Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
A cruz, durante muitos séculos, foi símbolo da morte. Desde o mundo antigo, alguns povos condenavam os inimigos à morte na cruz, o que era denominado crucificação ou crucifixão.
Narra a história que o rei Dario I, chefe da Pérsia, hoje Irã, condenou 3.000 inimigos a morte de cruz após vencer uma batalha. Mais tarde, a condenação à crucificação foi adotada pelos gregos, sendo usada também por Alexandre, o grande. Após sua morte, seu vasto império foi dividido entre os seus generais, uma vez que o grande conquistador não tinha descendentes.
Os reis selêucidas, que herdaram o oriente médio, também condenavam seus adversários a morte em cruz, o que ocorreu na Palestina contra alguns que não aceitavam o domínio dos gregos, principalmente em relação à religião.
Os romanos, que construíram um enorme império, adotaram a pena de morte na crucificação com detalhes de crueldade. O condenado era antes flagelado, desfilava pelas vias públicas carregando nos ombros a parte transversa da cruz (patíbulo), em cujas extremidades eram amarradas as mãos, de modo que, nas quedas, o corpo caia sem proteção das mãos e sob o peso do patíbulo, que variava de 30 a 50 Kg, sofrendo diversos ferimentos contusos no atrito contra o solo. Era despido de suas vestes e crucificado nu em local bem visível, para que servisse de exemplo e temor para que outros não cometessem o mesmo erro.
No ano 71 a.C., ocorreu em Roma uma rebelião dos gladiadores, no sul da atual Itália. As primeiras divisões militares que foram enviadas para combater a rebelião foram derrotadas pelos gladiadores. Estes eram valentes guerreiros dos exércitos vencidos por Roma que eram transformados em gladiadores, lutadores armados que eram obrigados a lutar nas arenas até a morte de um deles, para divertimento do povo romano.
No livro do autor Kane Bem, Espártaco, que era o chefe da rebelião, jura morrer lutando contra os romanos a voltar ser gladiador. Assim acontece, e seu filho, mais tarde, é um dos chefes dos exércitos bárbaros procedentes do norte da Europa que destruíram o império romano, demonstrando que a liberdade sempre triunfa sobre a opressão, apesar de demorar em acontecer algumas vezes.
Os gladiadores que se renderam foram crucificados às margens da Via Ápia.
Este romance histórico foi levado ao cinema pelos americanos do norte, que incluíram entre os crucificados o próprio Espártaco, que preso à cruz ainda é humilhado com palavras ditas por um comandante romano. É uma distorção do romance, interessada a exibir o poder da opressão dos mais fortes. Naquele tempo, era jovem e saí do Cine Metro, na praça Sans Peña, revoltado com o desfecho criado no filme.
Dentre as pessoas crucificadas, a mais famosa é Jesus Cristo que, preso no Jardim das Oliveiras, depois de um julgamento sumário, de poucas horas, foi esbofeteado na casa de Caefás e condenado a morte por Pilatos, que se mostrou inseguro e temeroso, depois que os judeus disseram que Jesus se dizia rei.
Pilatos determinou que Jesus fosse flagelado. O condenado era amarrado nu em uma coluna e chicoteado por dois soldados romanos. Um batia da cintura para cima e outro da cintura para baixo. O flagelo era formado por duas tiras de couro com peças cortantes de metal nas extremidades das tiras. À medida que era acionado, a vítima sofria cortes das tiras de couro enquanto as peças metálicas arrancavam pedaços do corpo do flagelado.
Os estudos do sudário de Turim, feitos por médicos, mostraram que Jesus tinha 150 lesões cutâneas distribuídas pelo corpo, que determinaram a perda de cerca de 1.500 ml de sangue (1,5 litro), saindo do pretório com anemia aguda.
Durante sua prisão, Jesus ainda recebeu uma coroa de espinhos tecida pelos soldados romanos com ramos de um vegetal próprio da Palestina, sísifo spinus, que colocada sobre sua cabeça ainda foi ajustado com pancadas de uma cana, novos sangramentos, que acentuaram a anemia.
O condenado passava pelas ruas com as mãos amarradas às extremidades do patíbulo; ocasião em que recebia todas as ofensas morais possíveis e cusparadas de alguns mais exaltados.
No local da execução, o condenado era despido de suas vestes, deitado de costas no solo, tinha as duas mãos pregadas as extremidades do patíbulo. Os cravos usados não perfuravam a palma das mãos, mas eram introduzidos no punho, região em que passa o nervo mediano, determinando enorme dor.
A seguir, dois soldados levantavam o patíbulo e o adaptavam a parte vertical da cruz (estirpe) que já permanecia no local da execução.
Os pés eram ligeiramente elevados, com os joelhos fletidos, sendo pregados um sobre o outro na estirpe da cruz.
Os braços abertos dificultavam os movimentos dos músculos do peito impedindo a respiração. O condenado para respirar elevava o corpo sobre os pés pregados na cruz determinando dor atroz, voltando a descer o corpo; assim permanecendo nesse movimento de subida e descida do corpo até morrer por asfixia.
Quando os soldados queriam acelerar a morte, quebravam as pernas do crucificado com pancadas de paus; o corpo perdia o apoio dos pés e a morte por asfixia era mais rápida.
Eram condenados à morte na cruz os autores de crimes hediondos, os desertores e aqueles que ameaçavam a segurança do imperador ou contestavam suas leis.
O martirológico cristão mostra mais cinco santos que foram crucificados: São Simeão, Santa Eulália, São Pedro, Santo André e São Paulo Minki e seus companheiros, no Japão. Creio que o número seja maior!
Diz a tradição que São Pedro pediu aos carrascos que fosse crucificado de cabeça para baixo, pois não era digno de ser morto como o Mestre. Santo André agiu do mesmo modo, sendo crucificado em uma cruz em forma de X.
Antes de Cristo, a cruz era sinal do crime e da ignominia, hoje é sinal da salvação, libertação, benção, santificação e redenção. A cruz só tem valor graças a Jesus que a abraçou voluntariamente para salvação da humanidade recaída.
No dia 14, a Igreja Católica, Apostólica e Romana comemora o Dia da Exaltação da Santa Cruz.
Cristo disse: “Se alguém quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9,23). Estes, no mundo atual, são aqueles que sofrem as injustiças sociais, que recebem baixos salários, que não tem onde morar, que passam fome e que sofrem discriminações de toda ordem.
Depois dos ensinamentos de Cristo, o mundo ficou mais humanizado, todavia ainda há um longo caminho a percorrer e uma enorme obra a ser realizada por cristãos e ateus, por toda a humanidade. Caminhemos com firmeza e esperança para que esse mundo possa se tornar real!
Júlio Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo, e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo.