JORNAL DA REGIÃO (JR) – Quando entrou na política e por quê?
ROGÉRIO CABRAL (RC) – Entrei para a política em 1992, porque havia a necessidade da minha região, que fica numa área rural, ter um representante. Eu nunca pensei em ser político, mas, por conta de uma pressão da comunidade, resolvi me candidatar. Realmente, quando chovia por lá, a situação ficava ainda mais difícil do que o normal – as estradas eram de chão, os ônibus não passavam, não tinha professor, ninguém conseguia chegar lá. Isso dificultava muito o crescimento da localidade.
JR – Sua experiência na vida pública é grande. Já foi vereador, deputado estadual e, agora, prefeito. Fale sobre estas experiências.
RC – Minhas experiências anteriores foram fundamentais para o trabalho que estou desenvolvendo hoje, no Executivo. Aprendi muito nos meus mandatos como vereador, como deputado, e pude expandir esse trabalho a todo o estado. Como presidente da Comissão de Agricultura, pude trazer muitas melhorias para a área rural do nosso município. Portanto, trago muito desse conhecimento para a minha gestão como prefeito.
JR – Como encontrou a Prefeitura quando assumiu, em janeiro deste ano?
RC – Bem diferente do que eu imaginava. De fora da Prefeitura, sabíamos das condições difíceis que íamos encontrar com relação ao trânsito, à saúde, obras, encostas… Mas, nossa intenção é conseguir reverter essa situação e colocar tudo em dia dentro do menor espaço de tempo possível. Sabemos que não será fácil, mas nossa equipe trabalha integrada nesse grande propósito.
JR – Qual o balanço destes quatro primeiros meses de governo no município?
RC – O balanço é positivo. Somos um governo que trabalha com todos os setores e nossa equipe está realmente empenhada em trazer resultados. A gente não vai conseguir dar a resposta que a população espera com quatro meses, nem com seis. Talvez nem com um ano. Mas nossa prioridade é atender a todas as demandas no menor espaço de tempo possível. Temos muita coisa para fazer ainda, mas estamos incansáveis nesta luta.
JR – Qual a receita mensal da Prefeitura? E qual o percentual gasto com pessoal?
RC – A nossa receita, hoje, está em R$ 438 milhões, dos quais R$ 117 milhões são destinados a convênios. Com isso, o orçamento real da Prefeitura é de R$ 320 milhões. Somando todo o percentual da folha de pagamento, a conta é pesada. O orçamento está apertado e já estamos trabalhando no limite. Isso causa algumas dificuldades na hora da contratação.
JR – Como tem sido o relacionamento entre sua administração e a Câmara de Vereadores?
RC – Nosso relacionamento é o melhor possível. Tenho dado toda atenção a eles e temos conseguido trabalhar em harmonia. Claro que tem a oposição, mas, no geral, os vereadores têm sido parceiros e nossa convivência tem sido muito boa.
JR – A violência na cidade tem assustado os moradores. Existe causa que justifique o fato? Que providências estão sendo tomadas pelo Governo Municipal?
RC – Nosso governo tem trabalhado muito em parceria com as polícias Civil e Militar. Temos que diminuir esses números e, junto com a segurança pública, vamos intensificar o trabalho para que, em breve, possamos ter resultados positivos no que diz respeito à violência, uma questão delicada, mas, ao mesmo tempo, prioritária.
JR – O trânsito, na cidade, é outro desafio para a administração. Como o tema tem sido tratado, considerando que Nova Friburgo é uma cidade que serve de rota para o escoamento da produção regional?
RC – Realmente, esta é uma situação preocupante. De dez anos para cá, triplicamos o número de veículos nas ruas. Vamos apresentar projetos com novas alternativas para o trânsito do município. Faremos obras, mas essa não é uma questão fácil de ser resolvida. Esperamos conseguir algumas melhorias e já estamos trabalhando pra isso.
JR – A vice-prefeita de Nova Friburgo, delegada Grace Arruda, é secretária de Governo. Por que decidiu colocá-la em seu secretariado?
RC – Esse foi um compromisso de campanha para que, nos momentos em que eu precisar me afastar, ela possa me representar. E, de fato, tem sido de grande ajuda. A Grace é uma mulher muito determinada, uma vice que só tem somado pontos à nossa administração.
JR – Nova Friburgo, nos últimos anos, tem sofrido crises política e climática. Como está conseguindo administrar o município, criando novas esperanças para a população?
RC – No nosso governo, não existe política de um partido, mas de um município. Estamos trabalhando em cima dos projetos que são bons para a cidade, independente de qualquer coisa. Vamos dar continuidade a tudo que for em benefício da nossa população. E, em parceria com os governos estadual e federal, vamos trabalhar duramente com o objetivo de solucionar todas as questões ainda pendentes no nosso município.
JR – A questão da saúde, no país, é um problema sério. O que Nova Friburgo está tentando fazer para melhorar o atendimento no setor? Como está a questão do Hospital do Câncer e do Hospital de Olaria?
RC – A saúde é um problema nacional, mas estamos nos reunindo com todos os profissionais, de todos os setores, e tentando resolver da melhor forma possível essa questão. Na verdade, já foram contratados cerca de 40 profissionais para o CTU, mas quanto mais melhoramos o serviço, maior é a demanda. No final do ano passado, por exemplo, o Raul Sertã atendia, em média, 250 pacientes/dia. Hoje, já são em torno de 800 atendimentos, já que a procura não é só de Friburgo, mas de toda a região. Ou seja, temos dificuldade para contratar novos funcionários, e, enquanto isso, o número de pacientes só aumenta. É uma situação delicada, mas, também, o principal assunto em pauta do nosso governo.
Quanto ao Hospital de Olaria, já temos o projeto de um minihospital, que deverá funcionar 24 horas, onde, hoje, é o Sase. Agora, estamos estudando a melhor forma de colocar esse projeto em prática. Sobre o Hospital do Câncer, já tivemos um grande avanço: o Governo do Estado já mandou o projeto, que foi aprovado, e o recurso está disponível na Caixa Econômica. Agora, quem vai coordenar o projeto será o Estado. Já sabemos que o hospital funcionará no Cavs, localizado na Ponte da Saudade, e pretendemos inaugurá-lo ainda este ano.
JR – Como têm sido as parcerias com o Governo do Estado do Rio de Janeiro? Serão inauguradas as casas para as famílias atingidas pelas enchentes?
RC – A parceria com o Governo do Estado é muito boa. Tivemos algumas dificuldades nesse início de governo, por conta dos royalties do petróleo, o que atrasou alguns dos convênios, mas nossa relação é a melhor possível. Quanto às casas populares, no dia 10 de maio deverão ser entregues as primeiras unidades na Lagoa Seca – estrada Conselheiro Paulino-Riograndina; e, dia 16, no Parque das Flores. Além dessas, ainda temos as casas da Frienge, que, em breve, também serão entregues. Logo, a data será definida e, com isso, Nova Friburgo será o primeiro município atingido pela tragédia climática a fazer a entrega de casas.
JR – Depois da tragédia dos últimos anos, a economia de Nova Friburgo tem sofrido abalos? Como pretende incentivar o comércio e a indústria friburguenses?
RC – De fato, nosso município sofreu um grande abalo na economia. Para aumentar os salários, é preciso ter folga de orçamento. Eu preciso respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas um trabalho em conjunto com a Secretaria de Fazenda, Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano já está sendo feito, com o objetivo de abrir um setor de fiscalização para melhorar a arrecadação. E, além disso, criaremos um condomínio industrial na região do terceiro distrito, em Conquista, e transferiremos algumas empresas do município para lá, no intuito de gerar emprego, renda e desenvolvimento. O nosso desejo é atrair novas empresas para a cidade e, automaticamente, aumentar a receita. Com essas providências e com a população contribuindo e pagando seus impostos em dia, vamos fazer com que a economia cresça e a gente consiga reverter isso em serviços de melhor qualidade para a população.
JR – Uma mensagem ao povo friburguense no aniversário do município.
RC – Quero deixar, aqui, uma mensagem de fé, esperança e confiança para o friburguense. Estamos trabalhando pesado para que o povo volte a acreditar em Nova Friburgo. E, no aniversário da cidade, dia 16 de maio, esperamos que todos venham para a rua com uma camisa branca, mostrando que vivemos um clima de paz. Paz na administração, para que a gente possa dar uma resposta positiva à nossa população o quanto antes.