas pontes (pontilhões de até dez metros de vão) em estradas não pavimentadas de microbacias dos municípios de Teresópolis (8), Sumidouro (12), Bom Jardim (6) e Nova Friburgo (14), totalizando R$ 4,4 milhões aplicados através de recursos do Banco Mundial.

No último dia 7 de janeiro, o secretário Christino Áureo visitou a Região Serrana para inaugurar pontes nas microbacias trabalhadas pelo Rio Rural, nas localidades de Água Quente (Teresópolis), Vieira (Teresópolis), Caramandu (Sumidouro) e Laranjal de Cima (Bom Jardim). Durante o percurso, esteve acompanhado pelo secretário executivo do Rio Rural, Nélson Teixeira; pela coordenadora geral do Estradas da Produção, Stella Romanos, além dos técnicos da Superintendência de Desenvolvimento Sustentável da secretaria e da Emater-Rio.

Christino Áureo lembra que a secretaria prestou apoio direto ao homem do campo, desde o primeiro momento da tragédia. “Além desses investimentos, também viabilizamos uma linha de crédito emergencial do Pronaf, para atender às pequenas despesas da propriedade, e fizemos a inclusão do morango nas culturas financiadas pelo Programa Frutificar”, lembrou o secretário.

O superintendente Nélson Teixeira destaca que a ajuda financeira do Rio Rural proporcionou significativa redução de impacto nas perdas do agricultor. “O recurso oferecido foi um incentivo para a recuperação da capacidade produtiva da propriedade. O resultado desse trabalho emergencial foi a melhoria nas condições de produção, inclusive com aplicação de novas tecnologias e de práticas sustentáveis”, explicou.

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