Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Enquanto o município de Cantagalo está prestes a comemorar seu segundo centenário, Edmo Japour, nosso querido Edinho, vem celebrar 100 anos de vida, ou seja, metade do tempo percorrido pelo município que lhe serviu de berço!
Aliás, além das coincidências de aniversário, não se tem notícia de pessoa cuja vida se confunda tanto com a história da própria terra como ele. Nascido em Cantagalo, em 23 de dezembro de 1913, Edinho tem vivido praticamente em função da sua terra, com ela se preocupando a todo instante (como na época dos conflitos territoriais com Cordeiro) e proclamando aos quatro ventos que é seu filho; não tendo maior orgulho que o de haver nascido em Cantagalo, onde, afinal, viveu a maior e talvez a melhor fase da existência.
O seu amor por Cantagalo, sem dúvida, é genético. Certamente vem do pai, o libanês Felipe João, que, depois de liderar, em Itaocara, o famoso episódio conhecido na história local como ‘Revolta dos Turcos’, mudou-se para a cidade serrana e aí fincou raízes, fundando um modelar estabelecimento comercial denominado ‘Colosso de Cantagalo’ e integrando-se ativamente na vida social do lugar, inclusive ajudando a fundar (com o patrício José Miguel Nacif e Manoel Loyola) o Banco Agrícola de Cantagalo. Na nova residência, Felipe João casou-se e viu nascerem todos os filhos, entre eles Edinho, Jamil, Manir e Celso, que também transformaram-se em verdadeiros ícones da comunidade.
A infância e boa parte da juventude, Edinho passou na própria cidade natal, vivenciando os folguedos próprios da idade e participando ativamente das festas locais mais expressivas, notadamente os carnavais ornamentados pelos belos carros alegóricos de Leopoldo Goulart e Mário Barreto. Devido à pouca idade, ainda não participava de atividades políticas, mas já assistia curioso as disputas entre “Jagunços” de Júlio Santos e “Caburés” de César Freijanes e, depois, de Acácio Dias.
Ainda moço, mudou-se para o Rio de Janeiro, ainda Capital da República, onde se destacou como funcionário da Companhia Química Rhodia do Brasil, fabricante do lança-perfume Rhodia, muito usado nos bailes carnavalescos da época. Então, valendo-se da estreita convivência com os mais elevados meios cênico-artísticos do País, trouxe a Cantagalo grandes orquestras, como a ‘Cassino de Sevilha’, a ‘Tabajara’ e a ‘Cassino da Urca’.
Voltando a residir na terra natal, em 1946, Edinho logo se envolveu nas mais variadas atividades esportivas e sociais, vindo a se eleger presidente do Ferroviário Futebol Clube, ao qual deu vigor e nova feição. Em seguida, fundou o Cantagalo Esporte Clube, adquirindo para a nova agremiação o campo de futebol depois chamado de Estádio Acúrcio Torres e construindo-lhe a elegante sede em frente à estação ferroviária (hoje rodoviária). Com isso, ele não só incentivou a prática de esportes, como também as atividades culturais em Cantagalo.
Não satisfeito com as conquistas já efetuadas, ele também ajudou a dotar Cantagalo de um moderno hotel (o Cantagalo Turismo Hotel), que dirigiu por vários anos e tudo fez para construir uma fábrica de tecidos, afinal transformada, por outro grupo, em fábrica de papel em razão do precoce falecimento do companheiro de campanha Gumercindo Jevoux. Acabou transferindo-se para Niterói, onde exerceu o cargo de presidente da Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro e contribuiu eficazmente para o renascimento do Grêmio dos Amigos de Cantagalo.
Por tudo que fez, Edmo Japour já figura com realce na galeria dos Varões Ilustres da terra de Euclydes da Cunha.
*Clélio Erthal é advogado, ex-procurador da República, ex-juiz federal e pesquisador da história de Cantagalo e região.