A Maçonaria é uma entidade secular. É essencialmente filosófica, filantrópica, educativa e progressista. A unidade Loja, filiada a diversos ramos da Maçonaria, atua em vários ritos para que pessoas de diferentes formações ideológicas possam melhor entender a essência da maçonaria. Ela não é uma religião e nem discrimina qualquer entidade religiosa. Mas os adeptos devem aceitar a existência de um Ser Supremo, identificado por Supremo Arquiteto do Universo, Deus para os cristãos. Dela podem participar os que aceitam os seus ideais: Liberdade. Igualdade. Fraternidade. Os seus membros atuam em três níveis: Aprendiz. Companheiro. Mestre.
A origem da Maçonaria perde-se no tempo, com várias interpretações. Estão registrados, nos Manuscritos Maçônicos, os mais importantes no desenvolvimento da Maçonaria, que tratam de suas origens a uma raiz bíblica ou clássica. No Brasil, a Maçonaria foi implantada em 1724, segundo historiadores, na “Academia Brasílica dos Esquecidos”, onde foi iniciado o Padre Gonçalves Soares de França, o coronel e historiador Sebastião da Rocha Pitta, o desembargador Caetano de Britto e outros.
No século 19, duas lojas maçônicas foram criadas em Cantagalo. A primeira, a Loja Confraternidade Beneficente, filiada ao Grande Oriente do Brasil, foi fundada em 19 de março de 1865, sob a liderança de três obreiros: Joaquim Taussia de Bellido, Luiz Gomes do Amaral e Ernesto Izot. São considerados fundadores mais Luiz Vieira de Carvalho Júnior, Antonio Vaz de Carvalho, João Pereira da Costa Guimarães, José Augusto Thomaz, Eduardo de Souza Guimarães, Antonio Borges Delgado, João Joaquim Gonçalves Braga e Simon Luiz Perissé. A reunião aconteceu na rua Direita, hoje Chapot Prevost.
Três dias depois, no dia 22, realizou-se uma segunda reunião, na qual ficou deliberado que a Loja teria o Título Distintivo de Confraternidade Beneficente. Nesse evento, foram iniciados Guilherme Leocádio Pinto, Cândido Pinto, Cândido da Silva Brandão, Raymundo João da Câmara Barreto, Carlos Eugênio Huguenim, Antonio dos Santos Lima Thompson, Manoel Pereira Alves Pimenta, Mathias Ney, Charles François Yamin e Charles Aclin.
Uma terceira reunião ocorreu em 28 do mesmo mês. Nesta, adotou-se o Rito Escocês Antigo e Aceito, tendo sido eleita a primeira diretoria. O Venerável Mestre foi Luiz Gomes do Amaral. Em sequência, os demais membros da primeira diretoria: José Augusto Thomaz, Antônio Borges Delgado, Guilherme Leocádio Pinto, João Pereira da Costa Guimarães, Simon Luiz Perissé, Raymundo João da Câmara Barreto, Cândido da Silva Brandão, Ernesto Izot, Antonio Vaz de Carvalho, João Joaquim Gonçalves Braga, Mathias Ney, Antonio dos Santos Lima Thompson, Manoel Pereira Alves Pimenta, José Vieira de Carvalho Júnior, Carlos Eugênio Huguenin, Eduardo de Souza Guimarães e Joaquim Taussia de Bellido.
Em 4 de abril, a reunião foi na Rua Sant’Anna, depois av. Barão de Cantagalo, local escolhido para erguer o Templo, onde se encontra até hoje, na esquina com a rua Euclides da Cunha.
No mesmo ano, em 23 de novembro, foi criada a Loja Ceres. Em solenidade com representantes da Câmara Municipal, da Loja Beneficente Confraternidade Beneficente (dr. Antonio Augusto Pereira Lima), da Loja Ísis do Oriente de Nova Friburgo e outras personalidades, foi eleita a primeira diretoria: José Antonio da Silva Peres, 1º vigilante, e mais: Boaventura Plácido Lameira de Andrade, Henrique Sauerbronn, Antonio José Nunes da Silva, Guilherme Sauerbron, Domingos Gonçalves de Souza, Manoel Correa de Albuquerque, José Antonio da Silva Freire, Pedro Correa de Albuquerque, Bernardino José Borges, José da Silva, Frederico Sauerbron, José Joaquim de Souza Junior, José Augusto Thomaz, Antonio da Cruz Loureiro Sampaio e Antonio Pereira da Fonseca.
Pelos dados disponíveis, a Loja Ceres chegou a ter 118 membros. Em 4 de maio de 1875, foi admitido o último membro, Júlio Verissimo da Silva Santos. A obra mais importante dessa Loja foi a inauguração, em 1º de maio de 1875, da “Biblioteca Popular Cantagallense”, a primeira de natureza pública da cidade. Impressionou-me a quantidade de intelectuais e a juventude deles, entre trinta e cinquenta anos de idade.
Em sessão da Loja Confraternidade Beneficente, ocorrida em 27 de abril de 1866, Simon Luiz Perissé apresentou a proposta de criação de um hospital de caridade em nossa cidade. Nove anos depois (24/4/1875), foi instalada a Casa de Caridade de Cantagalo, erguida na chácara Santo Antônio, adquirida de Felippe Jacob Clair pela própria Loja, em 9 de julho de 1874, no valor de 15.000$000 (quinze contos de réis). Em uma hipotética conversão, seria hoje R$ 1.845.000,00.
No dia 12 de outubro de 1962, a Loja Confraternidade Beneficente desfiliou-se do Grande Oriente do Brasil, passando a reconhecer a Grande Ordem Unido por Único Poder Maçom, tendo recebido a visita do Grão Mestre Geral, comendador José Joaquim Saldanha Marinho, em 20 de maio de 1876.
A Loja Ceres aderiu ao projeto, fato que uniu as duas Lojas em objetivos comuns e filantrópicos. Essa união funcionou até os anos 90 do século passado, quando, por desentendimentos internos e incompreensões, a Loja Ceres se afastou do empreendimento. Não tenho informações de quando, efetivamente, essa Loja deixou de existir.
A Casa de Caridade de Cantagalo foi inaugurada em 24 de abril de 1875. O famoso médico cantagalense, Dr. Herculano José de Oliveira Mafra, foi um dos oradores do evento, que marcou a existência de uma obra de benemerência, em constante evolução.
A Loja Confraternidade Beneficente é presidida por João Dalton Gerk Naegele (Grão-Mestre). Atualmente, possui cerca de vinte membros.
Por seus membros, ligados ao desenvolvimento socioeconômico e à história de Cantagalo, a Maçonaria em Cantagalo é uma entidade de relevantes serviços prestados à comunidade. Merece, assim, o registro de sua atuação para a posteridade.