“A fragilidade humana”, por Dr Júlio Carvalho

Fragilidade

Fragilidade

Em 1953, cursava o segundo ano cientifico no extinto Colégio Euclides da Cunha, de propriedade do Prof. Messias de Moraes Teixeira, que, ao mesmo tempo, possuía o Colégio Modelo em Nova Friburgo, no início da rua General Osório.

O Dr. Messias era um homem educadíssimo, possuidor de excelente cultura; creio que pertenceu à Academia Friburguense de Letras e, envolvendo-se na política, foi eleito deputado estadual. Naquele ano, o Dr. Messias foi nosso professor de francês, ministrando excelentes aulas baseadas no livro La Littérature Française, da autora Maria Junqueira Schmidt.

Até hoje, guardo com muito cuidado e carinho, um volume desse livro, que o Prof. Messias me presenteou, com a seguinte dedicatória: “Ao Júlio Carvalho oferece o Prof. Messias. Maio 1953”. O livro é uma antologia francesa, com artigos e pensamentos de diversos esplendores da literatura francesa: Descartes, Pascal, Molière, La Fontaine, etc. A língua francesa, naquela época, tinha uma importância maior para a humanidade do que o inglês atualmente, pois além do uso comercial era o idioma que irradiava cultura.

Nesse livro, sempre gostei de ler os pensamentos de Pascal, um dos grandes gênios da humanidade, que apesar de morrer aos 39 anos, foi um expoente na matemática, na física e na literatura. Pascal adotou o Jansenismo, filosofia contrária ao Cristianismo, todavia, revendo as verdades da fé, passou a escrever uma apologia do cristianismo, falecendo antes de concluí-la. Este trabalho, em fragmentos, foi publicado com o nome de Pensamentos.

Um dos pensamentos de Pascal que mais aprecio é o que ele fala sobre a fragilidade humana: “O homem não é mais que um caniço, o mais fraco da natureza; mas é um caniço pensante. Não é necessário que o universo inteiro se arme para o esmagar. Um vapor, uma gota d’água é suficiente para o matar. Mas, quando o universo o esmagar, o homem será ainda mais nobre que aquele que o matou, porque ele sabe que está morto e a vantagem que o universo tem sobre ele, o universo nada sabe”.

Como Pascal faleceu em 1662, ele não teve a oportunidade de conhecer as bactérias e os vírus, que só foram descobertos posteriormente; em 1882, o cientista alemão Koch descobriu o bacilo da tuberculose; enquanto os vírus só foram visualizados, graças ao microscópio eletrônico, em 1931. Caso Pascal conhecesse essas formas tão simples de vida, chegaria a conclusão que o homem ainda é muito mais frágil do que ele havia imaginado, podendo ser vítima das bactérias ou dos vírus.

A história da humanidade mostra que, diversas vezes, as bactérias e os vírus foram capazes de criar pandemias, ceifando milhões de vidas humanas, todavia o ser humano, este frágil caniço, graças ao pensamento e à inteligência aplicada para o bem, foi capaz de criar medicamentos anti-infecciosos (sulfas e antibióticos) e, principalmente, as vacinas usadas na medicina preventiva, capazes de evitar as doenças de modo muito mais econômico e sem danos para o nosso organismo. Está demonstrado que para cada real gasto nas vacinas, economizam-se quatro reais que seriam despendidos no tratamento da doença.

Na pandemia de Covid, o número de óbitos calculados pela O.M.S. ficou em cerca de 7 milhões de pessoas, todavia a revista Nature, em artigo publicado, admite que esse número possa ter chegado a 15 milhões, decorrente da baixa notificação em diversas partes do mundo.

Graças à descoberta rápida das vacinas e outras medidas tomadas pela saúde pública, esse número não foi maior. Infelizmente, algumas pessoas despreparadas e cientificamente ignorantes criticaram as vacinas e fizeram verdadeira campanha anti-vacinal…

O Brasil possuía um excelente programa de vacinações mantido pelo Ministério da Saúde, todavia, em virtude da verdadeira campanha contra a vacina, durante a pandemia de Covid, esse programa ficou bastante prejudicado. Atualmente, vem sendo recuperado lentamente.

Aqueles que acreditaram no poder imunizante das vacinas, apresentaram formas brandas da covid e sobreviveram; foi o meu caso. Alguns que recusaram a vacina, sofreram bastante ou não puderam contar depois.

Para terminar, um pequeno conselho. Não deixem de usar as vacinas! São uma das maiores conquistas da ciência a favor da humanidade!

 

Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo
Júlio Marcos de Souza Carvalho é médico, ex-vereador e ex-provedor do Hospital de Cantagalo e atualmente é auditor da Unimed de Nova Friburgo

Ver anterior

Projeto friburguense é selecionado em edital da Lei Paulo Gustavo do Governo do Estado

Ver próximo

“Sady Vieira: prefeito de Cantagalo e deputado estadual”, por Celso Frauches

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Populares

error: Conteúdo protegido !!