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Em 1915, Cantagalo foi uma das primeiras cidades do estado do Rio de Janeiro a receber os benefícios da energia elétrica, através da Companhia Ibero-Americana, iniciativa de um espanhol de nome Antônio Castro.
Este cidadão era proprietário de um verdadeiro império econômico; além da Ibero Americana, era proprietário da Fazenda da Aldeia (600 alqueires), congelação de leite, que era exportado para o Rio de Janeiro e outras cidades, via E.F. Leopoldina; Fábrica de Tecidos Nossa Senhora da Piedade (fabricava sacos de algodão); Sociedade Anônima Empresa Antônio Castro (comprava toda produção da fábrica) e Banco de Cordeiro (estes três últimos em Cordeiro); além de escritórios, imóveis e uma bela residência, em sobrado, na rua Pe. Antônio Vieira, em Copacabana.
A primeira usina hidroelétrica foi construída, em Cantagalo, na localidade denominada Chave do Vaz, em virtude de uma parada que a Leopoldina Raillwai ali mantinha, na margem direita do Rio Negro. Como a usina a ser construída ficasse na margem esquerda, o governo estadual construiu uma ponte de concreto sobre o referido rio.
O material e máquinas para a usina eram conduzidos pela Leopoldina e desembarcados em um desvio existente na Chave do Vaz. Depois, levados em carretas puxadas por bois até o local da construção, distante 10 km da sede do nosso município. Nessa usina, durante muitos anos, existiram duas máquinas geradoras de energia.
A Ibero Americana fornecia energia elétrica de Cantagalo até São Fidélis e mantinha um escritório central em nossa cidade e representações em alguns municípios. Durante muitos anos, foi gerenciada pelo Sr. Manoel Martines Corbal, casado com a Sra. Elvira Castro Corbal, sobrinha do Sr. Antônio Castro.
A empresa tinha poucos veículos e vários funcionários. Lembro-me de alguns: Delvino Moura, Carlos Assis, José Monteiro, Aristides Teixeira, membros das famílias Guimarães e Ribeiro; além de outros que não me lembro depois de tantos anos.
O importante é que, embora a potência da usina não fosse enorme, a energia estava sempre presente e as cidades iluminadas. Quando ocorria alguma falha, o Sr. Corbal partia com sua equipe de trabalho em seu carro e o problema era solucionado de modo rápido.
Mais tarde, a Ibero Americana construiu uma segunda usina, abaixo de Euclidelândia, também no Rio Negro, aumentando a sua potência e se modernizando. Desse modo, Cantagalo, como primeiro núcleo habitacional da região, não só irradiou a civilização para grande parte do território fluminense, como irradiou luz e energia para mesma região, a partir de 1915.
Na década de 1960, quando o governador Roberto Silveira criou a estatal CERJ, a Ibero Americana foi incorporada, melhorando a situação com a interligação das hidroelétricas fluminenses.
Com o correr do tempo, entramos na época das privatizações, algumas até bem duvidosas quanto aos benefícios para a população. Tivemos a Chilectra, a Ampla e, agora, Enel.
A atual empresa, não sei se brasileira ou estrangeira, criou várias modificações no interior: vendeu seus imóveis em Cantagalo, entregando sua representação a um escritório na Rua Barão de Cantagalo. Este realizou o serviço por cerca de uns 40 dias. Agora, a representação é feita por outro escritório, na rua Getúlio Vargas, onde sou bem atendido. Nenhuma queixa.
O problema ocorre quando falta energia. Há cerca de cinco meses, faltou energia elétrica em minha propriedade rural; liguei para 0800 280 0120, cerca das 13h. A atendente, com sotaque nordestino, me atendeu bem e disse que a solução seria dentro de 4 horas. Deixei o telefone de contato.
No dia seguinte, as 10h, atendo o telefone e um cidadão se identifica como o funcionário da Enel que viera de Macaé para prestar o socorro por mim solicitado na véspera. Disse-me não conhecer a região e queria saber como chegar ao local. Depois de lhe explicar minuciosamente, chegou ao local e resolveu o problema, 21 horas depois do solicitado.
Em outro dia, caminhava pela rua Euclides da Cunha, e um carro da Enel estava parado com dois funcionários. Um deles me pede uma informação sobre um local, dou a informação e ele me diz que haviam vindo de Niterói para fazer um atendimento, mas não conheciam a região.
Em novembro, outra vez fico sem energia na zona rural, solicito socorro às 16h. Prazo de cerca de 4 horas. O socorro chega no dia seguinte, às 9h40. Depois de 17 horas e 40 minutos da solicitação.
No dia 3 de fevereiro, sexta-feira, por volta das 16h30, um curto-circuito causa um incêndio em um poste na rua Leontino Felipe Richa, no centro da cidade. Passa então um carro da Enel, um cidadão faz sinal para parar e ele informa que não era serviço deles. Quarenta minutos depois, chega o Corpo de Bombeiros e resolve o problema do fogo. Nessa altura um grosso cabo já havia caído sobre a calçada do Banco do Brasil e muitos fios queimados.
Parabéns para nossa Polícia Militar, pois um carro ocupado por dois sargentos, ao constatarem o fogo, estacionou junto ao Turismo Hotel e isolaram a região, até a chegada dos bombeiros.
Finalmente, no último domingo, dia 5, os fortes ventos danificaram o sistema elétrico, permanecendo vários pontos sem iluminação a partir das 17h. No dia seguinte, pela manhã, liguei para comunicar que a rua Rodolfo Albino estava sem luz do início ao número 128. Ao clicar o nº 2, falta de luz, uma gravação informou: “comunicamos que a Enel está tomando as providências para corrigir o problema”. E ponto final!
Às 18h, continuando a mesma situação, voltei a ligar o 0800. Dessa vez foi mais interessante, entrou uma gravação direta: “Comunicamos que em virtude das fortes chuvas várias localidades estão sem energia elétrica. A Enel está tomando todas as providências para resolver o problema”. Desligou e mais nada. Total desrespeito com os usuários! São donos do mundo!
A luz foi restabelecida na rua Rodolfo Albino às 21h. Permanecemos 28 horas e 30 minutos sem energia elétrica, em tempo de paz, sem nenhuma guerra. Será que está certo?
Até quando estas coisas continuarão acontecendo? Estou com saudade da Ibero Americana da minha juventude!