Jovem friburguense é campeão mundial no World Pro Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi
Sempre gostei de acompanhar, pelos meios de comunicação, as comemorações das datas nacionais. É um modo de prestar homenagem àqueles que colaboraram para o crescimento da nação brasileira, alguns até com o sacrifício da própria vida.
No mês de abril, sempre aguardo os dias 19 e 21, que assinalam a morte de Tiradentes e o nascimento de Getúlio Vargas. Ambos doaram a vida pelo Brasil, merecendo, portanto, nosso respeito e admiração. Neste ano parece que houve silêncio total em relação aos dois; procurei nos jornais e nada encontrei.
No período colonial, durante três séculos, fomos sugados pelo império português, que daqui tudo extraía em benefício da metrópole europeia (pau-brasil, açúcar, ouro, etc.). Não podíamos ter indústrias, nem imprensa, nem escolas superiores. Tudo era proibido! As manifestações contrárias às ordens do rei eram punidas severamente, com a morte dos líderes de cada movimento (Felipe dos Santos, os alfaiates da Bahia e outros).
A lei do quinto era um esbulho sobre os brasileiros, as casas do quinto transformavam o ouro em barras e a quinta parte era recolhida como imposto e enviada para Portugal, sendo um dos motivos de revolta dos brasileiros.
As famílias de recursos financeiros enviavam seus filhos para estudarem nas universidades europeias, onde tomavam conhecimento das ideias liberais, nascidas com a Revolução Francesa. Voltando ao Brasil, foram multiplicadores dessas teorias, principalmente em Minas Gerais, naquela época, maior produtor de ouro.
Os mineiros começaram a se organizar com o movimento denominado Inconfidência Mineira, movimento que contava com intelectuais, militares, membros do clero e gente do povo; infelizmente foram traídos, denunciados e presos.
Depois do julgamento, a maior parte foi desterrada para a África. Todavia, um deles, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, alferes do exército, foi condenado a forca na cidade do Rio de Janeiro em 21 de abril de 1792, sendo seu corpo esquartejado e espetadas as diversas partes em postes na estrada real que ligava Vila Rica ao Rio de Janeiro, e a cabeça na praça principal daquela vila mineira. Sua casa foi destruída e o solo salgado para que servisse de exemplo.
Na primeira noite em que estava na praça central de Vila Rica, a cabeça de Tiradentes desapareceu, não se conhecendo o seu destino até hoje. Por outro lado, relatam que um padre da cidade, contrariando ordens da corte, bateu os sinos da igreja na hora da execução de Tiradentes e celebrou missa por sua alma. Nenhuma força detém o ideal de liberdade de um povo!
Em 1992, quando estava como vereador em Cantagalo, fui a Minas Gerais, onde havia um movimento para homenagear Tiradentes, em todos os municípios brasileiros, pela passagem do segundo século de sua execução. Retornando a Cantagalo, na primeira sessão legislativa, apresentei um projeto de lei denominando a principal sala da câmara como Sala de Sessões Patrono Cívico Tiradentes, sendo obrigatório seu retrato no local. O projeto de lei foi aprovado por unanimidade dos vereadores da nossa câmara.
21 de abril, feriado nacional, deveria ser comemorado com homenagens a Tiradentes em todos os municípios, afinal foi uma prova de amor dar a vida pela liberdade de nosso povo. Parece que cada ano está mais esquecido.
A outra grande data de abril é o dia 19; no ano de 1882, chegava ao mundo, em São Borja, no Rio Grande do Sul, um dos maiores políticos brasileiros, Getúlio Vargas. Advogado, militar e político, em 1930, liderou a revolução que acabou com a república velha, também conhecida como república café com leite, pois um paulista e um mineiro sempre se alternavam na presidência da república.
Vitorioso pelas armas, Vargas permaneceu no poder durante 15 anos. Inicialmente, de 1930 a 34, no chamado Governo Provisório; de 1934 a 37, como Governo Constitucional e, finalmente, de 1937 a 45, no chamado Estado Novo, com plenos poderes, governando por decretos.
Vargas possuía aspectos positivos e negativos como todo ser humano, todavia creio que os primeiros superaram os segundos. No seu longo governo de uma década e meia, Vargas criou as Leis Trabalhistas, garantido ao trabalhador brasileiro direitos que até então não existiam. Criou a Justiça Eleitoral, o voto secreto, o salário mínimo e o voto feminino, em 24 de fevereiro de 1932. Até essa data, só os homens podiam votar.
Vargas visou modernizar o Brasil com a criação de indústrias pesadas; na república velha, nosso país era essencialmente agrícola, vivendo da exportação do café e de outros produtos agrícolas.
Entre as grandes criações de Getúlio Vargas estão a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Vale do Rio Doce, Hidrelétrica do Vale do São Francisco, a Companhia Nacional de Álcalis. O DASP, o Instituto Nacional do Açúcar e do Álcool, o Departamento dos Correios e Telégrafo, o IBGE e outras instituições brasileiras, também, foram criações de Vargas, que procurava modernizar o Brasil.
Vargas ficou marcado, também, por alguns aspectos negativos. Foi um governo ditatorial, não aceitava contestações, havia censura aos meios de comunicações e às artes, ocorreram prisões e deportações de brasileiros, principalmente durante o Estado Novo.
Com o final da 2ª Guerra Mundial, que marcou a queda dos governos ditatoriais da Europa, surgiram as pressões sobre Getúlio Vargas, principalmente por parte dos militares que lutaram na Itália. Em 29 de outubro de 1945, Vargas renunciou e se recolheu na sua propriedade rural em São Borja (RGS).
Quatro anos depois, nova eleição presidencial, Vargas, com 69 anos de idade, se candidata pelo P.T.B., sendo eleito tranquilamente. Apesar de idoso, Vargas mantinha o seu espírito nacionalista e progressista, criando duas empresas estatais de grande porte: a Eletrobrás e a Petrobrás.
Como sempre, a ambição pelo petróleo brasileiro por outros países gerou pesada oposição no Brasil, liderada por alguns políticos da U.D.N., com apoio militar de membros da aeronáutica, principalmente, depois da morte do Major Rubens Vaz, na rua Toneleros, em Copacabana; homicídio atribuído à guarda pessoal de Getúlio Vargas.
As pressões contra Vargas eram cada dia maiores. Na noite de 23 de agosto de 1954, o Presidente permaneceu em reunião com seu ministério até a madrugada do dia 24. Afirmava que não renunciaria pela segunda vez; que do governo concedido pelo voto popular só sairia morto.
Pela madrugada, alegando estar cansado, disse aos membros da reunião que iria deitar um pouco. Logo a seguir, ecoou o ruído de um tiro. Correram ao quarto e encontraram o Presidente morto com um tiro no pré-córdio. Foi uma grande tragédia que gerou comoção nacional!
Vargas deixou uma belíssima carta que deveria existir nas escolas e ser lida, periodicamente, por cada brasileiro. Vargas implantou, com a criação da Eletrobrás e da Petrobrás, os pilares do progresso que permitiram JK realizar um governo de 50 anos em 5 anos, conforme lema por ele criado.