Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
O dia 12 de outubro, no Brasil, se reveste de características importantíssimas por marcar, em nosso calendário, dois acontecimentos de magna importância: o Dia da Criança e o Dia da Padroeira do Brasil (para os católicos), apenas uma feliz coincidência.
Em 1923, foi realizado, na cidade do Rio de Janeiro, um congresso latino-americano sobre a criança, analisando todos os problemas da infância na rica e pobre América latina, tão explorada pela cobiça internacional.
No ano seguinte, um deputado federal do estado do Rio de Janeiro, Dr. Galdino do Valle Filho, médico do interior fluminense, sensível à problemática da infância, carente de cuidados em diversos setores, apresentou projeto de lei criando o Dia da Criança, aprovado pela Câmara Federal (Decreto n.º 4.867).
Muito mais tarde, a Unicef criou o Dia Universal da Criança, comemorado em 20 de novembro.
Nesses 98 anos, os cuidados com a infância brasileira melhoraram, havendo ainda um longo percurso a ser cumprido em um país onde as desigualdades sociais são uma enorme e triste mácula, atingindo acentuadamente a infância.
Creio ser importante escrever um pouco sobre o criador da lei do Dia da Criança no Brasil. Dr. Galdino do Valle Filho nasceu em Trajano de Moraes, no dia 24 de setembro de 1879. Exerceu sua profissão de médico na vizinha cidade de Nova Friburgo, onde foi vereador e prefeito; posteriormente, deputado estadual e federal.
Foi um político de grande ação. Como prefeito, estimulou a implantação da energia elétrica e a industrialização de Nova Friburgo.
De posição política contrária a Getúlio Vargas, viveu alguns anos exilado em Lisboa. Retornando ao Brasil, residiu em Niterói, aonde voltou a clinicar. Em 1954, mais uma vez foi eleito deputado federal.
Sua residência em Nova Friburgo foi tombada pelo governo municipal e a avenida tem o seu nome. Justas homenagens ao médico e político que foi um marco na terra fluminense e no desenvolvimento de Nova Friburgo.
A história de Aparecida é bem mais longa; seu início foi na segunda quinzena de outubro de 1717, quando o Conde de Assumar, governador da província de São Paulo-Minas Gerais, visitou a vila de Santo Antônio de Guaratinguetá.
Os moradores da localidade, querendo oferecer um banquete àquela autoridade, solicitaram aos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia, peixes da melhor qualidade. Os pescadores lançaram suas redes de modo infrutífero diversas vezes, até que pescaram uma pequena imagem decapitada e escurecida; novo lançamento, dessa vez, pescaram a cabeça da imagem.
Cheios de fé, verificaram tratar-se de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, imagem bem antiga e bastante escurecida pela ação do fundo do rio Paraíba do Sul. Colaram a cabeça e guardaram a pequena imagem, cerca de 35 cm, na casa de um dos pescadores, dando-lhe o nome de Nossa Senhora Aparecida.
Frequentemente rezavam o terço e realizavam ladainhas em louvor à santa aparecida das águas do rio. A frequência de fiéis foi aumentando, até que construíram uma pequena capela bem rústica.
De São Paulo, a história da pequena imagem escurecida passou a outros estados da federação brasileira, surgiram as romarias e a construção da Basílica de Nossa Senhora Aparecida (Basílica Velha), que se encontra de pé e completamente restaurada, onde são diariamente celebradas missas.
Posteriormente, foi construído o Santuário de Aparecida, maior Santuário Mariano do mundo. O prédio é em forma de cruz, com os braços nas mesmas dimensões; internamente decorados com motivos da flora e fauna tropicais. Externamente, as quatro fachadas estão sendo revestidas por mosaicos, desenhando passagens bíblicas; será a maior Bíblia ao ar livre do mundo. A fachada norte, a mais velha, já foi revestida e, no momento, está sendo revestida a fachada sul.
Anualmente, o Santuário de Aparecida é visitado por mais de um milhão de católicos. Em cada dia 12 de outubro, cerca de 200.000 fiéis lá estão para louvar a Mãe de Jesus. Infelizmente, neste ano, elementos estranhos, baderneiros e mal-educados compareceram à festa da Padroeira do Brasil com a intenção de tumultuar a festa religiosa, chegando ao absurdo de vaiarem o Arcebispo D. Orlando Brandes, quando este, no momento da homilia, disse que “do mesmo modo que Maria combateu o dragão no Apocalipse, nós temos o dever de combater o dragão da fome, da miséria e da desigualdade social no Brasil”. Foi tudo muito bem treinado! Mas a fé é maior!
O Santuário de Aparecida é administrado pelos Padres Redentoristas, mantido pelas doações dos membros da Família dos Devotos. Além da parte religiosa, a instituição participa da manutenção de várias atividades sociais no atendimento a crianças e idosos.
Em 1930, há 92 anos, o Papa Pio XI decretou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil.
Em 1978, um cidadão, provavelmente um psicopata, atirou na imagem, partida em quase 200 fragmentos, sendo completamente restaurada pela artista plástica Maria Helena Chartuni, de São Paulo.
Atualmente, a imagem permanece no interior do Santuário, em nicho dourado, protegida por um vidro à prova de bala, sendo que o manto azul e a coroa dourada são doações da Princesa Isabel, de 1884.
Em 1980, o Papa João Paulo II, ao visitar o Brasil, consagrou o local como Basílica e Santuário Nacional de Aparecida. Os três últimos Papas, ao visitarem o Brasil, incluíram no roteiro a peregrinação ao Santuário de Aparecida.
Outro motivo de alegria, no último dia 12, foi o centenário de vida da Sra. Maria Edina Estêvão Pinto, genitora do meu estimado e competente colega Dr. Afrânio Gomes Pinto Júnior. À veneranda e centenária aniversariante, e a todos seus familiares, nosso abraço, rogando que as bênçãos de Deus caiam sobre todos.
A Constituição do Brasil garante a liberdade de crenças, religiões de todas as matizes. Apesar dos tumultos criados no dia 12 último, a festa de Nossa Senhora Aparecida foi uma demonstração total de fé, enquanto aquela arquidiocese continuará cumprindo sua missão religiosa e social através dos séculos.
Provavelmente, os arruaceiros de 12 de outubro desconhecem o Provérbio 14,35: “O servo prudente goza do favor do Rei, mas o que procede indignamente é objeto do seu furor”.
Que Deus os perdoe!