Gritos de “macaco quer banana” teriam saído da torcida do tricolor
Um grito inconsequente pode tirar o Friburguense da Copa Rio deste ano. O problema: racismo. O árbitro em campo, José Waldson de Matos Modesto, descreveu na súmula do jogo entre Friburguense e Macaé, que, logo nos primeiros minutos do segundo tempo, um grito de “macaco quer banana” veio da torcida do time de Nova Friburgo. O alvo seria o jogador Bruno Alves, camisa 10 do Macaé. O procurador do Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (TJD-RJ), André Valentim, afirmou que o documento do jogo será analisado.
No documento, José Waldson diz que foi avisado da ofensa pelo quarto árbitro da partida e que, imediatamente, informou ao delegado e aos dirigentes da equipe mandante. No entanto, o jogo não foi paralisado. A partida prosseguiu e um esforço foi feito para encontrar o autor das ofensas, o que não aconteceu. O caso chegou ao Tribunal de Justiça Desportiva, que ficou de emitir um parecer.
O gerente de futebol do Friburguense, José Siqueira, afirmou que “não tinha como, no momento, saber quem fez e quem não fez. Isso, agora, faz parte da mídia. Infelizmente, você vê que tem vários casos, e nós somos totalmente contra. Mas tem que ser avaliado até que ponto o clube tem a ver com isso. Na decisão do Grêmio, por exemplo, eu sou contrário. Falamos muito de punição com os clubes, mas não vemos campanha em relação ao preconceito. E as punições que são tomadas são de perda de mando de campo, portões fechados. Mas eliminação… olha, eu fico doido. Não sei o rumo que isso pode tomar”, desabafou.
A possível denúncia deve se apoiar no artigo 243-G (discriminação racial) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
Neste caso, o clube pode ser multado, perder mandos de campo e até ser excluído da competição. O procurador do TJD-RJ não definiu quanto a acusação. “Ainda não estou sabendo. O jogo foi quando? Ontem (quarta-feira)? Então (a súmula) será analisada somente nesta sexta-feira. Mas posso adiantar para você que o tribunal vai julgar nos mesmos termos que este tipo de caso tem sido tratado no Brasil, que vai de perda de mando de campo e até exclusão da competição”, disse André Valentim.
Temendo possíveis punições, o supervisor do Friburguense, José Siqueira, lembra o recente caso do Grêmio (que foi expulso da Copa do Brasil depois que uma torcedora foi flagrada chamando o goleiro Aranha, do Santos, de macaco) e afirma que é contra tal pena.
Confira o texto da súmula na íntegra: “Aos 07 (sete) minutos do 2º tempo, após cobrança do arremesso lateral, onde a bola saiu para o time do canto, fui chamado pelo 4º árbitro, srº Wandemberg de Araújo Farias Alves, que me relatou o seguinte fato: “ouvi, de parte de um torcedor posicionado na arquibancada do lado da torcida do Friburguense, a seguinte frase, quando o atleta número 10 (dez), srº Bruno Alves de Souza, da equipe visitante, mantinha a posse a bola, “Macaco quer banana”. Cabe ressaltar que o 4º árbitro não viu fisicamente o torcedor e sim escutou a tal palavra. Imediatamente, solicitei que comunicasse o fato ao policiamento do jogo ao delegado da partida e aos dirigentes da equipe mandante. Observei a presença de dirigente da equipe mandante na tentativa de identificar o infrator, fato que, infelizmente, não aconteceu até o término da partida.
Cabe ressaltar que o tal fato foi presenciado por todo o componente no banco de reserva da equipe do Macaé Esporte F. C.”