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2022: “Ano novo vida nova” … Será?
Geralmente, ao findar um ano, bilhões de terráqueos ao redor do nosso planeta festejam a entrada de um novo ano, fazendo promessas, juras, planos, ações e metas inovadoras ou reformadoras para o ano que se inicia. Pode, ainda, ser classificado como um rito de passagem, segundo entendo das descobertas de Charles-Arnold Kurr van Gennep (1873/1957), antropólogo de origem francesa.
Os fanáticos de estatística jamais tiveram a ideia (ou a possibilidade?) de dimensionar quantas promessas, juras de amor, ações e metas de finais de ano foram realizadas. Talvez, porque “a estatística é igual biquíni. O que ela mostra é importante, mas o que ela esconde é o essencial.”, como dizia Aaron Levenstein (1911/1986), professor de administração de empresas em universidades dos EUA. Creio que um filósofo chinês, com a paciência de Jó, no século 2 d.C, já afirmava que “existem mentiras, grandes mentiras e existe a estatística”…
Mas deixo de lado o professor norte-americano e o filósofo chinês. Vou ao que interessa. Serem ou não serem realizadas as promessas, juras, planos etc. feitos ao encerrar o ano que se despede no calendário gregoriano. Os pleitos são individuais e, às vezes, coletivos, de famílias, de grupos, de diretorias de empresas…
No final de 2019, prometi a mim mesmo que até dezembro de 2020 eu estaria lendo, compreendendo e escrevendo em inglês. Passadas as férias, em março, fui procurar um desses cursos de idiomas. Veio a pandemia, as escolas ficaram fechadas, ou com ensino remoto, ou a distância. A minha aprendizagem em cursos à distância nunca foi satisfatória. Aulas e diálogos virtuais ainda não são para mim. Esperei as escolas reabrirem fisicamente. Isso não aconteceu em 2020 e nem em 2021. Mudando para Cantagalo, mudei de plano e substituí o curso de inglês pela criação e desenvolvimento de um antigo projeto: criar uma instituição educacional e cultural para garimpar memórias e escrever história sobre Cantagalo e região, os “sertões de Macacu”. E foi o que fiz, a partir de janeiro de 2021. Daí surgiu o Instituto Mão de Luva que, graças a parcerias, vem implementando, passo a passo, o projeto inicial. Comecei com o núcleo de imagem e som, para gravar depoimentos, entrevistas e diálogos com personalidades que contribuíram ou contribuem para o desenvolvimento socioeconômico de nossa região, graças ao apoio inicial do Jornal da Região, do amigo Célio Figueiredo, e do Eduardo Campagnoli, da TV Interior. Sem o apoio e o incentivo desses dois amigos dificilmente eu conseguiria realizar grande parte desse projeto em 2021. É possível que este seja o único plano profissional em minha vida que está dando certo e veio no tempo esperado. Há outros planos que deram muito certo e darão certo para sempre. Se Deus quiser!
Em 2016, planejei comecei a estudar francês em 2017. Fiz o plano de ir à Suíça, especificamente no cantão francês de Vaud, para pesquisar nos Archives Cantonales de Vaud a origem da família Frauches em Ursins, uma comuna de pouco mais de duzentos habitantes. Uma artrose nos quadris prejudicou os meus movimentos, com dores insuportáveis. E lá se foram os meus planos… Os médicos afirmavam que não tinha cura — como não tem. Desisti do francês. Três primos Frauches foram até Ursins, no cantão de Vaud, e trouxeram a certidão de nascimento do patriarca de minha família — Jean Abram Frauche — e, nos Archives Cantonales Vaudoises, consegui as informações complementares, via internet. O plano foi realizado, mas não como eu pensei. Assim pude publicar o livro, no formato e-book, A saga de Jean Abram Frauche — de Ursins (VD), Suíça, a São Sebastião do Paraíba (RJ), Brasil.
Todavia, deixo de lado essas experiências pessoais e volto ao “ano novo/vida nova”. Por quê? Porque esse foi sempre um momento de reflexão, de passagem, de confissão íntima ou ao pároco de uma Igreja Católica Apostólica Romana, se somos católicos. E é a partir da carta de Paulo de Tarso aos Corintos (1, 13) que descobri o seu conselho: fé, esperança e amor. Deus é amor, não sou eu quem afirmo. É Jesus, o Cristo.
Nesse contexto, para muitos terráqueos, como eu, pode ser realmente uma vida nova no ano novo, a construção de um homem novo. E a receita é fé, esperança e amor. E amor é tudo, como nos legou Paulo de Tarso, mais tarde São Paulo, em sua carta aos Corintos (13, 1-13):
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; as profecias serão aniquiladas; as línguas cessarão; a ciência desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.”.
Amor, fé e esperança para os leitores dessas “mal traçadas linhas”. Mas o AMOR é essencial. Em 2022 e sempre!
Celso Frauches é escritor, jornalista, já foi secretário Municipal em Cantagalo e é presidente do Instituto Mão de Luva.