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Amanda de Moraes 
Sou tetraneta de Honestalda de Moraes – a primeira mulher eleita como prefeita no estado do Rio de Janeiro. Foi a segunda mulher eleita, na história do Brasil, para um cargo tão nobre: gerir uma cidade. À primeira vista, em gestão, pensamos em finanças, leis, decisões, contratações. Porém, numa semana tão simbólica no Brasil (Dia das Crianças e o Dia de Nossa Senhora Aparecida), o que penso: como foi a infância daqueles que nos antecederam? Como seria aquela menininha Honestalda, correndo pela fazenda que até hoje preservamos com tanto amor em Trajano de Moraes?
Passando um pouco mais à frente no tempo, quatro gerações depois, aqui estou eu: uma mulher absolutamente realizada e devota das mulheres que me antecederam. Sabe qual o melhor presente de Dia das Crianças que já ganhei? Aprender a respeitar o passado. Hoje em dia, como as fotografias não são mais impressas, o que a atual geração levará na memória? Além do respeito, as mulheres do meu passado me ensinaram: ser mulher no Brasil e trabalhar com o Direito exigirão coragem.
Assim fui me alfabetizando até chegar à defesa da minha tese de mestrado, numa instituição em que fui guiada para fazer muito além do óbvio. Tive pouquíssimas professoras mulheres, sinal de que no Direito ainda temos muito a crescer sob o ponto de vista da participação feminina.
Nos livros, fui guiada pela maestria de juristas, como Ada Pellegrini Grinover.
Igualmente, penso: como terá sido rica a infância de uma mulher como Ada Pellegrini. Como seus pais devem ter instruído para que a educação formal fosse a bússola do seu saber. E, sem que talvez nem imaginassem, criaram para que uma geração imensa seguisse o mesmo caminho: fazer do Direito o ofício.
Que criança ainda habita em nós? No íntimo, carregamos uma série de lembranças e, acho por vezes injusta, a ideia de que o infantil seja relacionado a algo ingênuo. Nem sempre. Sob outra ótica, quantos encarcerados hoje tiveram belas oportunidades, foram educados para a obediência em relação à vida, mas não conseguiram entender a lição. Quantas mães, hoje, estão sendo desrespeitadas em direitos, porque não tem acesso a um advogado ou a conhecimentos tão caros ao cotidiano.
Quantas infâncias, desses garotas e garotos, filhos desses encarcerados, não terão o que tive da minha amada mãe, avó, tias e… Honestalda. Porque a criança que ainda habita tem um valor ainda muito forte: pela dedicação a virtudes e à educação, é possível, sim, voar. Voar, mesmo em metáfora, para auxiliar aqueles que precisam do direito.
Que o seu Dia da Criança possa ser de zelo e amor, pelas boas lembranças a quem tanto o influenciou. Viva o dia 12 de outubro!
