Projeto de lei que valoriza a defesa agropecuária no Rio é aprovado
Júlio Carvalho 
Tenho guardado comigo uma publicação de 1957, com o título Cidade de Cantagalo, que o meu amigo Celso Frauches, na época Secretário do Prefeito de Cantagalo, me enviou pelo correio, quando morava na Tijuca e cursava o segundo ano da Faculdade de Ciências Médicas.
A pequena revista fora criada pelo próprio Celso, que sempre gostou desse tipo de trabalho, enquanto o Prefeito era seu pai, Sr. Henrique Luiz Frauches, que pela segunda vez dirigia o nosso município, com simplicidade, trabalho, serenidade e honestidade, numa época em que Cantagalo possuía pouquíssimos recursos financeiros e tudo era difícil para os prefeitos.
A capa é em vermelho e preto, embora o Celso seja tricolor. À esquerda, “1957 ano do centenário da cidade dos melros” (ainda existiam). À direita, o belo galo heráldico, em posição de canto, sobre uma esfera onde se lê: Semper Vigilans, de autoria do consagrado escultor cantagalense Honório Peçanha.
Se não me engano, a publicação foi custeada pelo comércio cantagalense, pois aparecem anúncios comerciais em várias páginas. Vejamos: Cinevox do Brasil, era uma loja de eletrodomésticos do Sr. Walter Bom Leite, com filial no Rio de Janeiro, na rua Senador Dantas. Jacutinga, aguardente fabricada na fazenda do mesmo nome do Sr. Miguel Gonçalez, cubano radicado no Brasil, completamente integrado a comunidade cantagalense; Dias, Japor & Teixeira, forte firma comercial, na rua Getúlio Vargas, 198; O Novo Cantagalo, semanário do Sr. Antônio Carvalho; Massas Alimentícias Santa Terezinha, rua Sadi Vieira,40; Walter Tardin & Cia., representante da Chevrolet e da Frigidaire, em grande região fluminense de Nova Friburgo a São Fidelis; A Garotinha, rua Getúlio Vargas, 476; Leontino Richa & Cia, representante da Cia. Antártica Paulista para todo norte fluminense; A Novidade, Praça 15 de novembro, 52; A Primavera, rua Barão de Cantagalo,8.
Infelizmente, todas estas firmas desapareceram; em geral pelo falecimento de seus sócios fundadores, que não tiveram sucessores para continuação do ramo de negócios.
Dirão aqueles que estão ausentes: “então Cantagalo acabou?”. Não, Cantagalo não acabou e jamais acabará. Cantagalo foi o primeiro núcleo habitacional de uma vastíssima região fluminense, de onde irradiou a civilização até a vertente da Serra dos Órgãos e a margem direita do Rio Paraíba do Sul, sendo Cantagalo a mãe generosa de treze municípios, cujas bandeiras ornamentam nossa Praça das Bandeiras.
Certa vez li uma frase budista que dizia: “tudo que o homem constrói um dia será destruído”. Não sei se isso sempre acontece, mas em Cantagalo surgiram outras empresas que suportam a nossa economia, além das três fábricas de cimento, várias empresas comerciais de grande, médio e pequeno porte.
Na publicação Cidade de Cantagalo, deixei de citar duas firmas que permanecem de pé. A Cantagalense, de Wilson Hermsdorff, rua Barão de Cantagalo, 20, e o Cantagalo Turismo Hotel.
A primeira, dirigida por seus sucessores, não só existe como cresceu, dividida em dois ramos. A Cantagalense Magazine, no mesmo endereço, com grande variedade de artigos; enquanto a Cantagalense Eletromóveis, na mesma rua, número 88, com filiais nas cidades de Cordeiro e Bom Jardim.
O Cantagalo Turismo Hotel, propriedade dos descendentes do Sr. Felipe João, que procuram manter o hotel em ótimo estado de conservação para bem servir aos seus hóspedes, com ótimo restaurante anexo.
Assim é a vida, uns desaparecem e outros surgem: estes sempre em maior número para o crescimento das cidades.
Como diz o simpático Chico Pinheiro: “É vida que segue!”.
