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Estamos em 1989. Mais precisamente no dia 11 de agosto de 1989. O local é a Casa de Euclides da Cunha, de saudosa memória. Estão reunidos, em assembleia, Edmo Rodrigues Lutterbach, Eny Chevrand Baptista, Fany Pinheiro Teixeira Abrahim, Geraldo Pires Guimarães, Luiz Carlos do Couto, Maria Déa Gerk Vianna Gomes, Waldemar Benício e Maria Lúcia Farah Noronha. Os anais da ACL me foram cedidos pela cantagalense Eny Baptista, repositório de acervos incontáveis sobre a memória de Cantagalo, à disposição dos pesquisadores. O objetivo é a fundação da Academia Cantagalense de Letras (ACL). A iniciativa é do escritor cantagalense Edmo Rodrigues Lutterbach, presidente da Academia Fluminense de Letras, em Niterói, onde atuava profissionalmente e que nos deixou recentemente.
É distribuído o Estatuto que, após discussão, é aprovado por unanimidade. Em seguida, passa-se à formação de uma chapa que, depois de constituída, é aprovada por aclamação. A primeira Diretoria da ACL tem a seguinte composição: Presidente – Edmo Rodrigues Lutterbach; Vice-presidente – Maria Lúcia Farah Noronha; Secretária – Maria Déa Gerk Vianna Gomes; Tesoureira – Fany Pinheiro Teixeira Abrahim; Bibliotecária – Eny Chevrand Baptista. Ao mesmo tempo, foi consagrada como Patrona da ACL a escritora e poeta Amélia Thomaz, à época com 92 anos de idade. A posse da Diretoria ocorreu no dia 7 de outubro de 1989, às 20h, no salão do FAC. O mandato da primeira Diretoria terminou em 11 de agosto de 1991. Todavia, não tenho registro das demais diretorias.
Foi um momento festivo. Cantagalo estava passando para uma fase digna de registro, o reconhecimento de seus intelectuais de sucesso e uma academia para diálogos sobre literatura, ciências sociais e políticas e artes.
O periódico niteroiense Letras Fluminenses, de fevereiro de 1990, noticia o fato na primeira página, com destaque e fotos do evento.
A ACL conta com cinquenta cadeiras com os seguintes patronos, todos nascidos em Cantagalo:
1– Abel Sauerbonn; 2 – Acúrcio Francisco Torres; 3 – Alcides Carlos Ventura; 4 – Alcides Lopes Martins; 5 – Américo José Castro; 6 – Amphiloquio Reis; 7 – Anibal Teixeira de Carvalho; 8 – Antônio Rocha e Silva Júnior; 9 – Arthur Nunes da Silva; 10 – Augusto Brandão Filho; 11 – Augusto de Souza Brandão; 12 – Bernardino de Almeida Sena Campos; 13 – Bernardo Clemente Pinto Sobrinho; 14 – Carlos Faria Souto; 15 – Eduardo Chapot Prevost; 16 – Eduardo Teixeira Carvalho Durão; 17 – Euclides da Cunha; 18 – Frederico Carlos Eyer; 19 – Gustavo Peckolt; 20 – Henrique Blatter; 21 – Honório de Souza Pacheco; 22 – João Batista Laper; 23 – Joaquim Naegele; 24 – Joaquim de Souza Carvalho Júnior; 25 – José Bento Vieira Barcelos; 26 – José Carlos Rodrigues; 27 – José Cortês Júnior; 28 – José Maria de Noronha Feital; 29 – José Naegele; 30 – Júlio Constant Pourchet; 31 – Júlio Santos Filho; 32 – Júlio Veríssimo da Silva Santos; 33 – Juvenal Ferreira Goulart; 34 – Laurindo Lengrúber Filho; 35 – Lealdino Soares Alcântara; 36 – Leopoldo Ferreira Goulart; 37 – Líame Teixeira Carvalho; 38 – Luiz Agapito da Veiga; 39 – Luiz Antônio da Silva Santos; 40 – Manuel Lutterbach Nunes; 41 – Manoel Vieira Batista; 42 – Maria Estephania Mello de Carvalho; 43 – Mário de Freitas Oberlander; 44 – Moacyr Braga Land; 45 – Modesto Martins de Melo; 46 – Rodolpho Albino Dias da Silva; 47 – Rogério da Silva Lacaz; 48 – Rômulo Câmara Barreto; 49 – Sadi da Costa Vieira; 50 – Sylvia du Verney Sauerbronn.
Os primeiros acadêmicos, pela ordem alfabética, foram Carmem Marques, Dilma Paula Castro, Eny Chevrand Baptista, Fany Teixeira Abrahim, Gilberto Cunha, Maria Déa Gerk Vianna Gomes e Maria Lúcia Farah Noronha. Não tenho registro de outros acadêmicos.
A ACL é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, destinada a promover e incentivar a cultura e defender as tradições literárias do município de Cantagalo.
A ACL funcionou regularmente por pouco tempo, em virtude de mudanças de acadêmicos para outros municípios ou por morte. Não houve novos membros em substituição aos que não puderam continuar.
Edmo Lutterbach, falecido há pouco, foi sempre um destaque entre os intelectuais cantagalenses. Dedicou grande parte de seu tempo a escrever e publicar livros e artigos sobre Cantagalo, suas instituições e personalidades. Era presidente da Academia Fluminense de Letras, quando teve a iniciativa de criar a ACL. Para tanto, obteve o apoio de escritores e poetas de nossa terra, que aqui residiam. É autor, entre muitos outros, do importante livro sobre o bicentenário (1786/1986) do catolicismo em Cantagalo.
Esses e outros versos da poeta Eny Chevrand Baptista a credenciaram para integrar a ACL:
Palmeiras do meu jardim,
Sentinelas gentis da natureza,
Na dança misteriosa do vento
Elevam sonhos sem fim.
A pesquisa sobre a Academia Cantagalense de Letras continua. Quem tiver alguma informação, documento artigos e livros ou postagens sobre a ACL, por favor, encaminhe para a sede do Instituto Mão de Luva, na Rua César Freijanes, 36, térreo, ao lado do Fórum. Pode, também, entrar em contato conosco pelos telefones/WhatsApp: (22) 98183-3095 (Celso) e (22) 98104-2095 (Sérgio).
Até a próxima semana!
Celso Frauches é escritor, jornalista, já foi secretário Municipal em Cantagalo e é presidente do Instituto Mão de Luva.